Por: Fanhana
Nada tenho de pessoal contra Manuel Araújo que o admirei por ter um dos primeiros jovens a saltar do sistema, do ministério da juventude (departamento de relações externas) e tomar um rumo outro com posições que iam contra as contínuas tentativas de "enquadramento" da juventude em Moçambique. Acompanhei pela documentação nas minhas pesquisas o interesse e luta que travou em prol dos jovens em Moçambique na altura da criação do CNJ em Xaixai com o seu grupo "qualquer coisa da mudança" na companhia do actual boss do Parlamento Juvenil na qual perderam porque o vermelhão não tinha confiança neles e queria assaltar o CNJ o que veio acontecer até hoje.
Preocupa-me a entrevista que ele fez no último Magazine Independente saído hoje terça-feira. A primeira feita ao mesmo jornal um pouco depois da criação do MDM e antes das eleições até gostei, era mais desapaixonada, mais profícua na análise e era visionária nas propostas em relação ao cenário político nacional. Nesta última embora reconheça MEA CULPA no "regresso ao mono partidarismo" acho que na análise que faz da Renamo está sendo COVARDE demais para alguém que foi membro activo e deputado parlamentar durante uma legislatura inteira (5 anos) pela Renamo e sobretudo peca por querer ser um OUTSIDER do processo de regresso ao mono partidarismo e fragilização da Renamo.
No dicionário que tenho vem que "covarde" é igual a "cobarde" que significa "que ou aquele que não tem coragem; poltrão; medroso; traiçoeiro; que trai". É isso mesmo que quero dizer dele e acrescento o facto de querer se fazer passar de BOM SAMARITANO POLÍTICO. Porquê cobarde? Primeiro eu pessoalmente tinha tantas expectativas com a sua entrada no Parlamento para que dinamizasse do ponto de vista político-partidário (na Renamo) e legislativo (na assembleia) que "a (s) juventude (s) " fosse prioridade "de facto" e não "de jure". Que a juventude deixasse de ser slogan político em ambos partidos. Não me lembro de alguma iniciativa legislativa pró jovens por si ou pelo seu grupo parlamentar apresentado. Não me lembro de um movimento de advocacia ou interpelação ao governo, sociedade civil sobre algum assunto que preocupasse a juventude. Não me lembro em algum momento nas sessões de perguntas ao governo ter "encostado" o ministério da juventude ou seu representante máximo sobre políticas concretas e programas específicos pró jovens. Existe a politica nacional da juventude que hiberna nas gavetas e cujo esboço de rectificação já está desactualizado; existe a Carta africana da juventude, uma espécie de declaração pró jovens que deveria orientar as políticas governamentais para jovens assinada pelos chefes de estado da União Africana incluindo Moçambique, não me lembro de ter se batido nela para ser conhecida pelas organizações de jovens e com base nela interpelarem o governo; não me lembro de ter se batido nela na Assembleia, embora conheça-a e participe muito nos fóruns regionais e continentais onde esses instrumentos orientadores de políticas e programas são desenhados e aprovados. Neste sentido, acho que traiu anseios de alguma juventude que tinha esperança. E, tinha a vantagem de fazer parte de um partido menos totalitário.
O segundo ponto de discórdia com ele que é cobardia é o posicionamento que faz da situação da Renamo, sobretudo a sua fragilização. Acusa o líder do Partido de ter traído o povo e os membros, acusa-o de se ter vendido por cinco dinheiros. Pouco conheço das dinâmicas internas lá dentro senão do que vem a imprensa, mas nesse ponto creio que também Manuel Araújo foi um "Judas" na Renamo, foi dos que menos se posicionou explicita e publicamente em relação ao que se passava internamente, sempre preferiu o silêncio e as fugidinhas para o exterior. Quantas vezes sentou com o líder do partido para lhe sugerir algo de solução em relação a situação interna da Renamo? Quais foram os conselhos que deu ao líder e/ou aos órgãos internos que não foram acatados? Alguma vez terá sentado com a Liga da Juventude da Renamo para propor algo de alternativo em relação a forma como o partido deveria ser gerido e funcionar? Contrariamente aos seus homólogos "académicos/intelectuais" que vieram ao público e criticaram e até atiraram a toalha ao chão, o Manuel Araújo preferiu o silêncio, para mim um silêncio estratégico. Para mim ele tanto culpado como Dlhakama que o acusa, para mim ele também é tanto Judas como Dlhakama que o acusa.
Eu atrevo-me a dizer que se Dlhakama se vendeu por CINCO DINHEIROS, o Manuel Araújo se vendeu por VIAGENS. Quando aproximavam os momentos quentes para tomar posição internamente, ele viajava. Dirá que as viagens feitas fora foram fruto de relações tecidas antes de ser deputado ou à custa de habilidades pessoais de se relacionar. Sim de acordo, mas o facto de ser deputado da Renamo ajudou a estender e consolidar a rede dessas relações externas que muitas das vezes tinham que ser em benefício do partido Renamo, mas que o deputado capitalizou em redes pessoais. Não estou a lhe acusar de nada, mas o sr. fazia parte das relações externas da Renamo e ai ninguém se preocupou consigo, foste as conferências de partidos da oposição, cimeiras sobre assuntos quentes globais, reuniões de parlamentares africanos, da SADC, etc., etc. tudo isso a custa da Renamo. Todavia, não me lembro em algum momento ter visto a Renamo a assinar algum memorando de entendimento, acordos de parceria política, acordos de apoio político institucional e técnico (que tanto o partido precisava para desenvolver-se institucionalmente) etc., etc. com seus homólogos externos, como prova da sua produtividade no exterior como membro e deputado da Renamo. Se havia viagens de natureza pessoal, as minhas desculpas, mas acho que deixou uma fronteira cinzenta de forma deliberada entre as viagens institucionais do partido e as suas pessoais, para tirar benefício próprio disso, provavelmente.
