segunda-feira, julho 26, 2010

PRESIDENTE DOS SONHOS PARA MOÇAMBIQUE

Por: Eugénio Chimbutane
Compatriotas,

Não podia ficar alheio ao debate sobre o novo presidente de Moçambique, que apesar de ainda incipiente, promete. Infelizmente, a figura do presidente da república está muitas das vezes associada ao sucesso ou fracasso no progresso de vários países a nível mundial, sobretudo nos menos desenvolvidos.

Os países africanos e Moçambique em particular passaram por vários contextos que ditaram o tipo e perfil de presidentes que tivemos até então.

Actualmente, fazendo parte dos cidadãos que irão contribuir directa ou indirectamente para a escolha do presidente ideal para Moçambique, achei importante traçar o perfil do meu presidente dos sonhos.

Sem má intenção, continuo a acreditar que o novo presidente sairá das fileiras da FRELIMO. Sinceramente falando, pelo menos até agora, ainda não surgiu em Moçambique um candidato ou partido da oposição com um discurso coerente e que possa desviar o voto do partido que se pretende milenar.

Portanto, a oposição tem muito que re-afinar a sua estratégia de actuação em Moçambique, o que passa por vários desafios (um dia vou colocar um artigo sobre isto), nomeadamente:

(i) Como identificar e combater infiltrados nesses partidos.

(ii) O desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade económico-financeira.

(iii) A preparação de figuras coesas, limpas, sem rabos-preso no passado recente de libertação do país ou de guerra desestabilização.

(iv) A capacidade de passar do discurso para a acção. Por exemplo, em vez de prometer mundos e fundos durante as campanhas eleitorais, deviam praticar acções de responsabilidade social, como constituir e oferecer uma escola ou furo de água a uma comunidade X.

(v) Aparecer no quotidiano com posicionamentos bem pensados e suportados cientificamente por uma massa cinzenta que deverá ser criada no seio desses partidos;

(vi) E vários outras estratégias e posturas que irei discutir no artigo que irei dedicar à Oposição em Moçambique: Que Estratégias?

Nesta ordem de ideias, até prova em contrário, o meu presidente dos sonhos só poderá sair da FRELIMO.

O meu sonho é de que esse presidente devia ser um economista. Alias, tenho defendido isto para todos os países em desenvolvimento (prefiro chamá-los pobres).

Não quero com isto dizer que outros profissionais não tenham capacidade. Mas um economista, dada a sua inclinação para o estudo de estratégias de desenvolvimento, poderia tirar o país da pobreza mais rápido que um outro profissional formado em outras áreas ou sem formação específica.

Aqui, quando falo de economista não me refiro a pessoas que andaram a ter o ABC de economia nos MBAs ou em outras aventuras. Refiro-me a um economista de raiz, dotado de bases sólidas e ferramentas próprias para resolver os problemas de desenvolvimento.

Há quem possa dizer que estou a exigir demais para um presidente, que ele não governa sozinho, vai ter sempre assessores, etc. Isso até pode ser verdade e que há vários exemplos no mundo, que mesmo sem serem economistas, os presidentes conseguiram promover desenvolvimento sustentável e progresso dos seus países.

Mas compatriotas, sejamos realistas. África (Moçambique em particular) precisa de presidentes economistas, porque tirar o país da pobreza é uma questão urgente. Para corresponder com esse desafio, precisamos de um presidente que esteja no centro dos acontecimentos. Precisamos de um verdadeiro actor de desenvolvimento e que todas as políticas traçadas estejam no cerne da sua criatividade e imaginação.

Para completar o dueto, um grande e visionário presidente economista, devia também estar acompanhado por um Ministro de Desenvolvimento robusto (de preferência economista), com posições próprias e até de certa forma académicas e filosóficas sobre o desenvolvimento.

Naquela semana das celebrações do 25 de Junho, dia da nossa independência, andei a ler vários jornais, com o objectivo de ver (do rol as figuras abordadas, aquela que tinha uma abordagem de um verdadeiro estadista. A maioria era aquela base: lamber botas até brilharem. Mas em certa medida, acho eu, que foi no Semanário Domingo, deparei-me com Tomás Salomão tocando no ponto essencial e demonstrando uma visão clara sobre as principais linhas que Moçambique deverá tomar rumo ao desenvolvimento.

Apesar de não ter lido muito Tomás Salomão, até ao ponto de pegar a sua filosofia do desenvolvimento, acho que devíamos prestar um pouco mais de atenção nesta figura. Este é o perfil de presidente dos meus sonhos. Acredito haver muito mais figuras, economistas, escondidas tanto internamente como no exterior.

Obviamente, associado à sua robustez e visão sobre o desenvolvimento (não aquele equacionado em planos quinquenais), o presidente dos meus sonhos deverá possuir valores e princípios humanísticos, democráticos, de inclusão, equidade e uma política clara de redistribuição de rendimento. E cativar! Sempre! Não com discursos messiânicos, mas com propostas de soluções possíveis, associadas à uma capacidade de colocar meios e recursos para podermos a arrancar.

Votos de uma boa escolha. E Escolham um Moçambique melhor!
Eugénio Chimbutane

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