quarta-feira, abril 30, 2008

QUO VADIS MOÇAMBIQUE ?A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES, INCLUINDO DA INVEJA!

Parte 1

Jornal Autarca e ZOL
Dialogando (1/2)
João Craveirinha

QUO VADIS MOÇAMBIQUE?
A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES, INCLUINDO DA INVEJA!

"A memória do passado é o que sobrevive quando esquecemos o que aprendemos no presente. O futuro será sempre uma incógnita por mais que o planifiquemos". João Craveirinha

A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES fruto de todas as incapacidades de raciocínio pois atrofia a capacidade individual de pensar e de activar as partes cognitivas do cérebro - quer as do lóbulo do hemisfério esquerdo (emoção) quer do direito (razão) – inércia, impedindo assim, qualquer forma de desenvolvimento intelectual por mais que se frequentem universidades com bolsas de estudo de critérios paternalistas pós-coloniais em que se poderá obter uma licenciatura por opções directivas de uma política euro-centrista. Género do que se criticava da antiga Universidade soviética Patrice Lumumba. Os da terra chumbam os do chamado terceiro mundo se regressarem ao país de origem, passam sempre, mesmo sem créditos de mérito confirmados. Isso numa forma de não exigir a necessária qualidade qualificativa do discente. Esse quadro visaria manter os africanos num desnível cultural – profissional para uma dependência da importação dos ditos cooperantes vindos do ultramar euro-americano.

Em (Neuro) Linguística e em Cultural Studies e Sociologia cultural, et cetera, aprende-se e se apreende que a LÍNGUA é o factor de comunicação e de linguagem número um e exclusiva da raça humana que nos possibilita desenvolver uma aprendizagem evolutiva mais rápida e aperfeiçoada que qualquer outro animal. Ora a base de toda a inteligência é a memória recorrente do que já passou, se arquivou. A Língua provém de um G.U., – gramática universal hereditária, desde a pré-história, que nos permite acessar ao conhecimento através dessa memória. (Para mais, ver B. Skinner, Noam Chomsky, MIT, 1958 e Saussure 1916, et cetera).

O factor número um que a Europa manteve a ignorância do africano é ter apagado essa MEMÓRIA colectiva – isto é o seu passado – a sua HISTÓRIA pré-colonial antes das invasões árabes - muçulmanas e a dos europeus cristãos. A União Africana está preocupada com a ignorância dos jovens africanos perante a sua história pois isso os mantém num permanente AFRO-PESSIMISMO. A África do Sul e a Nigéria estão na linha da frente de campanhas de reverter esse fenómeno agravado pela globalização. Essas campanhas visam minimizar os aspectos que desvirtuam o carácter de uma política para um Desenvolvimento auto-sustentado, tornando-se necessário consciencializar politicamente o africano, sobretudo os jovens quadros, a se orgulharem do seu passado. Mas para isso é necessário saberem de onde vieram para poderem saber para onde vão. Sem passado não há presente e muito menos futuro.

A União Europeia tem uma componente ideológica de coesão assente na cultura de um cristianismo (herança medieval) e de uma História da antiguidade clássica grega e romana firmada séculos antes de Cristo, reassumida numa era chamada de Renascentista entre os séculos XIV a XVI projectada num Iluminismo da consolidação da escravatura e do capitalismo mercantilista ao colonialismo puro e duro até quase ao final do século XX. No século XVII (1600) a partir do pensamento religioso de um calvinismo do lucro, a América tornar-se-ia realidade à custa do genocídio dos nativos americanos e com a mão-de-obra forçada do negro africano arrancado brutalmente de África pelos europeus, com maior quota do tráfico protagonizada por portugueses e espanhóis. (Toda a Europa, sem excepção, participou nesse processo histórico).

As dissimetrias étnicas dos E.U.A e conflitos sociais actuais, são consequência desse passado trágico, euro-africano. Observe-se com o máximo de isenção e sabedoria o que se passa nas eleições primárias norte-americanas entre Hillary Clinton versus Barack Obama (Demos) e John McCain (Rep.). Todos os fantasmas do passado estão em destaque nos debates implícitos e des-plícitos de ismos mal assumidos, sobretudo pela dinastia Clinton e McCain, encurralando Obama que tenta evitar cair nesse campo minado.

Parte 2

Jornal Autarca e ZOL
Dialogando (2/2)
João Craveirinha

QUO VADIS MOÇAMBIQUE?
SOMOS SEMPRE REFLEXOS
DO NOSSO PASSADO,
PORQUE NUNCA NASCEMOS HOJE!

