quinta-feira, dezembro 24, 2009

OPÇÕES DEMOCRÁTICAS DOS MOÇAMBICANOS VERSUS AS DOS DOADORES?


Por Gustavo Mavie

O académico norte-americano, Noam Chomisky, diz, num dos seus mais recentes livros ´´Hegemony or Survival´´, que os povos que querem encarar a sua responsabilidade com um empenho genuíno à democracia e liberdade, devem sempre ter em conta que terão à sua frente, muitas barreiras internas e externas por transpor nessa sua marcha democrática e libertária.

O que me trouxe de volta à memória esta asserção de Chomsky, contida nesse seu livro que numa tradução livre seria Hegemonia ou Sobrevivência, é a ameaça do G19, divulgada via Savana, de que poderá cortar, a partir do próxomo ano, a ajuda financeira a Moçambique, a menos que o actual(?) executivo, ou, já agora, o que o Presidente re-eleito Armando Guebuza irá ainda formar no próximo ano, não venha a aceitar as exigências que estes 19 parceiros(?) interpuseram agora para que sejam postas em prática por esse seu futuro executivo.Quer dizer, é um TPC antecipado, para um Governo desconhecido e cujas intenções e agenda se descongecem também.

Tudo indica que terá sido esta reiteirada opção democrática da maioria dos moçambicanos, de terem apostar de novo e fortemente na mesma Frelimo e no mesmo Guebuza nas últimas eleições gerais realizadas a 28 de Outubro passado., que agora se levantam barreiras. Agora está mais do que claro que esta sua pção não agradou somente alguns sectores internos, mas também os externos que, diga-se em abono da verdade, tem como agravante o facto de estarem a viver e conviver connosoco aqui no Pais, daí que tudo têm feito para influenciar as suas capitaiis para nos colocarem na lista negra, quando até pelo menos Setembro último, vinhamos recebendo a sua ajuda normalmente, para já no meio de renovados elogios e promessas de se aumentar cada vez mais pelos anos que viriam com os tempos.

No ror de questões que o G19, aliás, que os seus embaixadores aqui advogam como sendo o pomo de discórdia que os coloca em colisão com o actual executivo moçambicano e, por inerência incrível, com o que o irá suceder a ele no trono já em 2010, destaca o que considera ser erros de governação, combate simbólico e não sério à corrupção, males estes que, segundo eles, vieram ter como catalizador máximo, aquilo que consideram como tendo sido uma maneira menos correcta, na organização e realziação das últimas eleições gerais que tiveram lugar no pais a 28 de Outubro.

Este posicionamento do G19, melhor, desses embaixadores, está a suscitar todo o tipo de comentários e conclusões, sendo nota dominante, que o que na verdade está por detrás desta mão dura dos chamados parceiros de Moçambique, é o facto de que o partido da sua eleição nestas eleições que neste caso é o MDM de Davis Simango – não foi o preferido pela maioria dos eleitores moçambicanos. Quase todos os analistas convergem nesta conclusão e acham que é somente por causa disso, que agora o G19 ergue as tais barreiras de que fala Chomsky, e que poderão agora envenenar o donativo que os moçambicanos têm estado a receber. Como sempre em política, os embaixadores do G19, farão tudo para não dizer o que de facto lhes vai na alma, que seria reconhecer que o pecado mortal dos moçambicanos, foi terem voltado a votar na Frelimo e em Armando Guebuza. Todo aquele que se deu tempo e atenção mínima para acompanhar a parte embrionária desta grande mhaka que divide o executivo moçambicano e o G19 – facilmente chegará à mesma conclusão de que foi no momento pre-eleições que tudo começou e que tudo o que se possa dizer agora como causa, são apenas novas vestes e cores para um mesmo e unico problema – que é não ter sido o MDM a ganhar, e que é por isso que os moçambicanos poderão ser alvos de sanções económicas, para que sintam a dor das carências, e por essa via, passem a ter mais juízo e encarem a Frelimo e os seus dirigentes não como os bons da fita, mas sim, algo ruim que deve ser finalmente atirado à lata da historia. Assim esperam os mentores desta estratégia de por freio à assistência do G19, porque sabem que as suas doações contribuem para a boa imagem da Frelimo, dado que é com parte do dinheiro que doam, que faz com que os governos da Frelimo constroam escolas, pontes, estradas, hospitais e outras infra-estruturas que permitem que esta Frelimo cumpra sempre o que promete.

Reitero que foi na fase pre-eleitotral que este Grupo começou a exibir os seus músculos, e deixou muito claro, que para ele, as eleições que iriam ter lugar a 28 de Outubro passado agora, nunca seriam do seu pleno reconhecimento, e muito menos aplaudiriam o seu resultado, se o MDM não concorressem em todo o País ou, melhor dito, não fosse o seu vencedor. Para este Grupo, melhor dito, para os mais poderosos ou influentes deste Grupo, o MDM tinha que concorrer em todo o pais, independentemente de ter ou não se organizado para isso, daí que os seus embaixadores tenham tentado, à última da hora, forçar o adiamento destas eleições e levar o governo a re-convocá-las para uma data à-posterior. Com esta sua tentativa, pretendiam emprestar mais tempo ao seu predilecto MDM, para melhor se organizar e organizar melhor os seus processos que, neste caso, os havia entregue atabalhodamente à CNEno último dia e últimos 10 minutos da última hora em que terminava o prazo que se havia dado a todos os partidos para submeterem as suas candidaturas àquele orgão eleitoral. Estas eleições só não foram adiadas, porque o governo de Guebuza fincou firmemente o pé, valendo-se, para tal, não da força, mas pelas evidêbncias a todas as luzes irrefutáveis, de que a exclusão parcial decretada pela CNE contra o MDM, e certos outros partido, não tinha outros culpados que não o próprio MDM e esses outros que haviam sido exluídos também. Havia provas de que a CNE agiu apenas e inevitávelmente, como aquele professor que dá nota negativa a um aluno, em função das más respostas que ele fez, e não por falta de vontade de o deixar passar.