Finalmente considero-o o culpado também e mais uma vez covarde porque nunca quis se assumir como político no activo. Quando académico quis ser político e fez politica até entrar no Parlamento. Já no parlamento como deputado, não quis meter a mão ou a cabeça na massa como político, vestiu a capa de um académico emprestado de político. Não há problema em adoptar esses malabarismos, que até são típicos do campo em que está a agir, o problema para mim é vir no fim tomar uma posição do tipo "os outros é que são culpados", uma posição de um "não me misturem no fracasso", do tipo "eu nunca bati em nenhuma lata no parlamento" e sobretudo do tipo "quando se batiam nas reuniões eu não estava". Enfim o problema grave que tenho intelectualmente com Manuel Araújo é querer se fazer agora de um OUTSIDER tanto dos problemas da Renamo como dos problemas do Parlamento. Ele é tanto culpado como a liderança da Renamo porque não fez nada. Os que se bateram e viram que a pedra não ia furar com tanta água que deitavam, atiraram a toalha e saíram publicamente para não se identificar com esses processos. Se ele não o fez, é porque o mel estava bom. Se estiver errado, a sua trajectória cívica política no futuro vai me demonstrar.
Não é nada pessoal, apenas acho que não pode saltar fora desse jeito, fere o nosso bom senso.
Estou aberto a um rebater de argumentos Tète à tète
Prospero 2010 a todos.
Hahatawonana
quarta-feira, dezembro 30, 2009
Manuel Araújo está a sendo cobarde ao se passar de OUTSIDER na Renamo
quinta-feira, dezembro 24, 2009
OPÇÕES DEMOCRÁTICAS DOS MOÇAMBICANOS VERSUS AS DOS DOADORES?
Por Gustavo Mavie
O académico norte-americano, Noam Chomisky, diz, num dos seus mais recentes livros ´´Hegemony or Survival´´, que os povos que querem encarar a sua responsabilidade com um empenho genuíno à democracia e liberdade, devem sempre ter em conta que terão à sua frente, muitas barreiras internas e externas por transpor nessa sua marcha democrática e libertária.
O que me trouxe de volta à memória esta asserção de Chomsky, contida nesse seu livro que numa tradução livre seria Hegemonia ou Sobrevivência, é a ameaça do G19, divulgada via Savana, de que poderá cortar, a partir do próxomo ano, a ajuda financeira a Moçambique, a menos que o actual(?) executivo, ou, já agora, o que o Presidente re-eleito Armando Guebuza irá ainda formar no próximo ano, não venha a aceitar as exigências que estes 19 parceiros(?) interpuseram agora para que sejam postas em prática por esse seu futuro executivo.Quer dizer, é um TPC antecipado, para um Governo desconhecido e cujas intenções e agenda se descongecem também.
Tudo indica que terá sido esta reiteirada opção democrática da maioria dos moçambicanos, de terem apostar de novo e fortemente na mesma Frelimo e no mesmo Guebuza nas últimas eleições gerais realizadas a 28 de Outubro passado., que agora se levantam barreiras. Agora está mais do que claro que esta sua pção não agradou somente alguns sectores internos, mas também os externos que, diga-se em abono da verdade, tem como agravante o facto de estarem a viver e conviver connosoco aqui no Pais, daí que tudo têm feito para influenciar as suas capitaiis para nos colocarem na lista negra, quando até pelo menos Setembro último, vinhamos recebendo a sua ajuda normalmente, para já no meio de renovados elogios e promessas de se aumentar cada vez mais pelos anos que viriam com os tempos.
No ror de questões que o G19, aliás, que os seus embaixadores aqui advogam como sendo o pomo de discórdia que os coloca em colisão com o actual executivo moçambicano e, por inerência incrível, com o que o irá suceder a ele no trono já em 2010, destaca o que considera ser erros de governação, combate simbólico e não sério à corrupção, males estes que, segundo eles, vieram ter como catalizador máximo, aquilo que consideram como tendo sido uma maneira menos correcta, na organização e realziação das últimas eleições gerais que tiveram lugar no pais a 28 de Outubro.
Este posicionamento do G19, melhor, desses embaixadores, está a suscitar todo o tipo de comentários e conclusões, sendo nota dominante, que o que na verdade está por detrás desta mão dura dos chamados parceiros de Moçambique, é o facto de que o partido da sua eleição nestas eleições – que neste caso é o MDM de Davis Simango – não foi o preferido pela maioria dos eleitores moçambicanos. Quase todos os analistas convergem nesta conclusão e acham que é somente por causa disso, que agora o G19 ergue as tais barreiras de que fala Chomsky, e que poderão agora envenenar o donativo que os moçambicanos têm estado a receber. Como sempre em política, os embaixadores do G19, farão tudo para não dizer o que de facto lhes vai na alma, que seria reconhecer que o pecado mortal dos moçambicanos, foi terem voltado a votar na Frelimo e em Armando Guebuza. Todo aquele que se deu tempo e atenção mínima para acompanhar a parte embrionária desta grande mhaka que divide o executivo moçambicano e o G19 – facilmente chegará à mesma conclusão de que foi no momento pre-eleições que tudo começou e que tudo o que se possa dizer agora como causa, são apenas novas vestes e cores para um mesmo e unico problema – que é não ter sido o MDM a ganhar, e que é por isso que os moçambicanos poderão ser alvos de sanções económicas, para que sintam a dor das carências, e por essa via, passem a ter mais juízo e encarem a Frelimo e os seus dirigentes não como os bons da fita, mas sim, algo ruim que deve ser finalmente atirado à lata da historia. Assim esperam os mentores desta estratégia de por freio à assistência do G19, porque sabem que as suas doações contribuem para a boa imagem da Frelimo, dado que é com parte do dinheiro que doam, que faz com que os governos da Frelimo constroam escolas, pontes, estradas, hospitais e outras infra-estruturas que permitem que esta Frelimo cumpra sempre o que promete.
Reitero que foi na fase pre-eleitotral que este Grupo começou a exibir os seus músculos, e deixou muito claro, que para ele, as eleições que iriam ter lugar a 28 de Outubro passado agora, nunca seriam do seu pleno reconhecimento, e muito menos aplaudiriam o seu resultado, se o MDM não concorressem em todo o País ou, melhor dito, não fosse o seu vencedor. Para este Grupo, melhor dito, para os mais poderosos ou influentes deste Grupo, o MDM tinha que concorrer em todo o pais, independentemente de ter ou não se organizado para isso, daí que os seus embaixadores tenham tentado, à última da hora, forçar o adiamento destas eleições e levar o governo a re-convocá-las para uma data à-posterior. Com esta sua tentativa, pretendiam emprestar mais tempo ao seu predilecto MDM, para melhor se organizar e organizar melhor os seus processos que, neste caso, os havia entregue atabalhodamente à CNEno último dia e últimos 10 minutos da última hora em que terminava o prazo que se havia dado a todos os partidos para submeterem as suas candidaturas àquele orgão eleitoral. Estas eleições só não foram adiadas, porque o governo de Guebuza fincou firmemente o pé, valendo-se, para tal, não da força, mas pelas evidêbncias a todas as luzes irrefutáveis, de que a exclusão parcial decretada pela CNE contra o MDM, e certos outros partido, não tinha outros culpados que não o próprio MDM e esses outros que haviam sido exluídos também. Havia provas de que a CNE agiu apenas e inevitávelmente, como aquele professor que dá nota negativa a um aluno, em função das más respostas que ele fez, e não por falta de vontade de o deixar passar.