"A memória do passado é o que sobrevive quando esquecemos o que aprendemos no presente. O futuro será sempre uma incógnita por mais que o planifiquemos". João Craveirinha

O QUE SOMOS HOJE É REFLEXO DO QUE FOMOS EDUCADOS ONTEM E O QUE PROJECTARMOS PARA AMANHÃ. E tudo tem a ver como lidamos com a memória colectiva; leia-se História. Mas aí está o problema se não sabemos a nossa história como o poderemos fazer? Se negamos quem somos como seguir em frente? Não haverá ideias para além da cegueira do dinheiro pelo dinheiro. Ora isso é tudo menos projectar ideias para um desenvolvimento social e económico saudável.

Muitos projectos de desenvolvimento para África (neste caso Moçambique) têm enfermado de um pressuposto de não beneficiar devidamente as suas populações, mas de desenvolver elites egoístas e corruptas, boçais (ainda que vestindo roupas de marca e automóveis de luxo), sendo absorvedoras do que há de mais ultrapassado nos aspectos culturais do marketing do consumismo e ostentação do luxo na miséria e na maneira de pensar a vida – a way of life – frase do antropólogo social neozelandês, Raymond Firth (1901-2002). Retomada pela "Escola de Frankfurt" – 1923/1950, numa definição do que é Cultura dentro de um ponto de vista de "teoria crítica da sociedade". (Ver T. Adorno, W. Benjamim e M. Horkheimer)

É um pouco como antes escrevera o grande poeta português, Guerra Junqueiro, há cerca de 112 anos (1896). Mas neste caso, leiam como se fosse hoje, e, em Moçambique o fomento de: "(...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros (fingidos) e sevandijas (parasitas – xiconhocas), capazes de toda a veniaga (vigarices) e toda a infâmia (boatos), da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política (moçambicana) sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis… (na cadeia da Machava, pois)… "Se o Nazareno, entre ladrões, fosse hoje crucificado em… (Moçambique), ao terceiro dia, em vez do Justo, ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? Que digo eu! Em 24 horas andavam na rua, sãos como peros, (…)."
(com a devia vénia pela paráfrase a Guerra Junqueiro)

O cientista francês, Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) afirmou: "Na natureza nada se cria tudo se transforma". Como na vida e na história dos Países. Todas as épocas são transformações de épocas passadas. É preciso estar atento e ver com olhos de pensar e deixar de ser invejoso quando outro africano tem alguma preocupação na área de desenvolver com educação um debate: (ou alguém invejoso que faz como o camaleão e se infiltra para fazer confusão assumindo uma identidade de negro baNto sem o ser). Bem, na questão do complexo colonial do negro, eis o que escreveu em 1935, Nnamdi Azikiwe, 1904 / 1996 (filósofo nigeriano e 1º Presidente da Nigéria): -
"The black man enemy is the black man. The black woman is the black woman enemy". (…"ele que se encontra no último degrau da escada social se indigna quando outro africano (negro) quer sair da pobreza e se esforça nos estudos e na vontade de se superar…aí outro negro seu vizinho, que sofre de afro-pessimismo, desmoraliza-o, faz de tudo, para o impedir de subir na vida"…é mais ou menos este o sentido retirado do livro Renascent Africa, by Nnamdi Azikiwe). Em muitos locais isto é evidente. Até aqui entre os leitores. Só o conhecimento da nossa memória colectiva nos poderá fazer sair deste círculo vicioso. É essa uma das razões do maior atraso dos africanos que foram colonizados pelos portugueses numa afro-Lusofonia entorpecente. Esse afro-pessimismo complexado, do próprio negro, numa falta de auto-estima lúcida e consciente com bases, impede-o de enfrentar qualquer discurso desmoralizador racista do branco, acabando de concordar com o que o deita abaixo a si e a todos seus iguais. É o tal dito molequismo. Daí a inveja a seu próprio patrício negro ou negra, é a mesma passada. Atenção não da dança. Eeheheh (risos). Melhor mesmo rir para não chorar neste século XXI, do avanço tecnológico mas de retrocesso das ideias numa globalização com declínio de soberanias nacionais, que poderíamos resumir em três aspectos fundamentais, de uma Aldeia Global preconizada pelo canadense Marshall McLuhan: 1. Económico (global business). 2. Transportes e comunicações, 3. Cultural: base de todas as ideologias dominantes assentes na manipulação da História.

