quarta-feira, dezembro 30, 2009

Manuel Araújo está a sendo cobarde ao se passar de OUTSIDER na Renamo

Por: Fanhana

Nada tenho de pessoal contra Manuel Araújo que o admirei por ter um dos primeiros jovens a saltar do sistema, do ministério da juventude (departamento de relações externas) e tomar um rumo outro com posições que iam contra as contínuas tentativas de "enquadramento" da juventude em Moçambique. Acompanhei pela documentação nas minhas pesquisas o interesse e luta que travou em prol dos jovens em Moçambique na altura da criação do CNJ em Xaixai com o seu grupo "qualquer coisa da mudança" na companhia do actual boss do Parlamento Juvenil na qual perderam porque o vermelhão não tinha confiança neles e queria assaltar o CNJ o que veio acontecer até hoje.

Preocupa-me a entrevista que ele fez no último Magazine Independente saído hoje terça-feira. A primeira feita ao mesmo jornal um pouco depois da criação do MDM e antes das eleições até gostei, era mais desapaixonada, mais profícua na análise e era visionária nas propostas em relação ao cenário político nacional. Nesta última embora reconheça MEA CULPA no "regresso ao mono partidarismo" acho que na análise que faz da Renamo está sendo COVARDE demais para alguém que foi membro activo e deputado parlamentar durante uma legislatura inteira (5 anos) pela Renamo e sobretudo peca por querer ser um OUTSIDER do processo de regresso ao mono partidarismo e fragilização da Renamo.

No dicionário que tenho vem que "covarde" é igual a "cobarde" que significa "que ou aquele que não tem coragem; poltrão; medroso; traiçoeiro; que trai". É isso mesmo que quero dizer dele e acrescento o facto de querer se fazer passar de BOM SAMARITANO POLÍTICO. Porquê cobarde? Primeiro eu pessoalmente tinha tantas expectativas com a sua entrada no Parlamento para que dinamizasse do ponto de vista político-partidário (na Renamo) e legislativo (na assembleia) que "a (s) juventude (s) " fosse prioridade "de facto" e não "de jure". Que a juventude deixasse de ser slogan político em ambos partidos. Não me lembro de alguma iniciativa legislativa pró jovens por si ou pelo seu grupo parlamentar apresentado. Não me lembro de um movimento de advocacia ou interpelação ao governo, sociedade civil sobre algum assunto que preocupasse a juventude. Não me lembro em algum momento nas sessões de perguntas ao governo ter "encostado" o ministério da juventude ou seu representante máximo sobre políticas concretas e programas específicos pró jovens. Existe a politica nacional da juventude que hiberna nas gavetas e cujo esboço de rectificação já está desactualizado; existe a Carta africana da juventude, uma espécie de declaração pró jovens que deveria orientar as políticas governamentais para jovens assinada pelos chefes de estado da União Africana incluindo Moçambique, não me lembro de ter se batido nela para ser conhecida pelas organizações de jovens e com base nela interpelarem o governo; não me lembro de ter se batido nela na Assembleia, embora conheça-a e participe muito nos fóruns regionais e continentais onde esses instrumentos orientadores de políticas e programas são desenhados e aprovados. Neste sentido, acho que traiu anseios de alguma juventude que tinha esperança. E, tinha a vantagem de fazer parte de um partido menos totalitário.

O segundo ponto de discórdia com ele que é cobardia é o posicionamento que faz da situação da Renamo, sobretudo a sua fragilização. Acusa o líder do Partido de ter traído o povo e os membros, acusa-o de se ter vendido por cinco dinheiros. Pouco conheço das dinâmicas internas lá dentro senão do que vem a imprensa, mas nesse ponto creio que também Manuel Araújo foi um "Judas" na Renamo, foi dos que menos se posicionou explicita e publicamente em relação ao que se passava internamente, sempre preferiu o silêncio e as fugidinhas para o exterior. Quantas vezes sentou com o líder do partido para lhe sugerir algo de solução em relação a situação interna da Renamo? Quais foram os conselhos que deu ao líder e/ou aos órgãos internos que não foram acatados? Alguma vez terá sentado com a Liga da Juventude da Renamo para propor algo de alternativo em relação a forma como o partido deveria ser gerido e funcionar? Contrariamente aos seus homólogos "académicos/intelectuais" que vieram ao público e criticaram e até atiraram a toalha ao chão, o Manuel Araújo preferiu o silêncio, para mim um silêncio estratégico. Para mim ele tanto culpado como Dlhakama que o acusa, para mim ele também é tanto Judas como Dlhakama que o acusa.