AS INCONGRUÊNCIAS DO POSICIONAMENTO DOS EMBAIXADORES DO G19
Uma análse fria e profunda deste problema, leva-nos a concluir que o pomo da discórdia não se funda no que se diz no documento que os representantes do G19 em Maputo interpuseram em nome dos seus paises, mas sim, no facto de que há entre esses representantes do G19 aqui em Maputo, aqueles que nutrem uma repulsa pela Frelimo e seus dirigentes, e que, por isso, bem gostariam que os moçambicanos tivessem optado por uma outra formação política, mormente o tal MDM. Este é o problema de facto, e não vale apena alegar que estão a ser pressionados pelas sua capitais. Se o estão sendo, o problema continua sendo dos seus respresentantes, porque certamente não terão reportado a desmedida ambição e grande desorganização do MDM. Se o tivessem feito de forma completa, verdadeira e isenta, e se tivessem dito que já se começou a sério o combate à corrupção, e que até há entre os cerca de 60 detidos alguns ministros e PCA´s já em julgamento, nunca podiam estar sob pressão alguma.
Portanto, tudo o que dizem é apenas para não dizer que não gostam da Frelimo, daí que optem por recorrer a alegações infudadas, como as tais que constam no último Savana. Digo isto porque, não faz sentido nenhum mesmo, que este G19 ou, já agora, que aqueles que no seu seio se valem do nome deste Grupo para tentar realizar os seus intentos inconfessados,estejam a colocar condições prévias para um governo que ainda não viu a luz do Sol, e muito meno se conhece os seus ministros como a sua agenda.
Para mim, não pode ser sensato e muito menos aceitável, que se ameace um governo que ainda não existe. Será que o G19 colocaria mesmo, o mesmo ultimato, caso o vencedor destas eleições tivesse sido o MDM ou, já agora, a desgastada e fragilizada Renamo do imprevisível e inconsistentemente inconsistente Afonso Dhlakama?
Na minha opinião, o G19 entrou completamente no mato ou, pelo menos está sendo arrastado por alguns dos seus membros a entrar, daí que penso que deve ter a corragem suficiente para se redimir e recuar do abismo em que caminha, se de facto acha que é um genuíno parceiro de Moçambique ou dos moçambicanos. Doutro modo, o G19 será visto pelos moçambicanos como um novo timoneiro do colonialismo que, como sabemos por experiência, só usava a linguagem da ameaça e a própria força no seu relacionamento com os moçambicanos. Isto porque numa parceria genuinamente genuina, que se insere, portanto, na cooperação entendida como sendo um processo de ajuda mútua ou de dar algo para receber algo em troca, não se pode nunca recorrer a uma linguagem ameaçadora, e muito menos chantagista.
Vinco isto porque cooperação deve ser de facto um acto de dar a alguém o que se tem em demasiado, para se receber deste o que ele também tem em abundância, como bem o defeniu o lendário antigo presidente egipcio, Abdel Gamal Nasser.
Ora, se de facto o G19 entende que é isto o que está a acontecer no seu relacionamento com os moçambicanos, então não pode ameaçar aquele de quem tem recebido algo em troca do que lhe tem dado. É que na verdade, está provadíssimo que não há nenhum país neste mundo, pior mais poderoso e rico que seja, que se limita a dar aos outros sem que tenha algo a receber daqueles a quem dá. Tanto é que, estudos de todos os tempos feitos por especilistas em economia mundial e trocas comerciais entre paises, mostram que as doações que as nações ocidentais têm doado aos do terceiro mundo, como Moçambique, não são mais do que uma devolução mínima das imensuráveis riquezas que essas nações ocidentaias exploram a preços de banana nessas terceiro-muindistas. Infelizmente, o tempo e o espaço não me permitem que entre em detalhes sobre este assunto, mas fica assente que os pouco mais de 400 milhões de dólares que o G19 tem dado a Moçambique, é de facto uma mínima devolução do que têm tirado neste país como noutros abençoados com imensuráveis recursos naturais ou matérias primas que ainda não estão em condições de os transformar e dar-lhes mais valia antes de os exportar.
Só para se ter uma ideia do que quero aqui dizer, é que as fabricas ocidentais que têm produzido automóveis luxuosos que depois nos têm vendido a preços de ouro, 75 % da matária prima com que os produzem extraem ou importam dos países africanos a preços de banana. Assim dito, não faz sentido que nos tratem como vassalos e muito menos como bestas para carga tal como o faziam os colonialistas. O G19 está sendo levado a tentar fazer o mesmo por alguns dos seus membros mais radicais e que são contra as opções democráticas dos moçambicanos. A persistirem nesta linguagem, os nossos lideres e nós própios como povo, poderemos chegar à conclusão de que este tipo de cooperação é do estilo colonial de que falava o antigo presidente francês Mitterrand, e assim teremos de optar de novo, por cooperar apenas com os que ontem nos ajudaram a nos libertar da colonização, como é o caso da agora China que, para o agrado de nós moçambicanos, se vai tornando numa superpotencia economica. Julgo que caso isto aconteça, o G19 sairá a perder, al como foram os paises ocidentais a perder a guerra colonial que moveram contra os pacíficos povos do resto do mundo que eram e são genuinamente democraticcos e amantes da sua liberdade como defendem a igualdade entre os homens de todos os continentes e cores.
gustavomavie@gmail.comOPÇÕES DEMOCRÁTICAS DOS MOÇAMBICANOS VERSUS AS DOS DOADORES?
terça-feira, dezembro 22, 2009
Top 5 da Blogosfera Moçambicana - Os melhores blogues de Moçambique 2009
Top 5 da Blogosfera Moçambicana - Os melhores blogues de Moçambique 2009
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Sobre a Carta do Marcolino Moco
Vi a carta de Marcolino Moco no blog do meu amigo Custódio Duma e, quando a lí, a pergunta que me ocorreu e deixei lá registada foi: “O MPLA era ainda mais fechado no periodo em que o MOCO era Primeiro-ministro e no entanto esse manifesto nunca aconteceu! Porque só acontece agora? Em todo caso, está de parabéns por a ter escrito em algum momento”.
