quarta-feira, agosto 26, 2009

Indagações (1)

Hino Nacional

Com emoção, entoamos o nosso Hino quando a Menina de Ouro, hoje Heroína do Trabalho, Maria de Lurdes Mutola, elevou para o patamar mais alto, do mundo desportivo, o nome do nosso país. Também, entoamos o nosso Hino quando os nossos (?) Mambas (?) se fazem ao palco de jogos de competições internacionais.

Geralmente, se entoa o hino antes do inicio das actividades em escolas, jardins infantis/creches, alguns eventos nacionais (Conselhos Consultivos e/ou Coordenadores, Assembléias, Seminários) e/ou eventos partidários, em particular do partido no Poder, e no fim das sessões televisivas e radiofónicas, das redes públicas.

No fim de semana passado, assistiu-se, em momentos diferentes, ao entoar do Hino Nacional, sendo de salientar a postura tomada pelos "cantadores". No primeiro evento, relativo a um programa juvenil, os protagonistas levavam a mão esquerda ao lado direito do peito. Na assistência, ainda que em pé alguns cruzavam os braços com manifesta indiferença.

Num outro evento, de cariz politico e partidário, os intervenientes, pessoas adultas e maduras, na entoação do Hino, alinhavam-se ao estilo militar, fazendo-no em sentido e com os semblantes compenetrados e carregados de respeito(?).

Estes dois acontecimentos trouxeram-me a memória os meus tempos de colegial onde todos os dias, sem excepção, seguindo um ritual quasi militar, entoava o Hino. Hoje, nas escolas, o Hino é cantado em escalas. Por exemplo, hoje entoa a 8ªA, 9ªA e 10ªA, amanhã é a vez da 8ªB, 9ªB e 10ªB, assim seguindo.

Que significado tem um Hino Nacional? Que postura se deve tomar no momento da entoação do hino Nacional? Em que ocasiões deve o hino de uma Nação ser entoado? Que valores estão subjacentes ao Hino Nacional? Será o Hino um símbolo nacional? É bastante e dignificante ter a letra do Hino Nacional na contracapa de alguns cadernos?

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quarta-feira, agosto 19, 2009