Eu atrevo-me a dizer que se Dlhakama se vendeu por CINCO DINHEIROS, o Manuel Araújo se vendeu por VIAGENS. Quando aproximavam os momentos quentes para tomar posição internamente, ele viajava. Dirá que as viagens feitas fora foram fruto de relações tecidas antes de ser deputado ou à custa de habilidades pessoais de se relacionar. Sim de acordo, mas o facto de ser deputado da Renamo ajudou a estender e consolidar a rede dessas relações externas que muitas das vezes tinham que ser em benefício do partido Renamo, mas que o deputado capitalizou em redes pessoais. Não estou a lhe acusar de nada, mas o sr. fazia parte das relações externas da Renamo e ai ninguém se preocupou consigo, foste as conferências de partidos da oposição, cimeiras sobre assuntos quentes globais, reuniões de parlamentares africanos, da SADC, etc., etc. tudo isso a custa da Renamo. Todavia, não me lembro em algum momento ter visto a Renamo a assinar algum memorando de entendimento, acordos de parceria política, acordos de apoio político institucional e técnico (que tanto o partido precisava para desenvolver-se institucionalmente) etc., etc. com seus homólogos externos, como prova da sua produtividade no exterior como membro e deputado da Renamo. Se havia viagens de natureza pessoal, as minhas desculpas, mas acho que deixou uma fronteira cinzenta de forma deliberada entre as viagens institucionais do partido e as suas pessoais, para tirar benefício próprio disso, provavelmente.

Finalmente considero-o o culpado também e mais uma vez covarde porque nunca quis se assumir como político no activo. Quando académico quis ser político e fez politica até entrar no Parlamento. Já no parlamento como deputado, não quis meter a mão ou a cabeça na massa como político, vestiu a capa de um académico emprestado de político. Não há problema em adoptar esses malabarismos, que até são típicos do campo em que está a agir, o problema para mim é vir no fim tomar uma posição do tipo "os outros é que são culpados", uma posição de um "não me misturem no fracasso", do tipo "eu nunca bati em nenhuma lata no parlamento" e sobretudo do tipo "quando se batiam nas reuniões eu não estava". Enfim o problema grave que tenho intelectualmente com Manuel Araújo é querer se fazer agora de um OUTSIDER tanto dos problemas da Renamo como dos problemas do Parlamento. Ele é tanto culpado como a liderança da Renamo porque não fez nada. Os que se bateram e viram que a pedra não ia furar com tanta água que deitavam, atiraram a toalha e saíram publicamente para não se identificar com esses processos. Se ele não o fez, é porque o mel estava bom. Se estiver errado, a sua trajectória cívica política no futuro vai me demonstrar.

Não é nada pessoal, apenas acho que não pode saltar fora desse jeito, fere o nosso bom senso.

Estou aberto a um rebater de argumentos Tète à tète

Prospero 2010 a todos.


Hahatawonana


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quinta-feira, dezembro 24, 2009

OPÇÕES DEMOCRÁTICAS DOS MOÇAMBICANOS VERSUS AS DOS DOADORES?


Por Gustavo Mavie

O académico norte-americano, Noam Chomisky, diz, num dos seus mais recentes livros ´´Hegemony or Survival´´, que os povos que querem encarar a sua responsabilidade com um empenho genuíno à democracia e liberdade, devem sempre ter em conta que terão à sua frente, muitas barreiras internas e externas por transpor nessa sua marcha democrática e libertária.

