quarta-feira, abril 30, 2008

QUO VADIS MOÇAMBIQUE ?A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES, INCLUINDO DA INVEJA!

Parte 1

Jornal Autarca e ZOL
Dialogando (1/2)
João Craveirinha

QUO VADIS MOÇAMBIQUE?
A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES, INCLUINDO DA INVEJA!

"A memória do passado é o que sobrevive quando esquecemos o que aprendemos no presente. O futuro será sempre uma incógnita por mais que o planifiquemos". João Craveirinha

A IGNORÂNCIA É A CAUSA DE TODOS OS MALES fruto de todas as incapacidades de raciocínio pois atrofia a capacidade individual de pensar e de activar as partes cognitivas do cérebro - quer as do lóbulo do hemisfério esquerdo (emoção) quer do direito (razão) – inércia, impedindo assim, qualquer forma de desenvolvimento intelectual por mais que se frequentem universidades com bolsas de estudo de critérios paternalistas pós-coloniais em que se poderá obter uma licenciatura por opções directivas de uma política euro-centrista. Género do que se criticava da antiga Universidade soviética Patrice Lumumba. Os da terra chumbam os do chamado terceiro mundo se regressarem ao país de origem, passam sempre, mesmo sem créditos de mérito confirmados. Isso numa forma de não exigir a necessária qualidade qualificativa do discente. Esse quadro visaria manter os africanos num desnível cultural – profissional para uma dependência da importação dos ditos cooperantes vindos do ultramar euro-americano.

Em (Neuro) Linguística e em Cultural Studies e Sociologia cultural, et cetera, aprende-se e se apreende que a LÍNGUA é o factor de comunicação e de linguagem número um e exclusiva da raça humana que nos possibilita desenvolver uma aprendizagem evolutiva mais rápida e aperfeiçoada que qualquer outro animal. Ora a base de toda a inteligência é a memória recorrente do que já passou, se arquivou. A Língua provém de um G.U., – gramática universal hereditária, desde a pré-história, que nos permite acessar ao conhecimento através dessa memória. (Para mais, ver B. Skinner, Noam Chomsky, MIT, 1958 e Saussure 1916, et cetera).

O factor número um que a Europa manteve a ignorância do africano é ter apagado essa MEMÓRIA colectiva – isto é o seu passado – a sua HISTÓRIA pré-colonial antes das invasões árabes - muçulmanas e a dos europeus cristãos. A União Africana está preocupada com a ignorância dos jovens africanos perante a sua história pois isso os mantém num permanente AFRO-PESSIMISMO. A África do Sul e a Nigéria estão na linha da frente de campanhas de reverter esse fenómeno agravado pela globalização. Essas campanhas visam minimizar os aspectos que desvirtuam o carácter de uma política para um Desenvolvimento auto-sustentado, tornando-se necessário consciencializar politicamente o africano, sobretudo os jovens quadros, a se orgulharem do seu passado. Mas para isso é necessário saberem de onde vieram para poderem saber para onde vão. Sem passado não há presente e muito menos futuro.

A União Europeia tem uma componente ideológica de coesão assente na cultura de um cristianismo (herança medieval) e de uma História da antiguidade clássica grega e romana firmada séculos antes de Cristo, reassumida numa era chamada de Renascentista entre os séculos XIV a XVI projectada num Iluminismo da consolidação da escravatura e do capitalismo mercantilista ao colonialismo puro e duro até quase ao final do século XX. No século XVII (1600) a partir do pensamento religioso de um calvinismo do lucro, a América tornar-se-ia realidade à custa do genocídio dos nativos americanos e com a mão-de-obra forçada do negro africano arrancado brutalmente de África pelos europeus, com maior quota do tráfico protagonizada por portugueses e espanhóis. (Toda a Europa, sem excepção, participou nesse processo histórico).

As dissimetrias étnicas dos E.U.A e conflitos sociais actuais, são consequência desse passado trágico, euro-africano. Observe-se com o máximo de isenção e sabedoria o que se passa nas eleições primárias norte-americanas entre Hillary Clinton versus Barack Obama (Demos) e John McCain (Rep.). Todos os fantasmas do passado estão em destaque nos debates implícitos e des-plícitos de ismos mal assumidos, sobretudo pela dinastia Clinton e McCain, encurralando Obama que tenta evitar cair nesse campo minado.

Parte 2

Jornal Autarca e ZOL
Dialogando (2/2)
João Craveirinha

QUO VADIS MOÇAMBIQUE?
SOMOS SEMPRE REFLEXOS
DO NOSSO PASSADO,
PORQUE NUNCA NASCEMOS HOJE!