A situação medica no meu Moçambique

por: Dino Foi
Amigos,

Hoje não falo de economia, tecnologia e muito menos política. Hoje vou estar na pele daquele Moçambicano, trabalhador que pode pagar as suas despesas médicas com o suor do seu trabalho mas que se sente frustrado. Frustrado porque mesmo podendo aceder a algum conforto social fruto de suor e trabalho digno, não consegue ter um tratamento médico condigno. Frustrado porque mesmo com dinheiro no bolso não consegue comprar medicamento básico como uma aspirina, frustrado porque alguém no Ministerio da Saúde decidiu consertar algo que não estava quebrado e como resultado as farmacias nao conseguem ter os medicamentos importados a tempo e, finalmente muito frustrado porque este mesmo Ministério, mesmo com os avisos de há muito tempo sobre a Gripe A, ainda não procurou meios de se preparar para esta pandemia e, agora a Gripe chegou.
Há cerca de 2 meses tive amigos estrangeiros a visitarem Moçambique pela primeira vez, quando os fui buscar na sala de desembarque a primeira reclamação foi de que não tinhamos nenhum equipamento para monitorar a gripe. E eu, inocentemente e quase que automaticamente respondi: temos sim, só que o check é feito no aeroporto de Johannesburg, então tudo o que vem a Moçambique está checado. Não sei de onde tirei isso mas foi o que me veio na cabeça naquele momento e pronto já me tinha justificado.Algumas semanas mais tarde tive de viajar à Ásia e, foi impressionante ver o que se passava em Hong Kong, não só uma boa parte dos passageiros tinha máscaras mas do outro lado TODO aquele que entrava para o território, passava por uma medição não intrusiva de temperatura e, todo aquele que tivesse temperatura acima do normal ia para um teste médico.Eu que estava de passagem não me dei a maçada. Chegado ao meu destino, Taiwan, o mesmo exercício se passava e desta vez tive de passar pelo processo, mas felizmente nada eu tinha. Dez dias depois regresso à Moçambique, lembrei me da "mentira" que eu acidentalmente havia dito aos meus amigos e, como só para confirmar decidi ficar uma noite em Johannesburgo, não vi aparelho nenhum. No dia seguinte passo a segurança e me vejo na sala de embarque e... nenhum aparelho estava ao meu alcance. Tremi um pouco e subi o nosso 737-200 que nos levou ao Maputo.
Chegados aqui vejo uma fila grande: havia um pessoal da saúde a perguntar aos passageiros se tinham sintomas de febre e, se as sentissem deviam-se dirigir ao posto de saúde mais próximo. Tremi um pouco mais.Duas semanas mais tarde a minha esposa começa a tossir que não parava, como está na fase gestacional temos evitado os médicos se não apenas o ginecologista. Desta era impossível evitar e lá fomos à clínica do Hospital Central. Lá 1,650 meticais fomos cobrados pela consulta de urgência e fim de semana, depois de uma seca de cerca de uma hora fomos atendidos. A médica fez este e aquele teste (verbal), usou o seu estetoscópio, mesmo a minha mulher tendo dito que sofria de febres não nos foi medida a temperatura. Fomos informados que deveriamos fazer o teste de malária e um hemograma completo. Chegados ao sítio de colher a amostra de sangue é que foi um inferno: a enfermeira que parecia estar de estágio não conseguia localizar a veia da minha esposa. Lá foi ela puxa aqui e puxa acolá, conseguiu localizar uma veia mesmo no pulso, lança a seringa como quem faz uma tacada de basebol, a minha mulher grita, ela puxa a seringa toda como que estando a usar uma bomba de ar manual e, obviamente o sangue veio às gotas, ela bombeia a seringa para dentro, retornando ar e sangue e depois puxou outra vez, aqui então a minha esposa deu um grito de afujentar um leão e lá tinhamos o sangue. A dor era terrível, o pulso ficou completamente verde por 48 horas e com uma dôr que a pobre da mulher se torcia toda. Amaldiçoei o oficial da minha empresa que inscreveu o meu seguro médico naquela clínica.
Uma hora passou e fomos ver a médica com os resutados, desta vez não era aquela que estivera. As perguntas foram as mesmas como a anterior, o que é estranho porque pensei que a primeira estivesse a rabiscar no processo da minha esposa. Eu então, o tradutor (o Português da minha esposa ainda é de Meu Mãe, Minha Pai) a deitar fumo pelas ventas, como se diz, mas lá eu me acalmei. A médica nos receita mel, limão e beber muita água (como se fosse necessário fazer medicina para saber esta fórmula) e, um xarope Benitussin que não existe em nenhuma fármacia no Maputo, não que tenha ido a todas mas depois de entrar em 8 delas vi que era um pesadelo.Gostava de falar do senhor Benitussin que não se encontra na praça. Tendo eu batido com a cabeça nas primeiras 4 farmácias, decidi perguntar o que de especial tinha este Benitussin que não se encontrava em nenhum sítio. Foi me dito que era um xarope tão bom tão bom (ainda não encontrei em nenhum sítio registado este xarope, o que se aproxima a ele é Robitussin da Wyeth Consumer Healthcare) que até uma criança poderia tomar, mas a nova ,metodologia de registo de medicamentos implementada pelo Ministério da Saúde faz com que medicamento como este leve pelo menos 6 meses só para registar mais o tempo do processo de importação. Felizmente as novas tecnologias não nos deixam mal e, comprei na internet Robitussin na internet e entregue na minha porta, alguém que vá queixar ao MISAU, mas não registei coisinha nenhuma.Como um mal não vem sozinho, peguei a gripe no domingo, sem querer culpar a coitada da minha esposa, tenho de reconhecer que a passagem foi automática. Lá estava eu naquela clínica.
Primeiro, o meu processo não é encontrado no sistema deles, depois é o primeiro médico que me haviam indicado que não estava. Sinceramente, para mim qualquer médico servia e, depois de uma "seca" de cerca de 45 minutos lá estava eu em frente do médico. Importa frisar que enquanto esperava pelo médico a minha mulher liga-me e, eu que não a tinha avisado que estava na clínica digo onde estava, ela diz me para regressar à casa porque ela tinha todos os medicamentos para uma possível gripe. Neguei porque queria um resultado médico, eu via a preocupação da mulher-contas, ela é muito aversa a contas desnecessárias e, naquela minha ida ela já estava a prever gastos desnecessários no médico (e foram), enquanto que podia-me medicar pessoalmente.Não vacilei, fui atendido pelo médico e as perguntas foram:Tosse?!SimTem febres?Um pouco, pelo menos na noite passada.Doi lhe a cabeça?Sim Ai fui receitado amoxicilina, vitamina C e aspirina, estas dua últimas soube logo que não existiam na farmácia da clínica! Parece um filme, né?