O que me trouxe de volta à memória esta asserção de Chomsky, contida nesse seu livro que numa tradução livre seria Hegemonia ou Sobrevivência, é a ameaça do G19, divulgada via Savana, de que poderá cortar, a partir do próxomo ano, a ajuda financeira a Moçambique, a menos que o actual(?) executivo, ou, já agora, o que o Presidente re-eleito Armando Guebuza irá ainda formar no próximo ano, não venha a aceitar as exigências que estes 19 parceiros(?) interpuseram agora para que sejam postas em prática por esse seu futuro executivo.Quer dizer, é um TPC antecipado, para um Governo desconhecido e cujas intenções e agenda se descongecem também.

Tudo indica que terá sido esta reiteirada opção democrática da maioria dos moçambicanos, de terem apostar de novo e fortemente na mesma Frelimo e no mesmo Guebuza nas últimas eleições gerais realizadas a 28 de Outubro passado., que agora se levantam barreiras. Agora está mais do que claro que esta sua pção não agradou somente alguns sectores internos, mas também os externos que, diga-se em abono da verdade, tem como agravante o facto de estarem a viver e conviver connosoco aqui no Pais, daí que tudo têm feito para influenciar as suas capitaiis para nos colocarem na lista negra, quando até pelo menos Setembro último, vinhamos recebendo a sua ajuda normalmente, para já no meio de renovados elogios e promessas de se aumentar cada vez mais pelos anos que viriam com os tempos.

No ror de questões que o G19, aliás, que os seus embaixadores aqui advogam como sendo o pomo de discórdia que os coloca em colisão com o actual executivo moçambicano e, por inerência incrível, com o que o irá suceder a ele no trono já em 2010, destaca o que considera ser erros de governação, combate simbólico e não sério à corrupção, males estes que, segundo eles, vieram ter como catalizador máximo, aquilo que consideram como tendo sido uma maneira menos correcta, na organização e realziação das últimas eleições gerais que tiveram lugar no pais a 28 de Outubro.

Este posicionamento do G19, melhor, desses embaixadores, está a suscitar todo o tipo de comentários e conclusões, sendo nota dominante, que o que na verdade está por detrás desta mão dura dos chamados parceiros de Moçambique, é o facto de que o partido da sua eleição nestas eleições que neste caso é o MDM de Davis Simango – não foi o preferido pela maioria dos eleitores moçambicanos. Quase todos os analistas convergem nesta conclusão e acham que é somente por causa disso, que agora o G19 ergue as tais barreiras de que fala Chomsky, e que poderão agora envenenar o donativo que os moçambicanos têm estado a receber. Como sempre em política, os embaixadores do G19, farão tudo para não dizer o que de facto lhes vai na alma, que seria reconhecer que o pecado mortal dos moçambicanos, foi terem voltado a votar na Frelimo e em Armando Guebuza. Todo aquele que se deu tempo e atenção mínima para acompanhar a parte embrionária desta grande mhaka que divide o executivo moçambicano e o G19 – facilmente chegará à mesma conclusão de que foi no momento pre-eleições que tudo começou e que tudo o que se possa dizer agora como causa, são apenas novas vestes e cores para um mesmo e unico problema – que é não ter sido o MDM a ganhar, e que é por isso que os moçambicanos poderão ser alvos de sanções económicas, para que sintam a dor das carências, e por essa via, passem a ter mais juízo e encarem a Frelimo e os seus dirigentes não como os bons da fita, mas sim, algo ruim que deve ser finalmente atirado à lata da historia. Assim esperam os mentores desta estratégia de por freio à assistência do G19, porque sabem que as suas doações contribuem para a boa imagem da Frelimo, dado que é com parte do dinheiro que doam, que faz com que os governos da Frelimo constroam escolas, pontes, estradas, hospitais e outras infra-estruturas que permitem que esta Frelimo cumpra sempre o que promete.