"A memória do passado é o que sobrevive quando esquecemos o que aprendemos no presente. O futuro será sempre uma incógnita por mais que o planifiquemos". João Craveirinha

O QUE SOMOS HOJE É REFLEXO DO QUE FOMOS EDUCADOS ONTEM E O QUE PROJECTARMOS PARA AMANHÃ. E tudo tem a ver como lidamos com a memória colectiva; leia-se História. Mas aí está o problema se não sabemos a nossa história como o poderemos fazer? Se negamos quem somos como seguir em frente? Não haverá ideias para além da cegueira do dinheiro pelo dinheiro. Ora isso é tudo menos projectar ideias para um desenvolvimento social e económico saudável.

Muitos projectos de desenvolvimento para África (neste caso Moçambique) têm enfermado de um pressuposto de não beneficiar devidamente as suas populações, mas de desenvolver elites egoístas e corruptas, boçais (ainda que vestindo roupas de marca e automóveis de luxo), sendo absorvedoras do que há de mais ultrapassado nos aspectos culturais do marketing do consumismo e ostentação do luxo na miséria e na maneira de pensar a vida – a way of life – frase do antropólogo social neozelandês, Raymond Firth (1901-2002). Retomada pela "Escola de Frankfurt" – 1923/1950, numa definição do que é Cultura dentro de um ponto de vista de "teoria crítica da sociedade". (Ver T. Adorno, W. Benjamim e M. Horkheimer)

É um pouco como antes escrevera o grande poeta português, Guerra Junqueiro, há cerca de 112 anos (1896). Mas neste caso, leiam como se fosse hoje, e, em Moçambique o fomento de: "(...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros (fingidos) e sevandijas (parasitas – xiconhocas), capazes de toda a veniaga (vigarices) e toda a infâmia (boatos), da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política (moçambicana) sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis… (na cadeia da Machava, pois)… "Se o Nazareno, entre ladrões, fosse hoje crucificado em… (Moçambique), ao terceiro dia, em vez do Justo, ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? Que digo eu! Em 24 horas andavam na rua, sãos como peros, (…)."
(com a devia vénia pela paráfrase a Guerra Junqueiro)

O cientista francês, Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) afirmou: "Na natureza nada se cria tudo se transforma". Como na vida e na história dos Países. Todas as épocas são transformações de épocas passadas. É preciso estar atento e ver com olhos de pensar e deixar de ser invejoso quando outro africano tem alguma preocupação na área de desenvolver com educação um debate: (ou alguém invejoso que faz como o camaleão e se infiltra para fazer confusão assumindo uma identidade de negro baNto sem o ser). Bem, na questão do complexo colonial do negro, eis o que escreveu em 1935, Nnamdi Azikiwe, 1904 / 1996 (filósofo nigeriano e 1º Presidente da Nigéria): -
"The black man enemy is the black man. The black woman is the black woman enemy". (…"ele que se encontra no último degrau da escada social se indigna quando outro africano (negro) quer sair da pobreza e se esforça nos estudos e na vontade de se superar…aí outro negro seu vizinho, que sofre de afro-pessimismo, desmoraliza-o, faz de tudo, para o impedir de subir na vida"…é mais ou menos este o sentido retirado do livro Renascent Africa, by Nnamdi Azikiwe). Em muitos locais isto é evidente. Até aqui entre os leitores. Só o conhecimento da nossa memória colectiva nos poderá fazer sair deste círculo vicioso. É essa uma das razões do maior atraso dos africanos que foram colonizados pelos portugueses numa afro-Lusofonia entorpecente. Esse afro-pessimismo complexado, do próprio negro, numa falta de auto-estima lúcida e consciente com bases, impede-o de enfrentar qualquer discurso desmoralizador racista do branco, acabando de concordar com o que o deita abaixo a si e a todos seus iguais. É o tal dito molequismo. Daí a inveja a seu próprio patrício negro ou negra, é a mesma passada. Atenção não da dança. Eeheheh (risos). Melhor mesmo rir para não chorar neste século XXI, do avanço tecnológico mas de retrocesso das ideias numa globalização com declínio de soberanias nacionais, que poderíamos resumir em três aspectos fundamentais, de uma Aldeia Global preconizada pelo canadense Marshall McLuhan: 1. Económico (global business). 2. Transportes e comunicações, 3. Cultural: base de todas as ideologias dominantes assentes na manipulação da História.