AS INCONGRUÊNCIAS DO POSICIONAMENTO DOS EMBAIXADORES DO G19

Uma análse fria e profunda deste problema, leva-nos a concluir que o pomo da discórdia não se funda no que se diz no documento que os representantes do G19 em Maputo interpuseram em nome dos seus paises, mas sim, no facto de que há entre esses representantes do G19 aqui em Maputo, aqueles que nutrem uma repulsa pela Frelimo e seus dirigentes, e que, por isso, bem gostariam que os moçambicanos tivessem optado por uma outra formação política, mormente o tal MDM. Este é o problema de facto, e não vale apena alegar que estão a ser pressionados pelas sua capitais. Se o estão sendo, o problema continua sendo dos seus respresentantes, porque certamente não terão reportado a desmedida ambição e grande desorganização do MDM. Se o tivessem feito de forma completa, verdadeira e isenta, e se tivessem dito que já se começou a sério o combate à corrupção, e que até há entre os cerca de 60 detidos alguns ministros e PCA´s já em julgamento, nunca podiam estar sob pressão alguma.

Portanto, tudo o que dizem é apenas para não dizer que não gostam da Frelimo, daí que optem por recorrer a alegações infudadas, como as tais que constam no último Savana. Digo isto porque, não faz sentido nenhum mesmo, que este G19 ou, já agora, que aqueles que no seu seio se valem do nome deste Grupo para tentar realizar os seus intentos inconfessados,estejam a colocar condições prévias para um governo que ainda não viu a luz do Sol, e muito meno se conhece os seus ministros como a sua agenda.

Para mim, não pode ser sensato e muito menos aceitável, que se ameace um governo que ainda não existe. Será que o G19 colocaria mesmo, o mesmo ultimato, caso o vencedor destas eleições tivesse sido o MDM ou, já agora, a desgastada e fragilizada Renamo do imprevisível e inconsistentemente inconsistente Afonso Dhlakama?

Na minha opinião, o G19 entrou completamente no mato ou, pelo menos está sendo arrastado por alguns dos seus membros a entrar, daí que penso que deve ter a corragem suficiente para se redimir e recuar do abismo em que caminha, se de facto acha que é um genuíno parceiro de Moçambique ou dos moçambicanos. Doutro modo, o G19 será visto pelos moçambicanos como um novo timoneiro do colonialismo que, como sabemos por experiência, só usava a linguagem da ameaça e a própria força no seu relacionamento com os moçambicanos. Isto porque numa parceria genuinamente genuina, que se insere, portanto, na cooperação entendida como sendo um processo de ajuda mútua ou de dar algo para receber algo em troca, não se pode nunca recorrer a uma linguagem ameaçadora, e muito menos chantagista.

Vinco isto porque cooperação deve ser de facto um acto de dar a alguém o que se tem em demasiado, para se receber deste o que ele também tem em abundância, como bem o defeniu o lendário antigo presidente egipcio, Abdel Gamal Nasser.

Ora, se de facto o G19 entende que é isto o que está a acontecer no seu relacionamento com os moçambicanos, então não pode ameaçar aquele de quem tem recebido algo em troca do que lhe tem dado. É que na verdade, está provadíssimo que não há nenhum país neste mundo, pior mais poderoso e rico que seja, que se limita a dar aos outros sem que tenha algo a receber daqueles a quem dá. Tanto é que, estudos de todos os tempos feitos por especilistas em economia mundial e trocas comerciais entre paises, mostram que as doações que as nações ocidentais têm doado aos do terceiro mundo, como Moçambique, não são mais do que uma devolução mínima das imensuráveis riquezas que essas nações ocidentaias exploram a preços de banana nessas terceiro-muindistas. Infelizmente, o tempo e o espaço não me permitem que entre em detalhes sobre este assunto, mas fica assente que os pouco mais de 400 milhões de dólares que o G19 tem dado a Moçambique, é de facto uma mínima devolução do que têm tirado neste país como noutros abençoados com imensuráveis recursos naturais ou matérias primas que ainda não estão em condições de os transformar e dar-lhes mais valia antes de os exportar.

Só para se ter uma ideia do que quero aqui dizer, é que as fabricas ocidentais que têm produzido automóveis luxuosos que depois nos têm vendido a preços de ouro, 75 % da matária prima com que os produzem extraem ou importam dos países africanos a preços de banana. Assim dito, não faz sentido que nos tratem como vassalos e muito menos como bestas para carga tal como o faziam os colonialistas. O G19 está sendo levado a tentar fazer o mesmo por alguns dos seus membros mais radicais e que são contra as opções democráticas dos moçambicanos. A persistirem nesta linguagem, os nossos lideres e nós própios como povo, poderemos chegar à conclusão de que este tipo de cooperação é do estilo colonial de que falava o antigo presidente francês Mitterrand, e assim teremos de optar de novo, por cooperar apenas com os que ontem nos ajudaram a nos libertar da colonização, como é o caso da agora China que, para o agrado de nós moçambicanos, se vai tornando numa superpotencia economica. Julgo que caso isto aconteça, o G19 sairá a perder, al como foram os paises ocidentais a perder a guerra colonial que moveram contra os pacíficos povos do resto do mundo que eram e são genuinamente democraticcos e amantes da sua liberdade como defendem a igualdade entre os homens de todos os continentes e cores.

gustavomavie@gmail.com

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