Reitero que foi na fase pre-eleitotral que este Grupo começou a exibir os seus músculos, e deixou muito claro, que para ele, as eleições que iriam ter lugar a 28 de Outubro passado agora, nunca seriam do seu pleno reconhecimento, e muito menos aplaudiriam o seu resultado, se o MDM não concorressem em todo o País ou, melhor dito, não fosse o seu vencedor. Para este Grupo, melhor dito, para os mais poderosos ou influentes deste Grupo, o MDM tinha que concorrer em todo o pais, independentemente de ter ou não se organizado para isso, daí que os seus embaixadores tenham tentado, à última da hora, forçar o adiamento destas eleições e levar o governo a re-convocá-las para uma data à-posterior. Com esta sua tentativa, pretendiam emprestar mais tempo ao seu predilecto MDM, para melhor se organizar e organizar melhor os seus processos que, neste caso, os havia entregue atabalhodamente à CNEno último dia e últimos 10 minutos da última hora em que terminava o prazo que se havia dado a todos os partidos para submeterem as suas candidaturas àquele orgão eleitoral. Estas eleições só não foram adiadas, porque o governo de Guebuza fincou firmemente o pé, valendo-se, para tal, não da força, mas pelas evidêbncias a todas as luzes irrefutáveis, de que a exclusão parcial decretada pela CNE contra o MDM, e certos outros partido, não tinha outros culpados que não o próprio MDM e esses outros que haviam sido exluídos também. Havia provas de que a CNE agiu apenas e inevitávelmente, como aquele professor que dá nota negativa a um aluno, em função das más respostas que ele fez, e não por falta de vontade de o deixar passar.

AS INCONGRUÊNCIAS DO POSICIONAMENTO DOS EMBAIXADORES DO G19

Uma análse fria e profunda deste problema, leva-nos a concluir que o pomo da discórdia não se funda no que se diz no documento que os representantes do G19 em Maputo interpuseram em nome dos seus paises, mas sim, no facto de que há entre esses representantes do G19 aqui em Maputo, aqueles que nutrem uma repulsa pela Frelimo e seus dirigentes, e que, por isso, bem gostariam que os moçambicanos tivessem optado por uma outra formação política, mormente o tal MDM. Este é o problema de facto, e não vale apena alegar que estão a ser pressionados pelas sua capitais. Se o estão sendo, o problema continua sendo dos seus respresentantes, porque certamente não terão reportado a desmedida ambição e grande desorganização do MDM. Se o tivessem feito de forma completa, verdadeira e isenta, e se tivessem dito que já se começou a sério o combate à corrupção, e que até há entre os cerca de 60 detidos alguns ministros e PCA´s já em julgamento, nunca podiam estar sob pressão alguma.

Portanto, tudo o que dizem é apenas para não dizer que não gostam da Frelimo, daí que optem por recorrer a alegações infudadas, como as tais que constam no último Savana. Digo isto porque, não faz sentido nenhum mesmo, que este G19 ou, já agora, que aqueles que no seu seio se valem do nome deste Grupo para tentar realizar os seus intentos inconfessados,estejam a colocar condições prévias para um governo que ainda não viu a luz do Sol, e muito meno se conhece os seus ministros como a sua agenda.

Para mim, não pode ser sensato e muito menos aceitável, que se ameace um governo que ainda não existe. Será que o G19 colocaria mesmo, o mesmo ultimato, caso o vencedor destas eleições tivesse sido o MDM ou, já agora, a desgastada e fragilizada Renamo do imprevisível e inconsistentemente inconsistente Afonso Dhlakama?