Economia mundial (Weltwirtschaft), economia global sobrepondo-se a uma Economia política massificada a nível nacional – popular, no sentido administrativo de gestão (Volkswirtschaft).
Comunicação (Transportes e "auto-estradas da informação" – satélites; encurtando distâncias).
Indústrias da Cultura (propagação de novas ideologias do "main stream" assentes em máquinas de consumismo desenfreado e vertiginoso do promoção do marketing numa atitude crítica passiva do consumidor apoiada na Rádio, Cinema, Televisão e a Internet (I-pod) criando ainda comunidades das novas tecnologias).
A única forma de superarmos o subdesenvolvimento material e do espírito é desenvolver a capacidade do acto de PENSAR o País, com bases científicas e fundamentadas. O resto não importa. Enquanto a caravana passa os cães ladram e as quizumbas dão gargalhadas de estupidez. JC

Anexo – Conceitos científicos
n Global village- Glossary - practices of looking, página 356
n Globalization - idem página 356

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quarta-feira, abril 23, 2008

Salario Minimo e Mercado de Trabalho em Debate sábado 105.5 FM

No Próximo sábado, dia 26 de Abril pelas 13:15h na Rádio Índico 105.5 FM em Debate "A Negociação do Salário Mínimo em Moçambique"

Participe, envie os seus comentarios sobre o tema para mocambicando@gmail.com

Radio Índico 105.5FM


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sexta-feira, abril 11, 2008

MUGABE É APENAS UM DOS BONS ALUNOS DA POLÍTICA OCIDENTAL

MUGABE É APENAS UM DOS BONS ALUNOS DA POLÍTICA OCIDENTAL


Por Gustavo Mavie


Se o desfecho que o governo de Robert Mugabe vier a dar ao enigma das eleições realizadas no seu país a 29 de Março último for, definitivamente, o de renegá-las mesmo que se venha provar que as perdeu, como tudo indica ser essa a sua intenção, não há duvida que será apenas mais um político que se irá impor contra a vontade da maioria, expressa na boca das urnas, com a diferença de que, desta vez, quem estará por detrás dessa rejeição, não desfruta da bênção e muito menos do apoio e da protecção das poderosas nações ocidentais.
Com efeito, e para o benefício dos que não sabem ou têm memória curta, já antes deste caso, houve outros povos que viram as suas vontades anuladas, como foi o caso da vitória da Frente Islâmica, na Argélia, que tinha sido a preferência do povo daquele pais numa das eleições realizadas na década passada naquele país, mas que o governo argelino dessa altura preferiu ir à guerra com aquele partido islamista, que defende o fundamentalismo. Há que recordar que para tomar essa decisão de anular e considerar nula e sem efeito essa vontade da maioria dos argelinos, o mesmo governo argelino teve a bênção e o apoio camuflado das mesmas nações ocidentais, que viram nisso como correcto, dado que para eles, todos os fundamentalistas são uma espécie de células ou agências activas dos terroristas de bin Laden.
Do rol de eleições anuladas ou melhor, asfixiadas, e cujos vencedores se viram hostilizados e combatidos por todo o tipo de armas pelas nações ocidentais, afigura-se, em ponto grande, a vitória do Hamas na Palestina como o caso mais gritante, e que a menos que a memória nos falhe, não há paralelismo na historia da humanidade.
Como nós todos nos recordamos, após a vitória do Hamas, os mesmos países ocidentais que tanto se arvoram de campeões da democracia, seus defensores e promotores acérrimos, como se pode ver agora no Iraque - onde os EUA e o punhado de seus aliados têm estado a matar impiedosamente todos os que se opõem à sua democracia - aplicaram sanções àquela formação política palestiniana para inviabilizar a sua governação. E inviabilizaram mesmo porque como dizia Mandela durante a primeira Cimeira Social realizada no ano de 1995 em Estocolmo, está mais do que provado que não se pode ser bom governante, ou ter-se uma democracia em bom estado de saúde, quando se tem um povo sem nada para comer e hospitais sem medicamentos. Como sabemos, os EUA aplicaram ao Hamas sanções selectivas, especialmente de raiz financeira mas que nem com isso deixaram de afectar o povo palestino, tal como o fazem agora à ZANU-FP e aos seus líderes, porque para eles, aquela formação política palestiniana é um bando de extremistas e terroristas que ameaça a civilização ocidental, não obstante tenha sido democraticamente eleita pelo seu povo. Com essas sanções, os EUA e os seus aliados quiseram dizer com elas que não estavam de acordo com a sua opção em termos do partido que deve dirigir os seus destinos.