A odisseia não acaba aqui, no dia seguinte de tanto a minha esposa tossir ,decidimos que teríamos de ver qualquer ginecologista (não era o nosso médico porque não haviámos programado, queriamos alguém apenas), tendo dito que (não fez a sonda)o bebé estava em óptimas condições (como tenho saudades da sonda de 4D em Taiwan!), então tinha que tomar amoxiciclina e benacyclina, coisas que a coitada da minha mulher quase que jogou fora (a última vez que foi receitada medicamentos numa das clínicas paramos na sala de emergência da clínica da sommerschield das 2 de madrugada às 7 horas!). A questão não era da tosse como tal, mas sim o que o tossir poderia fazer ao feto, o que queríamos ver era via sonda a situação da herdeira. Lá chegamos às 16 horas (às 13:00 quando paguei a consulta não encontraram o processo da minha esposa e penso que até agora ela tem 4 processos e eu 6), a médica só nos atendeu às 18:25. Esta e aquela pergunta e lá fomos para o outro lado do consultório e, quando nós pensávamos que iamos ver o bebé a médica trouxe um outro aparelho para escutar o bater do coração do bebé. Lá estávamos nós frustrados e, o nosso pobre metical havia sido engolido, sem recebermos o serviço que precisavámos. Moral da história: não estamos preparados para gripe A nenhuma, se ela entrou mesmo em Moçambique, vamos morrer como galinhas. Não quero ser o mensageiro do mal mas com tanta falta de medicamentos que se verifica e falta de profissionalismo nas nossas instituições hospitalares o caminho é abismo.
Mais não disse

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segunda-feira, agosto 17, 2009

Uma juventude à MC Roger é perigosíssima e acorrentada!

Posted by: Lázaro Mabunda in O País
1. Há muito que queria abordar o tema sobre o que penso da juventude moçambicana, mas julguei que era ingrato e desnecessário reduzir a dimensão do assunto a um simples exercício “lambe-bótico” de MC Roger. Seria exaltar uma anomalia de memória em vez de curá-la. Assim, tinha que esperar que uma oportunidade surgisse para o efeito. E surgiu. 12 de Agosto, dia Mundial da Juventude. Aí já se justifica fazer uma reflexão sobre a juventude Moçambicana no qual o fenómeno “MC Roger” deve ser usado como exemplo do que a juventude tem de evitar a tudo o custo, uma enfermidade que se deve combater antes de afectar e infectar a maioria da juventude. Mas vamos por partes.

2. Nas vésperas de 12 de Agosto, o Conselho Nacional da Juventude organizou uma conferência de imprensa na qual o presidente da agremiação, Osvaldo Petersburgo, anunciou o envio ao Governo de uma carta em que a juventude manifesta a sua vontade em relação às preocupações que gostava de ver resolvida no próximo quinquénio. Disse ainda que o Conselho Nacional da Juventude não estava para fazer questionamento sobre o que os políticos trazem nos seus manifestos para a juventude, porém, apresentar, em carta, a vontade dessa juventude. Entendi que se tratava de uma indirecta ao Parlamento Juvenil que tem vindo a realizar debates com candidatos às próximas eleições com vista a saber o que eles têm para os jovens nos seus programas eleitorais.

Os pronunciamentos de Petersburgo encerram várias interpretações: primeiro, que no seu entender o jovem não deve questionar, senão devem apresentar, em documento, as suas preocupações; segundo, que ele assume o compromisso político com o partido no poder, pelo facto de ter entregue ao Governo a referida carta de manifestação das preocupações dos jovens e não a todos os candidatos; terceiro, que assume que o partido com o qual está comprometido já venceu antecipadamente a as eleições; quarta, demonstra que é ainda “verdinho” para o cargo que ocupa, pelo facto de não saber o que diz, onde diz, como diz e por que diz. Aliás, o seu representante no debate da Nação, da STV, provou isso ao não conseguir responder sequer, com propriedade, uma pergunta sobre que projectos o CNJ tinha para com a juventude.