Permitam-me especular e tomara que o tempo nos prove o contrário:
Sobre a Carta do Marcolino Moco
terça-feira, novembro 17, 2009
Sobre o Despertar da Juventude Moçambicana
Sobre o Despertar da Juventude Moçambicana
terça-feira, novembro 03, 2009
Quem efectivamente suporta a economia ?
OS 3 PILARES DA ECONOMIA
NUNCA UMA VERDADE FOI TÃO BEM DITA E EXPLICADA
Quem efectivamente suporta a economia ?
quinta-feira, outubro 01, 2009
O Apocalipse da democracia moçambicana
No primeiro caso um fotógrafo munido de uma camera digital de 12 megapixels tem a possibilidade de fazer mais do que 3 retratos por minuto com uma qualidade e nitidez de imagem invejável. No segundo caso, um artista plástico com ajuda do seu equipamento de trabalho – tinteiro, pincéis, tela, etc. - pode levar um par de horas para fazer um retrato. Porém no final de tudo existem os apreciadores quer de um quer do outro trabalho. Embora o retrato do artista plástico seja de admirar, a sua qualidade e precisão não será a mesma que a dos retratos feitos pelo fotógrafo pois estes levam vantagem a dobrar graças a ajuda da tecnologia. Nesta comparação fica meio embaraçoso atribuir mérito ao trabalho de um em detrimento do outro pois ambos fazem um trabalho semelhante – o de retratar a natureza através de imagens – usando meios diferentes. Naturalmente que um tem a vantagem de usar tecnologias que permitem a rapidez e precisão nos retratos enquanto que o outro tem a vantagem de fazê-lo de forma mais natural mostrando a habilidade humana de observar e retratar na tela.
Escusado seria que um destes se vangloriasse alegando fazer melhor trabalho, muito menos o fotógrafo pois este tem muita parte do seu trabalho facilitado pela tecnologia que usa em sua camera digital de 12 megapixels. Poderíamos no entanto fazer uma transposição deste exemplo para o cenário que se vive na campanha eleitoral de Moçambique (2009) em que perfilam intervenientes com perfis distintos.
Por um lado temos os partidos da oposição e por outro o Partido Estado que vem governando Moçambique desde a sua independência (1975) e que sempre tem levado vantagem nos escrutínios que se vem realizando desde 1994 (1999; 2004). Trata-se portanto de um partido que em principio tem muito para ganhar as eleições comparativamente aos seus opositores. Talvez seja por isso que os partidos da oposição, vezes sem conta, proferiram acusações contra o partido no poder de usar a verba pública para financiar as suas campanhas eleitorais e até mesmo viciar os resultados. Verdade ou não isso não importa neste momento como talvez seria em relação ao discurso actual deste partido na corrida às eleições gerais de 2009. O seu slogan principal reza que a FRELIMO é que fez e quem faz, acrescentando-se à isso uma estação televisiva privada passou uma reportagem sobre a campanha eleitoral deste partido no estrangeiro frisando ser o único a fazê-lo na diáspora comparativamente a oposição.
Ora bem, está-se perante algo semelhante à uma comparação desleal pois o partido no poder tem todas as vantagens possíveis pelo facto de ter um Governo constituido quase que oficialmente pelos seus membros. Naturalmente que é difícil separar os feitos do governo aos do partido. Durante o mandato de 5 anos, o discurso oficial ostenta a bandeira Governamental e na altura da campanha eleitoral a ostentação vira para a bandeira partidária que reivindica para si todos os feitos do Governo. Tal facto seria talvez pouco provável se o Governo fosse inclusivo – incorporando em cargos de direcção alguns membros dos partidos opositores. Numa estrutura governativade miscigenação politico-partidária seria pouco provável a confusão entre as fronteiras do Governo e do partido político dominante. Isso não significa porém que o partido no poder não tenha expressão no seu governo, mas esta deve-se manifestar no sentido fiscalizador e tomada de decisão ao mais alto nível na composição da sua estrutura governativa, sendo o resto manifestado ao nível parlamentar.
Ao nível da Diáspora o Partido FRELIMO tem muitas oportunidades de fazer a campanha eleitoral pois tem os seus membros a trabalharem nas embaixadas e consulados, em que nenhum partido da oposição tem os seus elementos.
A comparação acima aludida seria feliz quiçá, se o partido no poder tivesse células a funcionarem fora das embaixadas com instalações requintadas de equipamento a sua altura, e acima de tudo adquiridas com as cotas mensais dos seus membros. A comparação entre os feitos da FRELIMO e os dos partidos opositores teria mérito se talvez o primeiro construisse escolas e infra-estruturas públicas, da dimensão da ponte que liga Chimuara e Caia, com receitas provenientes das cotas mensais dos seus membros. Se assim fosse e não-se visse o mesmo exercício por parte dos restantes partidos da oposição talvez poderíamos aceitar a superioridade de uns sobre os outros.
Conforme se disse no início nem sempre é fácil estabelecer comparações e principalmente quando isso ocorre numa altura em que nos encontramos movidos por emoções ou quaisquer laços de afinidades – religiosas, étnicas, politicas, entre outras. Comparações tendenciosas soam de forma ruidosa quando provenientes de órgãos de comunicação social que reivindicam imparcialidade politico-partidária. Propalando-se uma postura dessa natureza no seio da imprensa pode-se correr o risco de se cair naquilo que poderia chamar de Apocalipse da democracia moçambicana.
O Apocalipse da democracia moçambicana
domingo, setembro 27, 2009
Peço um Voto Contra a AK 47 ou a Kalashnikov
Foi criada por Mikhail Kalashnikov, jovem, na altura com somente 28 anos de idade, e produzida na União Soviética, entretanto, o Israel e o Irão são hoje os seus maiores produtores. Os entendidos na matéria dizem que ela é uma arma de assalto e uma das armas de fogo mais baratas e muito fácil de encontrar a venda.