Na minha opinião, o G19 entrou completamente no mato ou, pelo menos está sendo arrastado por alguns dos seus membros a entrar, daí que penso que deve ter a corragem suficiente para se redimir e recuar do abismo em que caminha, se de facto acha que é um genuíno parceiro de Moçambique ou dos moçambicanos. Doutro modo, o G19 será visto pelos moçambicanos como um novo timoneiro do colonialismo que, como sabemos por experiência, só usava a linguagem da ameaça e a própria força no seu relacionamento com os moçambicanos. Isto porque numa parceria genuinamente genuina, que se insere, portanto, na cooperação entendida como sendo um processo de ajuda mútua ou de dar algo para receber algo em troca, não se pode nunca recorrer a uma linguagem ameaçadora, e muito menos chantagista.

Vinco isto porque cooperação deve ser de facto um acto de dar a alguém o que se tem em demasiado, para se receber deste o que ele também tem em abundância, como bem o defeniu o lendário antigo presidente egipcio, Abdel Gamal Nasser.

Ora, se de facto o G19 entende que é isto o que está a acontecer no seu relacionamento com os moçambicanos, então não pode ameaçar aquele de quem tem recebido algo em troca do que lhe tem dado. É que na verdade, está provadíssimo que não há nenhum país neste mundo, pior mais poderoso e rico que seja, que se limita a dar aos outros sem que tenha algo a receber daqueles a quem dá. Tanto é que, estudos de todos os tempos feitos por especilistas em economia mundial e trocas comerciais entre paises, mostram que as doações que as nações ocidentais têm doado aos do terceiro mundo, como Moçambique, não são mais do que uma devolução mínima das imensuráveis riquezas que essas nações ocidentaias exploram a preços de banana nessas terceiro-muindistas. Infelizmente, o tempo e o espaço não me permitem que entre em detalhes sobre este assunto, mas fica assente que os pouco mais de 400 milhões de dólares que o G19 tem dado a Moçambique, é de facto uma mínima devolução do que têm tirado neste país como noutros abençoados com imensuráveis recursos naturais ou matérias primas que ainda não estão em condições de os transformar e dar-lhes mais valia antes de os exportar.

Só para se ter uma ideia do que quero aqui dizer, é que as fabricas ocidentais que têm produzido automóveis luxuosos que depois nos têm vendido a preços de ouro, 75 % da matária prima com que os produzem extraem ou importam dos países africanos a preços de banana. Assim dito, não faz sentido que nos tratem como vassalos e muito menos como bestas para carga tal como o faziam os colonialistas. O G19 está sendo levado a tentar fazer o mesmo por alguns dos seus membros mais radicais e que são contra as opções democráticas dos moçambicanos. A persistirem nesta linguagem, os nossos lideres e nós própios como povo, poderemos chegar à conclusão de que este tipo de cooperação é do estilo colonial de que falava o antigo presidente francês Mitterrand, e assim teremos de optar de novo, por cooperar apenas com os que ontem nos ajudaram a nos libertar da colonização, como é o caso da agora China que, para o agrado de nós moçambicanos, se vai tornando numa superpotencia economica. Julgo que caso isto aconteça, o G19 sairá a perder, al como foram os paises ocidentais a perder a guerra colonial que moveram contra os pacíficos povos do resto do mundo que eram e são genuinamente democraticcos e amantes da sua liberdade como defendem a igualdade entre os homens de todos os continentes e cores.

gustavomavie@gmail.com

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terça-feira, dezembro 22, 2009

Top 5 da Blogosfera Moçambicana - Os melhores blogues de Moçambique 2009

Quais foram os 5 melhores Blogues Moçambicanos em 2009 ??

Resposta :

1.
2.
3.
4.
5.
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segunda-feira, dezembro 14, 2009

Sobre a Carta do Marcolino Moco

Vi a carta de Marcolino Moco no blog do meu amigo Custódio Duma e, quando a lí, a pergunta que me ocorreu e deixei lá registada foi: “O MPLA era ainda mais fechado no periodo em que o MOCO era Primeiro-ministro e no entanto esse manifesto nunca aconteceu! Porque só acontece agora? Em todo caso, está de parabéns por a ter escrito em algum momento”.

Agora, repenso no manifesto e sinto que por mais coerente que ele tente ser, a razão crítica e a ironia o dissolvem completamente.