Quando escutei as suas declaração fiquei com a sensação de que se trata de um jovem prematuramente atirado à liderança do CNJ sem que se observasse a sua maturidade como pessoa. Fiquei ainda com a sensação de que é um jovem que ainda vivem de emoções e de sonhos cor-de-rosas, e com um forte padrinho no seio do partido Frelimo. Conheço de OJM por dentro e por fora, não seria capaz de apostar em alguém tão político e socialmente tão verdinho como ele.

Por outro lado, indigna-me que OJM se coloque em frente na eleição do presidente do CNJ, quando ela mesma não consegue revitalizar-se, o que a torna numa organização, até este momento, moribunda e em falência técnica. OJM existe estruturalmente, no entanto, não existe em termos de acção e da presença física, senão alguns núcleos resistentes, mas fragmentados. Também em fase de morte lenta.

Eu nunca assumirei alguém como meu representante, como jovem, que não sabe que o CNJ sempre manifestou publicamente e por escrito as preocupações da juventude moçambicana, sem, contudo, uma resposta desejável do Governo. E se durante todos esses anos não houve resposta, julga, Petersburgo, que desta vez será possível? Tentar passar certificado de incompetência aos que já passaram pelo CNJ é um exercício inútil e desprovido de sentido.
Hoje, porque a resposta demora, a juventude tem de tomar uma posição única e forte no sentido de pressionar o Governo a fazer algo por nós. E a pressão não deve ser feita por simples rascunhos, mas por aquilo que o Parlamento Juvenil, uma organização cujos objectivos sempre questionei, está a fazer. Os políticos devem passar a apresentar os seus manifestos eleitorais a juventude para que esta possa avaliá-los e, em função disso, escolher o melhor.

Creio ter chegado o tempo de votar em função do projecto político e não das simpatias políticas. Pois, é isso que nos coloca sempre na situação de desfavorecidos, quando somos a maioria em Moçambique. Temos de seguir, a partir deste ano, os modelos ocidentais e americanos, em que os políticos são responsabilizados pelos seus erros e pelo seu desempenho e são votados em função dos seus projectos políticos. Obviamente, tem de ser alguém que nos apresente um projecto alicerçado na nossa realidade, e com orgulho de ser moçambicano.

3. O Chefe do Estado, Armando Guebuza, disse, na sua mensagem, à juventude, esta semana, que “Os jovens foram, são e serão os motores de todos os processos sociais e políticos nesta pátria de heróis e, por isso, deverão ser os primeiros mobilizadores de todos os eleitores para a sua afluência massiva para os locais de votação”. Muito bem. Mas também a juventude não pode ser a primeira a ser desmobilizada quanto se trata de receber os benefícios resultantes do esforço que fez para mobilizar os eleitores. Ou seja, se “os jovens foram, são e serão os motores de todos os processos sociais e políticos e deverão ser os primeiros mobilizadores dos eleitores”, também devem ser dos primeiros contemplados pelos programas do Governo.

Hoje, a maioria dos jovens não possui residência próprio, nem sequer um terreno para erguer no futuro a sua residência. Se há jovens com terrenos próprios, adquiriram-nas aos terceiros a preços proibitivos. Compraram a terra, porque a terra se vende neste país, não obstante a Constituição da República proibir. Os que vendem a terra são, na sua maioria, pessoas com poder de decisão sobre a atribuição da mesma terra. Não queremos casas, porque sabemos que o Governo não dispõe de fundos para as construir, mas apenas terra.

Em Moçambique, o mais difícil é até a obtenção de espaço para erguer algo do que construir uma palhotinha. Que o digam professores, polícias, militares, incluindo jornalistas, serventes, entre outras. Muitos jovens, hoje em dia, se não vivem, mesmo casados, em casa dos seus pais, residem em casas arrendadas. Grande parte das casas arrendadas nas cidades estão ocupadas pelos jovens, algumas sem mínimas condições de habitabilidade. São esses jovens que hoje são chamados de forma carinhosa para mobilizar indivíduos economicamente estáveis para deixarem o seu luxo e irem votar em alguém que pouco os ajuda.