Economia mundial (Weltwirtschaft), economia global sobrepondo-se a uma Economia política massificada a nível nacional – popular, no sentido administrativo de gestão (Volkswirtschaft).
Comunicação (Transportes e "auto-estradas da informação" – satélites; encurtando distâncias).
Indústrias da Cultura (propagação de novas ideologias do "main stream" assentes em máquinas de consumismo desenfreado e vertiginoso do promoção do marketing numa atitude crítica passiva do consumidor apoiada na Rádio, Cinema, Televisão e a Internet (I-pod) criando ainda comunidades das novas tecnologias).
A única forma de superarmos o subdesenvolvimento material e do espírito é desenvolver a capacidade do acto de PENSAR o País, com bases científicas e fundamentadas. O resto não importa. Enquanto a caravana passa os cães ladram e as quizumbas dão gargalhadas de estupidez. JC

Anexo – Conceitos científicos
n Global village- Glossary - practices of looking, página 356
n Globalization - idem página 356

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4 comentários:

Anónimo disse...

Olá encontrei este blog por acaso, eu recebi uma proposta para ir trabalhar para Maputo, se fosse sozinhanão tinha duvidas em ir, mas averdade é que tenho filhos, não gostaria de ficar separada deles, será que me podes dizer se é fácil viver em maputo com 4 filhos com idades de 15, 12, 9, e 8meses, é facil arranjar alugar um casa, como é em termos de segurança...bom se me puderes dar algumas dicas agradecia, para já digo-te aceitei avançar no recrutamento... OBG AC

Anónimo disse...

CORRIGENDA do autor do texto:
Parte 2

Jornal Autarca e ZOL
Dialogando (2/2)
João Craveirinha

QUO VADIS MOÇAMBIQUE?
SOMOS SEMPRE REFLEXOS DO NOSSO PASSADO,
PORQUE NUNCA NASCEMOS HOJE, AGORA!

“A memória do passado é o que sobrevive quando esquecemos o que aprendemos no presente. O futuro será sempre uma incógnita por mais que o planifiquemos”. João Craveirinha

O QUE SOMOS HOJE É REFLEXO DO QUE FOMOS EDUCADOS ONTEM E O QUE PROJECTARMOS PARA AMANHÃ. E tudo tem a ver como lidamos com a memória colectiva; leia-se História. Mas aí está o problema se não sabemos a nossa história como o poderemos fazer? Se auto-negamos quem somos como seguir em frente? Não haverá ideias para além da cegueira do dinheiro pelo dinheiro. Ora isso é tudo menos projectar ideias para um desenvolvimento social e económico saudável.

...(...)...

Melhor mesmo rir para não chorar neste século XXI, do avanço tecnológico mas de retrocesso das ideias numa globalização com declínio de soberanias nacionais, que poderíamos resumir em três aspectos fundamentais, de uma Aldeia Global preconizada pelo canadense Marshall McLuhan:

1.Economia mundial (Weltwirtschaft), economia global sobrepondo-se a uma Economia política massificada a nível nacional – popular, no sentido administrativo de gestão (Volkswirtschaft).

2.Tecnologia (Comunicação e Transportes e “auto-estradas da informação” – satélites; encurtando distâncias).

3.Cultura (Indústrias de propagação de novas ideologias do “main stream” assentes em máquinas de consumismo desenfreado e vertiginoso da promoção de marketing perante uma atitude crítica passiva do consumidor apoiadas na Imprensa, Rádio, Cinema, Televisão e a Internet (I-pod) criando ainda comunidades das novas tecnologias - blogs, websites, et cetera).

A única forma de superarmos o subdesenvolvimento material e do espírito é desenvolver a capacidade do acto de PENSAR o País, com bases científicas e fundamentadas. O resto não importa.

Enquanto a caravana passa os cães ladram e as quizumbas dão gargalhadas de estupidez. JC

Anexo – Conceitos científicos

 Global village- Glossary – Marita Sturken (2001) practices of looking, página 356

 Globalization - idem página 356

Anónimo disse...

A caminho de Maputo disse...

Melhor mesmo n�o arriscar. S�o muitas crian�as juntas (pr�-adolescentes, idade cr�tica) e b�b� de 8 meses ainda complica demais. Muita responsabilidade melhor jogar pelo seguro e ficar na terra onde est� que se presume ser Portugal. Se s�zinha ou acompanhada n�o � facil viver em Portugal quanto mais em Mo�ambique com 4 filhos. Nem � preciso duvidar ou perguntar para depois n�o se arrepender. Nem tudo que brilha � ouro!

Solidariamente

Anónimo disse...

Anonimo, obrigada pelo conselho, confesso no entanto que tenho muita pena pois é um sonho antigo viver em africa...