Quer dizer, para eles, é legítimo e justificado a todas as luzes negar as opções políticas dos povos, proclamadas através da votação nas urnas, mas já negam esse direito aos outros, como está acontecendo agora com Mugabe.
Bem vista a coisa, deviam entender que tal como eles, os outros governos os seus próprios inimigos, que portanto não os pode reconhecer de forma alguma o direito de desfrutar do poder, ou de os substituir na liderança do seu país. Ora, se os EUA e todos os seus aliados não aceitaram que a Frente Islâmica ou, já agora, o Hamas, governasse, como era a vontade da maioria dos argelinos e palestinianos, porque é que Mugabe não pode negar dar o poder ao MDC e a Morgan Tchvangirai, em função da animosidade que nutre deles ou do que ele acha que são, que é que são uma criação dos inimigos do Zimbabwe, tanto mais que nunca escondeu. E não valerá de nada tentar questionar o método que um certo governo usa para definir os seus inimigos, porque, como Mandela disse uma vez, os inimigos de uns, podem ser amigos de outros e vice-versa, daí que ele tenha se recusado aceitar os apelos de certos países ocidentais que queriam que ele se abdicasse da sua amizade com certos líderes que neste caso o Ocidente não os quer ver mesmo que estejam pintados a ouro, como o Coronel Khadafy e Fidel Castro, como era a vontade de certos países ocidentais. É que esta coisa de se ser amigo ou inimigo deste ou daquele é complicado. Por exemplo, durante as lutas pelas independências aqui na África Austral, o Ocidente alinhou com os regimes colonialistas e racistas, indo ao ponto de os fornecer as armas com que combatiam os movimentos de libertação, porque os via como agentes do terrorismo e da expansão do comunismo internacional.
Ora, vai daí que, do mesmo modo que para o Ocidente foi um erro que argelinos e palestinianos tenham votado pela Frente Islâmica ou Hamas, também Mugabe pode estar a considerar que os seus compatriotas se enganaram e votaram no MDC. Tanto mais que nem sempre a maioria tem razão. É só ver como é que o povo da Guiné-Bissau elegeu um Kumba Yalá. Ou será que tais países ocidentais não dão validade à célebre frase da então Primeira-Ministra britânica, Margareth Thatcher, de que nem sempre o que tem o apoio da maioria é correcto? É preciso ver que uma das provas de que ela tinha e tem razão, é que mesmo Hitler que foi eleito democraticamente, ele desencadeou a pior guerra mundial de que já se registou na face da Terra. E porque é que tem que ser Mugabe a respeitar religiosamente a vontade da maioria do seu povo, se os EUA e todo o Ocidente não respeitaram a vontade dos palestinos.
Se os EUA não aprovaram a vontade dos palestinianos, porque entendem que o Hamas é uma organização terrorista, caso Mugabe venha a negar de vez entregar o poder ao MDC, ou partilhá-lo com este movimento, deviam aceitar essa sua opção, porque para ele também o MDC e o seu líder não são uma oposição legítima, mas sim, uma criação e prolongamento do imperialismo, como bem o vinca ele numa entrevista que deu ao NewAfrican, e que foi publicado na sua edição de Maio do ano passado.
Para ele, é esse imperialismo que tem imposto ao seu país sanções económicas veladas, que acabaram provocando o descontentamento da população, com a intenção de levá-la a votar na oposição como parece ser o caso agora. De resto, ele pode ter razão, já que todo o mundo sabe que regra geral, o propósito das sanções é provocar o descontentamento no seio das populações, para que durante as eleições vote contra o governo do dia, para que possa derrubar, sem que se recorra à força das armas.
Dito doutro modo, as sanções são a arma preferida do Ocidente para derrubar um regime que eles não gostam e que se sujeita a eleições periódicas, como é o caso do Mugabe. Onde não há eleições, este tipo armas não costuma ser bem sucedida, dai que se recorra à força das armas, como foi o caso do Iraque onde as sanções não surtiram o desfecho que se esperava, que era derrubar Saddam Hussein para se ter o petróleo que ele não deixava ser explorado ao preço da banana. Como se viu que as sanções não resultavam, forjou-se um facto e acusou-se lhe de ter armas de destruição massiva, e se lhe derrubou com a força das armas. Para não correrem o risco dele voltar um dia ao poder, executaram-no, mesmo depois de se provar que não tinha armas nenhumas e muito menos ligações com a Al Qaeda.