Essencialmente, nós precisamos de uma juventude irreverente, uma juventude que imponha respeito à semelhança da Juventude do ANC. Precisamos de um líder da juventude “arrogante” e que age em função da razão e não da disciplina partidária à semelhança de Julius Malema, presidente da Liga Juvenil da ANC. Temos de aceitar sermos sacrificados por causa da razão e não vivermos à custa do sacrifício da razão.

Nós temos de obrigar os políticos, sejam eles arrogantes ou não, endeusados ou não, a ajoelhar a nós, jovens, a pedir apoio e não o contrário. Nós temos também de reduzir à insignificância e ao mínimo a juventude que se revela perigosa para as nossas pretensões. Jovens como MC Roger (ainda é jovem?), Petersburgo, Rui de Sousa, entre outros, constituem cancro para o futuro e para o bem estar deste país, pelo que urge erradicá-los. Um jovem político ou umbilicalmente ligado a determinado partido político tem de agir em obediência a sua consciência e não violá-la por disciplinas partidárias.

Nós temos de estar livre de pensar, de nos expressar e de nos movimentar à semelhança de Jorge Ribelo, António Frangoulis, Jacinto Veloso, Graça Machel, e outros, que dizem o que pensam, como pensam e por que pensam, sem receios de disciplinas. Aliás, as disciplinas partidárias não podem acorrentar as mentalidades dos seus membros sob pena de coarctar o seu direito.
Nós os jovens, sobretudo as organizações juvenis, como OJM, Liga Juvenil da Renamo, do MDM, CNJ, temos de conquistar o nosso espaço e influenciar, de forma decisiva, as políticas partidárias e, consequentemente, governamentais.
Essas organizações juvenis, mais do que servirem de reprodutores e caixas de ressonância de partidos políticos, têm que criar debates e produzir ideias que deverão ser abraçadas pelos respectivos partidos. Isso será possível se tivermos pensamento e ideias próprias. Aliás, têm de ser os próprios jovens e influenciar os seus partidos políticos a incluir nos seus manifestos eleitorais interesses dessa camada à semelhança do que acontece na África do Sul, em que a Liga de Juventude do ANC é uma autoridade. Pela força que tem chega a sufocar todas as organizações partidárias e independentes, o que faz com que todo o jovem, independentemente da sua cor partidária, se sinta representado por ela.

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quarta-feira, agosto 12, 2009

A Propósito da Ponte Armando Emílio Guebuza

(Resposta a Carlos Nuno Castel-Branco)

Obed L. Khan

Num texto bastante longo, repetitivo, cansativo, zangado e que, pela sua extensão, revela que o autor teve falta de tempo para escrever pouco, Carlos Nuno Castel-Branco, parodiando um Dom Quixote dos trópicos, arremessa grotescamente contra moinhos de vento, a propósito da Ponte Armando Emílio Guebuza. O texto escrito por Castel-Branco é tão confuso que, por exemplo, confunde socialismo científico com socialismo democrático, ao ponto de, demagogicamente, declarar que no socialismo democrático, o tal patrão não deve existir” pois em tal democracia socialista a “soberania é dos cidadãos trabalhadores da República socialista democrática e não dos patrões”. Que democracia é esta, de que fala Castel-Branco que exclui importantes parcelas da sociedade, para só beneficiar o proletariado? Que democracia é esta que exclui os intelectuais, os estudantes, os proprietários e outras camadas sociais? Provavelmente, nesta democracia excludente Castel-Branco teria lugar por ser um intelectual revolucionário! É o que dá escrever tendo como mira uma vasta plateia da qual se esperam vibrantes aplausos.

Na “carta” de Castel-Branco a figura do Chefe de Estado, a quem ele chama “PR de ocasião” é tratado com uma linguagem própria de arruaceiro despeitado, tudo na vã tentativa de negar méritos a Armando Emílio Guebuza. Por exemplo, a governação de Guebuza, inegavelmente marcada por um forte compromisso com a promoção da cidadania e da participação democrática para regiões que, durante séculos, viveram excluídas do mercado e da modernidade é considerada por Castel-Branco de “mandato de uma governação absolutista”. Será, na verdade, absolutista um Presidente que, durante o seu mandato, lançou as bases para o desenvolvimento integrado com epicentro no distrito? Será absolutista um Presidente que drenou recursos para os distritos e tomou as necessárias medidas para que esses recursos circulassem nos distritos e servissem de alavanca para o surgimento de produtores e proprietários virados para o mercado (os tais que a democracia socialista de Castel-Branco pretende de novo excluir)? Será absolutista um Presidente que apostou fortemente no reforço e consolidação dos Conselhos Consultivos Locais, autênticos fóruns de aprendizagem e de participação democrática? Será absolutista o Presidente que, na esteira da filosofia da FRELIMO de Unidade Nacional, promoveu impetuosamente o sentido de pertença a este belo país, por de parte de moçambicanos oriundos das mais diversas partes desta pérola do Índico?