Esta arma é amada porque é fácil de usar, é barata e pode ser encontrada a venda em qualquer lugar. Mais do que isso, ela é uma arma bastante resistente e pode ser utilizada sem necessidade de cuidados espaciais relativamente a chuvas, água, arreia, lama entre outros.
Pesando em média 4 kg, a AKM é muito usada pelos rebeldes, terroristas e bandidos, dada a facilidade de aquisição, manuseio e limpeza. Esta arma tem um raio de acção útil acima de 1,5Km, embora com alcance eficaz de 600m e pode disparar cerca de 600 tiros por minuto. Esta, é uma arma devidamente reconhecida inclusive pelo Guiness Book, o livro dos recordes, que a qualifica superior em termos de uso, a sua rival americana M16.
Hoje com cerca de 62 anos, a AK-47 tem muitas histórias por contar. Já passou por mãos de poderosos e de fracos, já esteve na mesma batalha nos dois lados beligerantes, é conhecida em mais de metade dos países do mundo, seus mortos já passam os milhões e seu preço continua o mais barato do mercado.
Esta arma tem uma história muito bem cimentada em Moçambique, sendo este país o único no mundo que ostenta a AK-47 na sua bandeira. Tal história remota dos tempos da luta pela libertação da pátria. Sendo a União Soviética um dos grandes aliados do movimento, a AK-47 foi um dos maiores bens disponibilizados aos militares.
Memo depois que alcançada a independência, a AKM foi a principal arma de uso durante os 16 anos de guerra civil, deixe-me aqui sublinhar e repisar guerra civil, porque independentemente das suas motivações e causas, no seu conteúdo, a tal guerra não deixou de ser civil.
Finda a guerra civil moçambicana, a AKM passou a ser usada não só pelos militares, mas principalmente pela polícia de protecção, a tal Policia da República de Moçambique. Assim, cada esquina que os cidadãos passam em qualquer cidade deste país coberto pela PRM encontrará os agentes altamente armados com AKMs, podem também trazer pistolas, mas AKM não falta, é quase que sempre recomendada.
Para eficácia nas suas operações, os criminosos usam também as AKMs. Não são poucas as vezes em que a polícia aparece na TV mostrando unidades e dezenas de AKMs recuperadas das mãos dos criminosos. E aqui é preciso também sublinhar recuperadas porque com o crime organizado e com a promiscuidade entre meliantes e a polícia as armas usadas são as mesmas, tirando aquelas que foram roubadas ou adquiridas no mercado clandestino onde a AKM chega a custar cerca de 50 USD, ou somente 1.500.00Mt.
Esta arma de assalto, anda a solta nas nossas cidades, com maior destaque para a cidade de Maputo e Matola. A maior parte das execuções sumárias aqui acontecidas são realizadas com recurso a AK-47. em vários locais desses crimes, cápsulas e projécteis da Kalanishnikov são encontradas ao redor.
Uma das maiores trocas de tiros de que me lembro foi na sequência da operação que neutralizou o Mandonga. No local, a polícia altamente armada com AKMs, Mandonga também manuseava algumas estrategicamente posicionadas em algumas janelas e buracos da casa, (dizem que era o único a disparar da residência).
Cuvilas, o grande talento das artes em Moçambique, foi morto pela polícia com recurso a essa arma. Carlos Cardoso, se a memoria na me atraiçoa, também foi morto através de uma AKM, só para citar alguns nomes de entre tantos que poderia mencionar.
Ok, acima de tudo que coloquei, tenho somente duas questões: o porque do uso dessa arma na nossa bandeira e porque a polícia insiste a usar esta metralhadora para lidar com cidadãos indefesos e desarmados? Não encontro respostas coerentes, racionais e convincentes. Na verdade não há necessidade de continuarmos a usar essa arma para lidar com pessoas indefesas e desarmadas.
Se for para lidar com criminosos, que a polícia especial continue a usar a Kalanishkov, mas não a polícia de protecção. Na nossa bandeira o que a AK-47 quer simbolizar? Somos os únicos a render homenagem a essa arma? Até o Bin Laden que em várias fotos aparece com AKM na mão, não a usa como bandeira. Os russos não a usam como bandeira, nem os israelitas, nem os iranianos e muito menos a Cuba e outros países que a utilizaram em guerras pesadas, como Angola, Congo, etc.
Esta a razão do meu pedido de voto. Vamos retirar essa arma das nossas ruas e da nossa bandeira. Chega de intimidações e de mortes. Chega de símbolos terroristas e chega de medo. Vamos votar contra a AKM, contra a AK-47, contra a arma automática Kalanishkov.
Embora tudo que a arma fez, para bem ou para o mal da sociedade, 62 anos são suficientes para passarmos para outra fase da nossa historia. Uma história que não é escrita com sangue derramado por uma AK-47, mas uma história que é escrita com diálogo, canetas, arte, danças e outros.
Peço um voto contra o uso da AKM na rua e na bandeira!
Peço um Voto Contra a AK 47 ou a Kalashnikov
segunda-feira, setembro 21, 2009
Viciação Artificial de um Processo Eleitoral: O Papel Indecoroso de Algumas Chancelarias
Viciação Artificial de um Processo Eleitoral
O Papel Indecoroso de Algumas Chancelarias
Introdução
Que factores determinam o actual cenário de ruído e gritaria prevalecente em alguns sectores políticos, da comunicação social e da blogosfera? Que factores determinam o protagonismo excessivo de algumas representações diplomáticas, algumas vezes eivado de autêntica grosseria e visível ingerência em assuntos internos, em violação das convenções que regem as relações diplomáticas entre Estados soberano, como aquele que nos tem dado a assistir por Todd Chapman, que nem sequer Embaixador é, um simples Encarregado de Negócios dos Estados Unidos da América? Haverá ou não, por parte de alguns sectores externos, tentativas evidentes de, logo de início, desacreditar o processo eleitoral em curso e destabilizar Moçambique? Existem algumas evidências que apontam para um esforço concertado de desacreditação para depois se lançar a destabilização? Este artigo pretende responder a algumas destas interrogações e contribuir para que o nosso país venha a ter eleições livres que, mais do que a interesses de potências estrangeiras, responda aos mais genuínos anseios do povo moçambicano. Mais, que Moçambique seja um país em paz.