NEGAR O DIREITO E OPÇÕES DOS POVOS É UMA VELHA PRÁTICA DO OCIDENTE


Na verdade, o terem negado reconhecer a opção pelo Hamas da maioria dos palestinianos ou da Frente Islâmica pelos argelinos foi uma continuação da sua velha prática do Ocidente de se opor a tudo o que não serve os seus interesses. Já antes, as nações ocidentais mostraram-se contra a luta que os então povos colonizados travavam contra os países que os colonizavam, como foi o caso de nós moçambicanos.
Por exemplo, quando o povo sul-africano lutava contra o apartheid, e o seu líder carismático Nelson Mandela minguava na cadeia, os países ocidentais forneciam armas àquele regime, alegando que o faziam porque estava lutando contra a expansão do comunismo internacional.
Aliás, o mesmo Mandela viria, após sair da cadeia, elogiar Cuba num discurso que pronunciou quando da visita de Fidel à Africa do Sul, castigando na altura todos os que insistiam que ele renegasse a amizade que mantinha com o líder cubano e o seu país da seguinte maneira: muitas pessoas, muitos países, incluindo muitos poderosos, têm nos instado a condenar a supressão dos direitos humanos em Cuba. A todos temos recordado que têm uma memória curta. Isto porque quando batalhávamos contra o apartheid, contra na opressão racista, os mesmos países apoiavam o regime do apartheid – um regime que apenas representava 14 por cento da população, enquanto a maioria do povo do país não tinha nenhum direito. Eles apoiaram o regime do apartheid. E nós acabamos combatendo com sucesso o regime com o apoio de Cuba e outras forças progressistas, disse Mandela em tom sereno e naquela sua voz vibrante, antes de vincar que agora eles querem que sejamos apenas seus amigos, indo ao ponto de se darem ao luxo de nos instar a renunciarmos aqueles povos que nos ajudaram a fazer da nossa vitória possível.
Tal como o dizia nesse discurso Mandela, é curioso notar que os mesmos países ocidentais que hoje fazem barulho para que Mugabe aceite a derrota tangencial neste caso que parece ter sofrido, não param também de lançar criticas aos restantes países da região, acusando-os de nada fazer para forçar o líder zimbabweano a ceder o poder.
O que eles querem, é que os líderes da região renunciem a amizade que têm com o Mugabe que com eles marcharam nas mesmas fileiras no tal tempo em que os povos da região era tratados como bestas para carga, e por isso mesmo lutavam pelas suas independências ou pela erradicação dos regimes racistas. Não aceitam que os outros tenham os seus amigos e aliados, tal como eles os têm e nunca os abandonam em momento algum, como sabem defendê-los a todo o custo, como o têm feito em relação a Israel, não obstante esteja a ocupar há mais de 60 anos as terras palestinas, e esteja a matar todos os que são contra essa ocupação, tal como os EUA têm estado a matar todos os iraquianos que são contra a ocupação do seu país.
Como bem o diz Mugabe, os ocidentais pecam por negar aos outros povos, o que eles mesmo fazem, como quando eles teimam em manter os arsenais nucleares, mas já não aceitem que outros países as tenham também.
Como já disse num dos artigos, esta atitude do Ocidente de negar aos outros o que eles fazem e praticam com a maior das naturalidades, leva-me a compará-los àqueles mulherengos que não toleram que as suas esposas tenham também amantes. Eles podem se opor à vitória do Hamas, como à eleição de um Allende que acabaram apoiando a sua morte trágica pelo regime de Pinochet em 1973, para não implantar o comunismo no Chile, mas já Mugabe não pode se opor a ascenção ao poder de um partido que, para ele, ´´não é mais do que uma criação de Tony Blair e do seu aliado George Bush´´, para que seja alternativa aos seu governo, de modo a que promova no Zimbabwe os interesses da Grã-Bretanha e dos EUA.

PARA MUGABE O SEU PAÍS ESTÁ EM PÉ DE GUERRA CONTRA O OCIDENTE

O que poderá levar Mugabe a fincar os pés, e a optar por não ceder o poder que ainda detém, é que ele entende que o seu país está sendo alvo de duas guerras que visam derrubá-lo a si e ao se governo – que é a guerra económica, que se traduz em sanções do tipo bloqueio como se tem imposto a Cuba, e que, como se sabe, provoca a carência de quase tudo, e a guerra psicológica, que visa moldar um pensamento anti-Mugabe na mente dos zimbabweanos, para que pensem em função da perspectiva que o Ocidente quer que pensem.
Lendo o que Mugabe tem dito, tudo indica que ele acredita que o momento em que o país vive não permite que todos os zimbabweanos pensem e analisem tudo o que se está passando de modo lógico e correcto, daí que ele poderá preferir anular o resultado eleitoral, uma vez que parece estar convencido que se está em presença da tal maioria que não está correcta.
Aliás, pouco antes das eleições de 29 Março último, Mugabe já havia deixado claro que nunca iria entregar o poder à oposição, porque, para ele, esta mesma oposição foi criada de fora para agir como Pôncios Pilatos.
Ora, se para Mugabe tudo se resume numa guerra económica e psicológica, o mundo deve estar preparado a vê-lo lutar até ao fim, porque como se diz, os homens se tornam mais obstinadas e teimosas à medida que a sua idade avança. E Mugabe conta agora com a respeitada idade de 84 anos, o que certamente lhe permitiu ver tanta coisa boa e, acima de tudo, ruim, porque, infelizmente, é o que mais abunda no mundo, incluindo o insólito ocorrido nos EUA, em que Bush teve menos voto popular, mas que se apoderou do poder na sua primeira eleição, quando a maioria dos americanos havia optado por Al Gore. São estas e outras coisas que deverão levar o velho Mugabe a dizer no seu apurado inglês frases como esta: if Mr Bush did assume the presidency withouth having been voted for by the majority of his people, why should I not do the same as well, o que, em português, significa que ´´se o senhor Bush assumiu a presidência sem ter sido votado pela maioria do seu povo, porque é que eu não posso fazer o mesmo!Esta é a questão que se deve tomar em consideração pelos que acham que Mugabe deve entregar o poder ou reconhecer a derrota. Não é coisa fácil para ninguém, incluindo para os que se arvoram de pais da democracia. Que o diga Kibak e Bush que tiveram de dar o pontapé ao voto popular… Para mim, Mugabe é apenas um bom aluno do Ocidente. Para tal, basta ver como ele assimilou a língua inglesa.
gustavomavie@gmail.com
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quinta-feira, abril 10, 2008