É verdadeiramente espantoso como, não obstante os reconhecidos atributos de Guebuza como promotor do desenvolvimento nacional, da Unidade Nacional, da participação democrática, da expansão das infra-estruturas viárias, ferro-portuárias, de energia, hidráulicas e outras, Castel-Branco insiste em ensinar-nos que não vê “nada que justifique a atribuição do nome de Armando Emílio Guebuza à ponte”. Sintomaticamente, o zangado articulista não avança nenhuma sugestão de nome, numa clara demonstração de que qualquer nome MOÇAMBICANO que fosse dado àquela majestosa ponte seria por ele rejeitado. A propósito, na sua truculenta prosa, Castel-Branco informa-nos que, na única(?) sessão do Conselho de Ministros não presidida pelo PR “foram rejeitadas opções claramente mais neutras e unificadoras sem qualquer justificação aceitável...”. Já agora, pode Castel-Branco informar-nos quais foram essas outras opções apresentadas na sessão? Quem apresentou essas outras opções que foram rejeitadas? E tem mesmo a certeza de que o Presidente da República esteve presente em todas as outras sessões do Conselho de Ministros, para além daquela que deliberou o nome da ponte?

Num exercício demagógico e populista, Castel-Branco traça um perfil epopeico da travessia do Zambeze pelos combatentes da luta de libertação nacional, do qual tenta desesperadamente dissociar Guebuza. Diz o zangado articulista que a “travessia do Zambeze pelos guerrilheiros da FRELIMO foi um dos marcos fundamentais na construção da vitória sobre o colonialismo”. Talvez recordar a Castel-Branco que Guebuza, ainda adolescente, se envolveu na luta contra o colonialismo como dinâmico, esclarecido e respeitado líder estudantil. Como parte da doirada e heróica juventude dos inícios da década 60, Armando Guebuza foi um destemido lutador clandestino, enfrentando diariamente o perigo da delação, da prisão, da tortura e do assassinato pelas forças repressivas coloniais, racistas e fascistas. Ávido duma participação mais activa na eliminação dos obstáculos à nossa independência, Guebuza engajou-se na acção directa, nos primórdios do desencadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional. Ele foi um importante factor de coesão interna na Frente de Libertação, de elevação da moral combativa e do sucesso da luta de libertação nacional. Guebuza é parte indissociável do processo da travessia do Rovuma, do Lúrio, do Lugenda, do Luenha, do Messalo, do Luambala, do Munduzi, do Licungo, do Zambeze e de todos os outros rios da nossa libertação. Ele e os seus companheiros, apenas por estes feitos impossíveis de serem emulados de novo, merecem que os seus nomes honrem hoje e sempre as avenidas grandiosas que continuaremos a construir, as pontes majestosas que continuaremos a construir, as cidades de futuro que nos propomos fundar, as universidades da nossa libertação. Não posso, pois, concordar com Castel-Branco quando diz que para essas grandiosas obras não serve o nome de nenhum moçambicano, vivo ou morto. Diferentemente de umas poucas pessoas a quem falta o sentido de auto-estima, a maioria dos Moçambicanos orgulham-se do Moçambique que se vislumbra e eles vêem nos espelhos que se formam nas lagoas, riachos, rios e lagos deste belo país. E o Moçambique que muitos de nós vemos não é abstracto. Eu próprio corporizo esse Moçambique. Castel-Branco é parte desse Moçambique. As minhas obras, os meus fracassos são constitutivos desse Moçambique. A “carta” zangada de Castel-Branco revela esse Moçambique diverso. E muitos de nós temos imenso orgulho em tudo isso. E para manifestar esse orgulho seleccionamos algumas das nossas melhores obras e os seus principais impulsionadores para serem o símbolo da nossa grandeza de hoje e de amanhã. Essas acções e esses homens podem e hão-de continuar a emprestar os seus nomes às inúmeras pontes que continuamos a construir. Queremos, apesar de vocês, imortalizar nossa história com obras moçambicanas, com nomes moçambicanos.