Antecedentes
Há antecedentes para esta gritaria e ruído protagonizado por alguns sectores externos que, agora se esforçam para moçambicanizar um problema que é seu. O primeiro deles é a exclusão, com base na Lei, de alguns candidatos que se haviam proposto concorrer às eleições presidenciais. Um grande número de concorrentes, alguns deles veteranos nestas lides, foram impedidos de concorrer às eleições presidenciais por manifesta agressão aos procedimentos legais. Relatam-se casos de alguns desses candidatos que, fraudulentamente, pegaram mapas de eleitores publicados pelos órgãos eleitorais e, sem consulta com os visados, forjaram assinaturas e impressões digitais e submeteram-nos ao Conselho Constitucional. Foram, logicamente, chumbados e, esperamos, responsabilizados criminalmente. No geral, a decisão do Conselho Constitucional foi aceite sem muito ruído, pese embora o espanto e a admiração que causou. Era a primeira vez que se passava um pente fino aos processos apresentados pelos candidatos.
O segundo antecedente surgiu duma percepção pública deturpada da decisão da Comissão Nacional de Eleições. Circulou em alguns meios, incluindo na blogosfera, a notícia de que apenas três Partidos haviam sido aprovados para concorrerem nas eleições legislativas e provinciais. Esses Partidos seriam a FRELIMO, a Renamo e o MDM. Este entendimento errado caiu bem na opinião pública. Circularam inclusivamente comentários de que este filtro permitiria uma escolha menos dispersa dos eleitores. Partidos como o PIMO, o Partido Trabalhista, o PDD e outros foram ridicularizados nesses sectores, devido à sua falta de capacidade e de organização.
Factores Determinantes da Gritaria e do Ruido
A mudança de atitude, por parte de alguns sectores internos e externos dá-se quando se percebe que o rigor dos órgãos eleitorais havia atingido um Partido que é percebido como um virtual sucedâneo da Renamo no espectro político moçambicano ou como dizia um cidadão “a metamorfose da perdiz que se traduziu em galo como resultado dos 17 anos de domesticação”. A indignação que a exclusão desse Partido suscitou cegou e retirou objectividade política aos nossos diplomatas estrangeiros que, alertados de que estavam a ingerir grosseiramente em assuntos internos de um Estado soberano, trataram de recrutar altifalantes nacionais, aqueles que não se envergonham em vender a sua dignidade e o pais a troco de algumas palmadinhas e uns trocos em apoio de seus projectos insustentáveis. Não vi até agora um esforço para entender com rigor analítico os factos que originaram o furor e a zanga dos nossos diplomatas.
Organizar processos eleitorais não é uma empreitada fácil. Requer estrutura, disciplina e organização.
Os dados em presença indicam que alguns desses requisitos não estiveram presentes, particularmente no MDM. Este Partido surgiu em finais do ano passado. Embora tenha conseguido capturar alguns delegados e algumas sedes da Renamo, o MDM não se apoderou da estrutura da Renamo. Pode ter alguns delegados provinciais e, até, distritais, mas não possui ainda uma máquina com capacidade e vocação de seleccionar candidatos em todas as províncias e em todos os distritos para as eleições legislativas e provinciais. Uma máquina para recolher, verificar e arquivar devidamente processos individuais relevantes para qualificar candidaturas. Muitos quadros ainda estão relutantes em abraçar este novo Partido.
O Presidente pode telefonar hoje e convidar alguém para Candidato. Esta pessoa aceita. É inscrita nas listas. Mas, algumas semanas depois, quando é procurada para entregar a documentação requerida, essa pessoa pode não ser encontrada. Por conveniência própria. E é preciso telefonar para outros. E o ciclo se repete. Não existe uma delegação do Partido eficiente e eficaz para monitorar estes processos.
O que se descreveu acima reflecte as deficiências de estrutura deste novo Partido. As informações que circulam com insistência revelam que este Partido não esteve organizado também. Por exemplo, um dos mais dinâmicos activistas, depois de haver entregue os processos na CNE, mandou o seu empregado lavar o carro. Este encontra dentro do carro caixas que se veio a descobrir serem os documentos que validavam as listas entregues.
As caixas são encontradas fora do prazo em que deveriam ter dado entrada na CNE. A carta enviada pelo MDM à CNE, a solicitar que se autorizasse o mandatário a digitar as listas nos computadores daquele órgão deve resultar deste facto. Ou seja, tudo parece indicar que o MDM apresentou listas incompletas, desorganizadas e sem condições para qualificar candidaturas nos círculos eleitorais em que foi desqualificado. E organizar devidamente as listas não é tudo. É necessário que as mesmas sejam finalmente eleitas. O que não estava garantido, com alguns círculos a revelarem grandes debilidades.
Há inclusivamente suspeitas já publicadas de que o MDM estava consciente das suas fragilidades. E que, por isso, esmerou-se na organização das listas das províncias onde entende ter melhor implantação (Sofala, Zambézia, Cidade de Maputo e Niassa) e que, propositadamente, desorganizou os processos das outras províncias para serem chumbados. O objectivo seria capitalizar na reprovação, projectar uma imagem de vítima e, deste modo, elevar o seu perfil nacional e internacionalmente. Esta percepção não é de todo descabida sabendo que a vitimização foi a estratégia intuitivamente adoptada por Daviz Simango nas eleições autárquicas na Beira.
Pressão Indecorosa de Embaixadores Estrangeiros
Tenho a impressão de que a posição da CNE é, na substância, inatacável do ponto de vista legal. Só esta suposição é que pode justificar as posições camaleónicas dos nossos amigos diplomatas. Com efeito, nas suas grosseiras pressões, falam de tudo, menos do respeito pela legalidade. E isto é estranho vindo dos nossos amigos europeus e americanos. Estes países insistem em que fundaram as suas instituições políticas na base do respeito escrupuloso da lei. E que o seu desenvolvimento, prosperidade e bem estar social provêm desta perfeita simbiose entre as instituições políticas e a legalidade. Nos últimos vinte anos vêm pregando este novo evangelho com inspirado vigor. Subitamente percebemos uma dramática mudança nas suas práticas.
As declarações de Kari Alanko, Embaixador Finlandês em Moçambique, embora menos grosseiras e menos mal educadas que as de Todd Chapman, fotocópia do Dennis Jett, seu conterrâneo, são sintomáticas neste aspecto. Ele fala dos princípios gerais de democracia que, segundo ele, são a liberdade, a justiça e a transparência. Não há nenhuma alusão ao respeito pela legalidade. Mesmo procedimento havia sido seguido pelo Diplomata americano quando introduziu o conceito da “inclusão” no dicionário político moçambicano sem, porém, sobre ele elaborar no mais mínimo.