Ambiente Juridico-Legal em Moçambique em Debate 105.5FM

Ambiente juridico-legal em Moçambique, que constrangimentos e desafios?

Este é o tema em debate no Próximo Sábado, dia 12 de Abril de 2008, pelas 13:15h na Rádio Índico 105.5 FM. Contamos com os seus comentários em relação ao tema.

Sintonize 105.5 FM
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quarta-feira, abril 09, 2008

Economistas dos CPLP: Integração Regional em Debate

Os Economistas dos Países de Lingua Portuguesa estão reunidos desde hoje em Maputo para em torno da integração regional, debater temas de interesse para a classe dos economistas destes países sobre os desafios desta nova ordem internacional.
Pese embora a integração regional para Moçambique leve-nos mais a uma integração na comunidade da Commonwealth por força geográfica e das relações que Moçambique tem com os Paízes fronteiriços, o factor lusofonia pode levar-nos àquilo que disse a Economista Miquelina Menezes, Presidente da AMECON na cerimonia de abertura do encontro, que a reunião representa uma troca de experiência destes países sobre os seus processos de integração económica regional.
Na ocasião tive a oportunidade de acompanhar atentamente o Ministro da Indústria e Comercio, António Fernando, que fez uma apresentação sobre a integração regional e o seu impacto em Moçambique, tendo apontado vários aspectos dos quais pude reter o papel dos corredores de Desenvolvimento de Maputo, Beira e Nampula para a economia nacional e a sua ligação com a economia da região e também a construção da Estrada Maputo-Witbank que reduziu as distancia e assim os custos de transacções entre Moçambique e a Vizinha África do Sul.
Apesar destas vantagens dos corredores de desenvolvimento que já existem, sou de opinião que o grande desafio para o futuro é a existência de um corredor de desenvolvimento Nacional em Moçambique, um corredor de desenvolvimento Norte-Sul ou vice versa. Os actuais corredores garatem uma forte ligação da economia Nacional com os Países vizinhos, garantem a entrada e saída de milhares de insumos dos países do interior usando os portos, caminhos de ferro e estradas nacionais, mas é importante que Moçambique tenha uma Linha que permita um fluxo desses insumos dentro do País, do norte ao sul, um CPRREDOR DE DESENVOLVIMENTO DE MOÇAMBIQUE, também para fazer face à integração regional.
Em relação à estrada Maputo-Witbank, só me preocupa o facto de termos uma portagem a menos de 10 km da Capital do País, facto que encarece o custo de viajar entre Maputo e Matola, duas cidades praticamente ligadas entre si. Apesar de a construção desta estrada ter reduzido a distancia entre Maputo e Ressano Garcia em cerca de 30Kms e de ter melhorado as condições da estrada, também encareceu os indivíduos que têm que atravessar diariamente a portagem para se deslocarem aos seus postos de trabalho.
Portanto, a integração regional tem vantagens macro-económicas, mas também têm custos e é ai onde se encontra a questão central, a análise, por parte de economistas e académicos da relação custo-benefício quando se fala de integração económica regional, e temos o caso de Angola, que por enquanto ainda não aderiu à zona de comércio livre na SADC, como um caso de estudo para ser analisado no futuro. Será que Angola fez uma boa opção? Será que Moçambique no seu actual estágio, estará em condições de ser um país concorrencial ao nível da região?
Não é por acaso que o Presidente da República Armando Guebuza saudou a escolha do tema na sua intervenção, e disse que o debate levado à cabo em Moçambique, durante o ano 2007, sobre a abertura do comércio livre trouxe ao de cima várias questões económicas e Sociais e ainda há outros desafios pela frente tais como a união aduaneira e a união monetária. o Presidente reconheceu a complexidade que este assunto envolve.