Julgo importante destacar algumas linhas de força patentes na “carta” de Castel-Branco. A primeira toma forma num mal disfarçado azedume, quiçá filho de despeito, em relação à figura de Armando Emílio Guebuza e suas opções de governação. É um azedume tão cego e injusto que, apesar de bastante longo, o seu artigo não faz a mínima tentativa de fundamentar. A segunda é o recurso a alegações infundadas para patentear a sua manifesta falta de consideração com a figura do Chefe de Estado. Uma dessas alegações é a de que Guebuza está a enveredar pela via do culto de personalidades. O Culto da Personalidade ou Culto à personalidade é uma estratégia de propaganda política baseada na exaltação das virtudes - muitas vezes supostas - do governante. O culto inclui cartazes gigantescos com a imagem do líder, constante bajulação do mesmo por parte de meios de comunicação e perseguição aos dissidentes do mesmo. Guebuza não precisa de inventar virtudes porque tem obra feita. A maioria dos jornais e outros órgãos de comunicação estão prenhes de críticas à governação de Guebuza. O facto de Castel-Branco ter publicado sua carta dissidente nos blogues, no Canal de Moçambique, no Magazine Independente e continuar tranquilamente a exercer as suas actividades de docência, investigação e consultoria é prova bastante de que a dissidência não é perseguida em Moçambique. Em minha opinião o que há em Moçambique são processos de análise da vida política centrados na personalidade do governante. A própria carta de Castel-Branco é um exemplo de como se avalia um governo pela pessoa do político. E isto é negativo. Não se avalia um governo pela pessoa do político. Para avaliar um governo, é preciso deixar de lado as características pessoais e verificar a que interesses estas políticas atendem e a quem atendem principalmente. E, para avaliar estas políticas, temos parâmetros: o projecto de sociedade que queremos construir, as políticas que podem ser feitas para levar a este projecto. O nosso critério não é “Guebuza” ou “Chissano” ou “Samora”. Quem usa este critério pratica o velho “culto à personalidade”. Ou o “ataque à personalidade” que não é uma prática menos viciosa que a primeira.

Mostrando desvelo e preocupação pelo futuro político de Guebuza, Castel-Branco sentenceia que “politicamente, ele (Armando Guebuza) perde mais com isto do que ganha” e expessa, por fim, o seu ardente desejo de que a FRELIMO perca as eleições e o poder. Podemos tranquilizar e, ao mesmo tempo, desiludir o zangado articulista informando-o que a imagem e o prestígio de Guebuza e da FRELIMO estão bastante bem protegidos. A imagem de Guebuza combatente, a imagem de Guebuza promotor de um desenvolvimento integrado centrado no distrito, a imagem de um Guebuza apostado em resgatar o moçambicano da aldeia mais remota da abjecta miséria para a modernidade está na memória do povo.

Fonte: Semanário Magazine Independente


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terça-feira, agosto 11, 2009

Vem Aí as Eleições

Um dos temas mais recorrentes na blogosfera (e não só) nos últimos tempos é a juventude e o seu papel e influência no desenvolvimento do país e na tomada de decisões.

Eu próprio falo de algo como A Voz da Juventude lá na subversividade de ideias.

Não podia ser de outra forma. As últimas aparições de jovens em espaços de debate tem demonstrado algum desnorte; alguma falta de clareza sobre os reais problemas da classe, bem como sobre as possíveis soluções.

Vem aí as eleições.

Deverão ser meros difusores de manifestos políticos ou, antes, inseridos nas organizações existentes em prol da juventude devem estes apresentar as suas ideias e definir uma agenda para o próximo quinquénio?

A questão fundamental é: temos consciência do nosso papel, da nossa força e da necessidade sermos mais do que meros cantores e animadores de campanha?

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quinta-feira, agosto 06, 2009

PONTE ARMANDO GUEBUZA SOBRE O RIO ZAMBEZE

PONTE ARMANDO GUEBUZA - MOÇAMBIQUE
ARMANDO GUEBUZA BRIDGE - MOZAMBIQUE

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