É caso para considerar que estes nossos amigos devem acreditar que existe uma democracia para europeus e norte-americanos, que se funda no respeito pela lei e uma democracia para pretos que seria gerida na base de um confuso, subjectivo e curioso conceito de “inclusão”.
Desta vez os nossos amigos diplomatas não falaram da alternância como um dos princípios gerais da democracia, sem a qual as eleições não podem ser percebidas como livres e justas. Ainda não começaram a falar do GUN. Mas tudo leva a crer que lá chegaremos como aconteceu nos tempos de Dennis Jett. A FRELIMO, juntamente com o MPLA, o Chama Cha Mapinduzi, o ANC, a SWAPO e a ZANU, tem a sua génese no movimento libertador que ousou desafiar a supremacia branca na região.
No seu conjunto, estes Partidos estão imbuídos de um espírito fortemente nacionalista orientado para uma dignificação cada vez mais crescente dos africanos. Estes Partidos olham para os recursos da região, nomeadamente a terra, os recursos minerais, os recursos marinhos e outros como devendo beneficiar, em primeiro lugar os nossos povos.
A permanência no poder destes Partidos é uma afronta às estratégias hegemónicas de poderes estrangeiros. Daí a aposta na sua demonização e consequente derrube e pulverização.
Assim foi na Zambia com a UNIP. Processo similar está em marcha no Zimbabwe com o desejado enfraquecimento da ZANU-FP. Portanto, quando poderes externos não se coíbem de desafiar, desacreditar e vilipendiar as decisões de um órgão independente como a CNE só podemos nos perguntar o que estará atrás dessas atitudes.
Quando embaixadores estrangeiros pedem ao Presidente da República para, fora dos parâmetros da lei, intervir e declarar nulas as decisões de um órgão independente como a CNE só podemos nos perguntar que interesses se perseguem. Quando no âmbito do diálogo político com o Governo os mesmos embaixadores chantageiam o país com eventuais cortes de ajuda, para forçar uma intervenção irregular deste sobre a CNE e sobre o Conselho Constitucional só podemos dizer que se perdeu a vergonha, o decoro e o respeito pelas regras diplomáticas.
Quando embaixadores de países estrangeiros emitem declarações regulares para pressionar e intimidar o Conselho Constitucional só podemos concluir que o rei vai nu. E, finalmente, perguntar: o que faz correr a “comunidade internacional”?
Sinais de que se Pretende Descredibilizar o Processo
Há indícios de que se pretende forçar uma situação de crise política e de caos e finalmente destabilização. O primeiro sinal pode ser obtido do esforço sistemático de demonização da CNE, quer nela própria como instituição, quer nas pessoas dos seus componentes, em especial o seu Presidente. O segundo sinal pode ser obtido da pressão indecorosa sobre o Conselho Constitucional e dos apelos para que não seja acatada qualquer decisão que não vá de encontro às pretensões dessas chancelarias. Um terceiro sinal pode ser encontrado na forma como um processo eleitoral geralmente pacífico está a ser relatado por alguns sectores da imprensa nacional e internacional, a mando destes diplomatas zangados. Quem não está no terreno é levado a pensar que sempre que um militante do MDM sai à rua é agredido. Que a campanha eleitoral está a ser condicionada por uma violência institucional semelhante àquela que nos foi relatada sobre o Zimbabwe. Pretende-se, em minha opinião, criar todas as condições para a rejeição dos resultados cujo vencedor qualquer pessoa minimamente informada conhece antecipadamente por virtude de um trabalho de grande mérito que realizou ao longo de todo este quinquénio. Neste sentido, o trabalho jornalístico de um semanário local que sai às sextas-feiras é um manual completo de como se constrói artificialmente o caos e a destabilização.
Viciação Artificial de um Processo Eleitoral: O Papel Indecoroso de Algumas Chancelarias
sexta-feira, setembro 18, 2009
A teoria da vitimização do Deviz
Jalaludino Ossufo
A teoria da vitimização do Deviz
terça-feira, setembro 01, 2009
Uma Implosão De Vídeo
Pede-se me estas duas linhas para falar do trabalho de MC Roger. Escrevo, apenas para colocar os meus ponto de vista acerca do que é o seu novo video clip gravado no Brasil, cujo título se não me egano é “superstar”.
Repito, escrevo para falar do trabalho de MC Roger, apenas (desculpem, mas talvez um dia percebam a necessidade desta repetição)
O MC, sabe fazer marketing não haja dúvidas. Marketing agressivo até. Pois, foi com o seu marketing, que soube que ia ao Brasil gravar o seu mais recente video clip.
Conhecendo a marca dos vídeos deste “entreteiner” feitos no solo pátrio, o toque de qualidade que está habituado a cunhar-lhes, o gosto pela exloração de paisagens e de cores vivas, pensei comigo: vem aí uma bomba de vídeo.
Mesma bomba que encontrei um dia no vídeo “patrão” e nos demais que caracterizam o MC.
Esperava e honestamente, um MC a começar o vídeo com uma caminhada no calçadão moçambicano, exibindo a não menos bela praia de Costa de Sol, mostrando as nossas lindas mulheres, nossas belas paisagens que sempre irradiam a nossa vontade de viver e nosso estilo próprio, e que, essa caminhada, terminasse no calçadão brasileiro.
Esperava que o MC caminhasse num à vontade no morro, que cumprimentasse as “mamanas baianas” e linkasse essas imagens com as das “mamanas do mercado de peixe” e/ou do mercado da baixa.
Mas não, MC Roger anunciou uma viagem a Brasil e mais, fez estreia do video com Ministros a mistura, para fazer e mostrar um clip a volta de uma piscina!
Até os miúdos cá da praça que gravam com as suas próprias economias, para as próprias namoradas, para ficarem conhecidos no seu quarteirão, já evoluiram deste tipo de cenário.
Que se diga, casas com piscinas, existem aos pontapés na Cidade de Maputo e em qualquer Bairro, daí, não perceber o que tenha levado o MC ao Brasil para gravar um clip exclusivamente numa piscina.
