terça-feira, novembro 17, 2009

Sobre o Despertar da Juventude Moçambicana

Durante as a campanha para as eleições recentemente terminadas, viu-se uma juventude repentinamente madura, com exigencias que há um ano atrás ninguém pensava-se com capacidade para tal. Viu-se uma juventude que criou uma espécie de gabinete de consultoria, onde, várias sensibilidades interessadas em exercer o poder durante os próximos 5 anos, foram lá prestar contas adiantadas do que pensavam fazer.

Alguns políticos levaram à sério as exigências juvenis, e lá foram apresentar as suas ideias sobre o que pensavam da juventude e dos seus anseios, defenderam a sua tese, com os seus objectivos políticos em relevo.

Mas o que sobressai e o que interessa não é se houve ou não afluência, se se levou à sério ou não ou se é legítimo ou não. O mais importante neste tipo de exercício é o despertar do sentido de cidadania que este tipo de exrecício representa.É o facto de se perceber uma força social capaz de desviar, nem que seja por dois tempos, a agenda do pensamento político, e da maneira de estar quase rotineira dos processos políticos.

Este tipo de exercício desperta a consciência de pertença na perspectiva de abrir espaço para a percepção de que afinal há capcapacidade de a juventude ser e estar na agenda política do país, não como mero instrumento, mas como um interlocutor válido e com ideias e com suporte próprio. Isso cria uma espécie de contraforça política, uma vez que, não representando nenhum partido político, sempre estará na mó de cima para a juventude como um segmento social interessado e afectado pelas decisões políticas, e sem se preocupar em agradar e ou em sabotar o poder do dia.

O brilhantismo da ideia reside na necessidade percebida de as instituições que regem a vida pública terem presente na mente que devem fazer a prestação de contas das suas acções nos afectados pelas suas decisões. Isso cria uma cultura de eficácia e de responsabilidade, desperta mais atenção aos decisores e mantém-os alertas no momento da implementação das decisões.

Alias, é assim que devia ser percebida a interacção entre os decisores e os beneficiários dessas decisões. A prestação de contas não pode ser entendida como uma subordinação ou como um controlo de tipo guarda costas, não. A prestação de contas é um estágio do desenvolvimento institucional de um país, e é também um caminho fácil para se atingir uma estabilidade a longo prazo. Também serve de despertador de consciências que se acham incapazes e ou excluidas da agenda nacional.

O facto de só a juventude ter dado esse passo é sinal de que Moçambique está a crescer, e a própria democracia está amadurecendo e tomando caminhos irreversíveis. Isso é bom e delicioso. O mais importante neste exercício não é a preocupação de se a ideia é levada a sério ou náo, o mais importante é o saber se este exercício será ou não repetitivo; porque se for algo sazonal, então a ideia não vingará por muito tempo, uma vez que no intervalo entre eleições, muita água passa debaixo da ponte, e não se sabe quantas e quais as pessoas que podem molhar. A sazonalidade do exercício da cidadania não permite avanços, mas cria rottinas, uma vez que o que se faz é a ritualização das acções dos actos, e não o desenvolvimento da consciência.

Isso pode se ver num exemplo vivo: os nossos partidos pequenos ou pequenos partidos. Eles fazem o mesmo de cinco em cinco anos, e o que se vê é a repetição dos mesmos mesmos resultados. Portanto se a ideia da juventude como um segmento social fortemente afectada pelas decisões políticas for de despertar para sempre para fazer uma pressão política às decisões que lhe afecta, então que seja isso. Mas se for apenas para a sazonalidade ou para agradar e ou para combater segmentos políticos, então tem duas opções: ou esquece-se o projecto ou então que fundem um pequeno partido ou pequeno partido.

X. Zacarias


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