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terça-feira, abril 08, 2008

Sobre o caso Ziqo!!!

Re: Res: [mocambiqueonline] Sobre o caso Ziqo!!!

mano virgilio

o mais grave para mim foi ver que as declaracoes deziqo a policia de investigacao criminal forampublicados num diario da praca, apartir daquelemomento eu entendi que este caso do ziqo nao passa deum circo para divertir os incautos. mas porque pelaboca morre o peixe, tentei escrever no meu blog sobreos dealers da adrenalina: aqueles que nao interessaque sejamos homens da razao, de uma reflexao critica,mas cidadaos drogados na emocao, nao a bela emocao,mas aquela que nao precisa de juizo para desconfiar,distinguir uma emocao bela da ma . no fim de tudo,temos o caso do ziqo a invadir a nossa vida privada,num apelo a emocoes de uma maneira sensacionalista.isso esta errado? para mim sim. porque ninguem esta nominimo interessado em investigar e saber afinal do quese trata. se o video e feito num local publico ouprivado; se os envolvidos sao maiores de idade ou nao;se e crime o acto presenciado no video, ninguemexplica porque; se estamos perante um atentado aopudor, onde esta o quadro juridico que justifica isso,ainda nao ha o esforco dos orgaos de informacao acontactarem os juristas para melhor se informarem; ocriminoso e o ziqo ou a pessoa que roubou o celular?;porque e que o roubo de celular nao leva as pessoas aparticiparem a policia; eu fui daqueles que ja compreicelular em segunda mao num bazar na europa e tambem emmocambique com numeros ou imagem ainda gravadas namemoria do telefone, a lei no pais europeu onde estouproibiu-me de usar as imagens contidas no telefone, oque a nossa lei diz sobre a protecao da privacidade eonde para a nossa boa educacao e cultura juridica; ocorpo das bailarinas semi-nuas na tv e as imagenssangrentas de policias baleados e corpos carbonizadospelo lichamento, onde estao os limites da moral e daintegridade publica e como se manifestam; onde e quecomeca e termina uma fofoca, e o que faz os nossosmusicos pensarem que fazer fofoca significa passarmensagem ou produzir letra de uma musica, porque aultima vez que estive em maputo vi um bate-bocas demusicos sobre a sua privada em canais de radio, e naspistas de danca; que a tua publicidade de patrao naoassenta na originalidade do seu produto ou da ideiamas na distruicao da criatividade do seu adversario;nao nos interessa a razao de uma maboazuda mas o som ea danca que atrofia os sentidos de homens sexuados emoralistas; etc;uma lista de coisas que procuro entender. e cada vezmais vejo o perigo que corremos, quando em vez deexigirmos os correcto dancamos o falso. muitos denos, construimos vedacoes e grades nas nossas casaspor causa de gente que nao reconhece o direito aprivacidade e a propriedade privada, nas relacoessociais, economicas e ate sexuais das pessoas. equando instituicoes publicas e ou orgaos que deviamagir de uma forma exemplar e didactica, caiem tambemno sensacionalismo, entao estamos mal. e porque naofalta o bom discurso, ja estamos a ouvir que os jovemperdarao a moral e valores da mocambicanidade,etc...tambem problematica esta forma devolver aosjovens a tarefa de moralizar a sociedade. agora manoseu so tenho medo, que devido ao curriculo de algunsponta-de-lanca da geracao do-que-esta-dar, muitosjovens que produzem coisas fantasticas na pintura, noteatro, na musica, na escultura, na danca, literatura,poderam ser pressionados pela esta onda de produziradrenalina a qualquer custo. e posso imaginar que oresultado vai ser matar a criatividade para produzir ofalso e o sensacionalismo que tanto neste momentoadmiramos.prontos, precisamos de ziqos, mas nao para invadirem ebanalizarem a nossa vida privada, mas paraenriquecerem o mundo deEntertainment-arts-knowledge-lifestyle de mocambique.mas o ziqo neste momento esta numa situacao feia,entao so podemos dizer que: com o fim da guerra, todossao generais.la famba bicha