Não me quero substituir ao realizador e/ou produtor deste vídeo (lembrar que o MC, diz ele e não duvido, participar activamente na produção dos seus clips), mas, analisando o ângulo que se aponta a câmara a piscina e as meninas (que se diga ao bom jeitinho brasileiro), podia até pôr em causa, se este clip, foi ou não gravado no Brasil.
É que, caras brasileiras (como as que aparecem no vídeo clip), pode-se achar em Moçambique, mas um calçadão, ou um Cristo Redentor, o Morro, não se acham em qualquer parte senão no Brasil e se, o sonho de MC (e sei que é esse), é explodir para além do Moçambique, um clip com imagens ilsutrativas do Brasil só o ajudaria e muito.
E que se diga, mesmo que o MC fosse péssimo artista, encontraria a atenção primeiro dos brasileiros que veriam o seu pais reflectido no estrangeiro, e segundo, dos demais, que admirariam um facto de alguém de uma país tão longíquo e em vias de desenvolvimento, ter tido um orçamento que o permitisse gravar fora.
Penso que nem o dono da psicina que se fez o clip, se não o dissessem saberia que aquela piscina era dele!
O MC, cometeu neste clip erros primários de marketing, reduziu com este clip, o seu trabalho de anos, não soube se igualar a ele, resumindo, foi seu próprio adversário, num jogo em que tinha tudo para ganhar ou melhor “calar a boca” dos seus detractores (como sabe fazer e bem).
Este clip, foi ao meu ver uma verdadeira implosão, uma decepção de clip, cujo alento, encontrei no clip de Lisa James (que ainda não vi por inteiro, mas só das partes que se exibem da publicidade, o cenário é bem diferente), creio gravado nos States, aliás, não creio porque as imagens falam de per si.
Gonçalves M.
Uma Implosão De Vídeo
quarta-feira, agosto 26, 2009
Indagações (1)
Com emoção, entoamos o nosso Hino quando a Menina de Ouro, hoje Heroína do Trabalho, Maria de Lurdes Mutola, elevou para o patamar mais alto, do mundo desportivo, o nome do nosso país. Também, entoamos o nosso Hino quando os nossos (?) Mambas (?) se fazem ao palco de jogos de competições internacionais.
Geralmente, se entoa o hino antes do inicio das actividades em escolas, jardins infantis/creches, alguns eventos nacionais (Conselhos Consultivos e/ou Coordenadores, Assembléias, Seminários) e/ou eventos partidários, em particular do partido no Poder, e no fim das sessões televisivas e radiofónicas, das redes públicas.
No fim de semana passado, assistiu-se, em momentos diferentes, ao entoar do Hino Nacional, sendo de salientar a postura tomada pelos "cantadores". No primeiro evento, relativo a um programa juvenil, os protagonistas levavam a mão esquerda ao lado direito do peito. Na assistência, ainda que em pé alguns cruzavam os braços com manifesta indiferença.
Num outro evento, de cariz politico e partidário, os intervenientes, pessoas adultas e maduras, na entoação do Hino, alinhavam-se ao estilo militar, fazendo-no em sentido e com os semblantes compenetrados e carregados de respeito(?).
Estes dois acontecimentos trouxeram-me a memória os meus tempos de colegial onde todos os dias, sem excepção, seguindo um ritual quasi militar, entoava o Hino. Hoje, nas escolas, o Hino é cantado em escalas. Por exemplo, hoje entoa a 8ªA, 9ªA e 10ªA, amanhã é a vez da 8ªB, 9ªB e 10ªB, assim seguindo.
Que significado tem um Hino Nacional? Que postura se deve tomar no momento da entoação do hino Nacional? Em que ocasiões deve o hino de uma Nação ser entoado? Que valores estão subjacentes ao Hino Nacional? Será o Hino um símbolo nacional? É bastante e dignificante ter a letra do Hino Nacional na contracapa de alguns cadernos?
Indagações (1)
quarta-feira, agosto 19, 2009
A situação medica no meu Moçambique
Hoje não falo de economia, tecnologia e muito menos política. Hoje vou estar na pele daquele Moçambicano, trabalhador que pode pagar as suas despesas médicas com o suor do seu trabalho mas que se sente frustrado. Frustrado porque mesmo podendo aceder a algum conforto social fruto de suor e trabalho digno, não consegue ter um tratamento médico condigno. Frustrado porque mesmo com dinheiro no bolso não consegue comprar medicamento básico como uma aspirina, frustrado porque alguém no Ministerio da Saúde decidiu consertar algo que não estava quebrado e como resultado as farmacias nao conseguem ter os medicamentos importados a tempo e, finalmente muito frustrado porque este mesmo Ministério, mesmo com os avisos de há muito tempo sobre a Gripe A, ainda não procurou meios de se preparar para esta pandemia e, agora a Gripe chegou.
A odisseia não acaba aqui, no dia seguinte de tanto a minha esposa tossir ,decidimos que teríamos de ver qualquer ginecologista (não era o nosso médico porque não haviámos programado, queriamos alguém apenas), tendo dito que (não fez a sonda)o bebé estava em óptimas condições (como tenho saudades da sonda de 4D em Taiwan!), então tinha que tomar amoxiciclina e benacyclina, coisas que a coitada da minha mulher quase que jogou fora (a última vez que foi receitada medicamentos numa das clínicas paramos na sala de emergência da clínica da sommerschield das 2 de madrugada às 7 horas!). A questão não era da tosse como tal, mas sim o que o tossir poderia fazer ao feto, o que queríamos ver era via sonda a situação da herdeira. Lá chegamos às 16 horas (às 13:00 quando paguei a consulta não encontraram o processo da minha esposa e penso que até agora ela tem 4 processos e eu 6), a médica só nos atendeu às 18:25. Esta e aquela pergunta e lá fomos para o outro lado do consultório e, quando nós pensávamos que iamos ver o bebé a médica trouxe um outro aparelho para escutar o bater do coração do bebé. Lá estávamos nós frustrados e, o nosso pobre metical havia sido engolido, sem recebermos o serviço que precisavámos. Moral da história: não estamos preparados para gripe A nenhuma, se ela entrou mesmo em Moçambique, vamos morrer como galinhas. Não quero ser o mensageiro do mal mas com tanta falta de medicamentos que se verifica e falta de profissionalismo nas nossas instituições hospitalares o caminho é abismo.
A situação medica no meu Moçambique