jorgematine

--- mbonha@yahoo.com.br escreveu:>

Carissimos,>> Ziqo nao esta arrempendido do que fez como ele fez> questao de dizer na entrevista que concedeu a STV. O> Video foi feito aproposito. Ele frisou que o video> era para consumo proprio, razao pela qual nao esta> arrependido. Ora, Isso quer dizer que a nossa> estrela tem fantasias, tipo fazer bacanais, o que> nao e mau. O que esta mal nisto tudo é as nossas> estrelas nao saberem ser nem estar numa sociedade> que quando quer penaliza as pessoas.> Se nos estivessemos numa sociedade um pouco mais> desenvolvida, com Paparazis, se calhar se> preocupavam mais com a gestao da sua imagem quando> pensarem em fazer certas coisas.> O Ziqo esta na situacao que esta por ser Ziqo. Se> fosse um Mbonha, a repercursao seria outra. e Nao> estavamos aki hoje a falar tanto assim. Ja tivemos o> caso da moca universitaria que inaugurou a aparicao> pornografica na Net, e depois dela vieram muitos e o> alarido nao foi a este nivel.>> PARA TODAS AS FIGURAS PUBLICAS GOSTAVA DE DEIXAR O> APELO PARA QUE DE ALGUMA FORMA SE SOLIDARIZASSEM COM> O CANTOR QUE E O QUE EU ESPERO DE ALGUNS FANS MAIS> SENSATOS.>> SER FIGURA PUBLICA E MUITO DIFICIL, APRENDEMOS COM> OS ERROS.


Virgilio Andre <vandrem@sortmoz.com>>

será que o Ziqo disse a verdade sobre o timing em> que foi gravado e difundido o filme? segundo ele> disse que lhe foi roubado o Cell no ano passado, ano> em que foi gravado o filme mas, fontes há que> confirmam que o mesmo foi gravado este ano e> difundido 3 dias depois o que torna a situação> fresca ehehhe!!! o Ziqo apareceu em Público pedindo> perdão aos seus fãs e publico em geral será que> merece o perdão? terá convenvido nas suas> explicações?>> Comment!>>
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terça-feira, abril 01, 2008

A andorinha do Mugabe (de Jorge Matine)

1- Escrevi aqui e aqui sobre o Mugabe. Continuo pensando na andorinha do Mugabe, e naqueles que interpretaram a minha opinião como uma diabilização ao Mugabe. Hoje somos obrigados a assistir o que todos queriam ver: a forma precipitada para “inventar” uma formula de pensar numa África integrada sem a fragmentar. Assim como aqueles que adoram a andorinha e sem amar a chuva. A meteorologia dos sentidos, penso eu.
2- A meteorologia dos sentidos parece conduzir-nos para um abismo. Transformou algumas intenções de exercício crítico numa escolha entre a diabolização do Mugabe e o recurso ao nacionalismo. As duas escolhas representam aquilo que menos sabemos fazer neste continente: criar aquilo que Karl W. Deutsch chamou de security community. Este conceito foi aquele que inspirou o acordo de Incomati, o acordo de não agressão assinado entre Samora Machel e o regime do apartheid. Trocar a baioneta pelo diálogo político, e não a troca de baionetas de uma guerrilha em maçãs de um farmeiro bóer.
3- A história repete-se. Não no Zimbabwe, mas no dia-a-dia dos africanos, porque este continente produziu muito líder que representava o diabo revestido num discurso nacionalista, desde o Bokassa ate ao Idi Amin. O que intriga neste momento é perceber como Mugabe pretende salvar o Zimbabwe, e para isso não precisamos de diabo ou de um nacionalismo que assenta em apelos emocionais, mas de um líder inteligente, pragmático, que possa promover o diálogo entre os elementos radicais de uma oposição farta do regime de mugabe e os elementos mais racionais dentro da zanu-pf.
4 - Para um continente que esta habituado a revoluções ao estilo golpe de estado, não terá chegado a altura de assistirmos a uma nova perestroika no Zimbabwe? Porque só com uma perestroika pode-se garantir que o exercito no Zimbabwe (onde estão os mais radicais elementos da zanu-pf) não tome o poder. Na experiencia da repercursão que a perestroika de Mikhail Gorbachev teve nos paises vizinhos e do bloco sovietico, podemos vir a assistir tambem num futuro proximo o impacto da perestroika zimbabweana em alguns paises vizinhos região.
4 - Agora caros bloguistas imaginem que neste momento a vossa situação social e económica seja esta: tens 84 anos, casada/o com um(a) mulher/Homem 30 ou 40 anos mais jovem do que tu, tens dois filhos menores, governas um pais em crise económica, os teus amigos vem bater a porta para exigir favores, a única pessoa que tem a maior possibilidade de tomar o teu poder não reconhece os teus compromissos com amigos e tua família, os teus vizinhos estão a espera que a morte te visite para distribuírem a tua herança entre eles, e o mundo pensa que estas velho demais enquanto a tua família quer te poderoso e vigoroso por muito mais tempo, mas a tua inteligência diz que não podes planear as coisas a longo prazo porque não poderás ter vida para ver o resultado.Usando a meteorologia de sentidos, como poderas resolver este maka da tua vida?

la famba bicha
jorgematine
www.chapa100.blogspot.com

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