Preocupa-me e sobremaneira a instantânea “capacidade visionária” que assola muitos líderes, não poucas vezes, apenas quando se sentem distanciados dos centros decisórios.

É que o Moco, já foi PM no governo do MPLA. Foi ainda Secretário-geral do Partido. Durante o tempo em que exerceu tais cargos, nenhum facto, ou realidade, aponta no sentido deste ter pressionado para a posição que hoje avança no seu manifesto, sendo, por isso, inevitável olhar para a carta deste sem buscar significações da realidade dirigidas a um passado do qual ele era parte. Aliás, se o MPLA está como ele diz estar, em parte ele é também responsável.

A pretensão de traduzir o lado errado dos factos, deixa de ser legítima, quando é trazida e de forma extemporânea por um actor que já viveu a vida deste partido e de forma intensa na qualidade de Secretário-geral.

Na eventualidade do seu posicionamento ser antigo, o que faz com que não discuta e usando os mesmos métodos de ontem? (discussões internas).

O que faz Moco agir desta forma?

Permitam-me especular e tomara que o tempo nos prove o contrário:

É manifesto que a carta não é dirigida a quem se diz ser dirigida. Também é manifesto que a mesma não se queria secreta.

Uma pergunta que não cala neste momento é: a quem é dirigida a carta do Moco?

Quando Moco nos presta ao seu papel de testemunha e actor de uma conversa com o Dino Matross onde traz a si a glória e a condição de homem das virtudes, me parece, estar a dar recados claros: (i) a liderança do MPLA e (ii) a alguns quadrantes do mundo, hostis ao governo de dia em Angola.

A liderança no sentido de que as circunstâncias o obrigam a afastar-se mais do partido e ao mundo no sentido de aberto a propostas.(um verdadeiro convite a contratar).

Apesar do tom didáctico e moralista presente no manifesto, o mesmo, é revelador (quanto a mim) das ambições do seu actor, que sabendo que não mais tem espaço no seu partido, procura uma forma de galvanizar a opinião pública nacional e internacional, para a sua causa. Na verdade, excita as mentes contestatárias da governação do MPLA e daqueles que reconhecem que a UNITA, já não é alternativa ao poder.

E porque o mesmo texto foi apresentado na esfera da similaridade com a realidade moçambicana, deixem-me então,buscar mais uma hipótese que não é de descartar: se os outros que acreditam que a RENAMO já não é força capaz de fazer frente a FRELIMO, apoiaram (e continuam a apoiar) o MDM, também em Angola estes outros, já se deram conta de que a UNITA já não é mais força capaz de fazer frente ao MPLA, pelo que procuram outras mentes, e nada melhor, que alguém de dentro e neste caso o Moco, que se acredita não só capaz de diminuir o gigantismo do MPLA, e por isso roubando seus votos, como também capaz de roubar votos da UNITA há muita dividida, sem contar que, apresentar-se-ia aos olhos de todos, como a ala moderada e renovada da própria MPLA, mesmo que separada desta.

Mas atenção a leitura dos factos, porque esta saída pode não acontecer em melhor altura, (o MPLA renovou no pôs guerra e com grandes impulsos de desenvolvimento a sua popularidade), o Cope da Àfrica do Sul, nos pode ajudar a pensar ou não?

Amosse Macamo


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terça-feira, novembro 17, 2009

Sobre o Despertar da Juventude Moçambicana

Durante as a campanha para as eleições recentemente terminadas, viu-se uma juventude repentinamente madura, com exigencias que há um ano atrás ninguém pensava-se com capacidade para tal. Viu-se uma juventude que criou uma espécie de gabinete de consultoria, onde, várias sensibilidades interessadas em exercer o poder durante os próximos 5 anos, foram lá prestar contas adiantadas do que pensavam fazer.

Alguns políticos levaram à sério as exigências juvenis, e lá foram apresentar as suas ideias sobre o que pensavam da juventude e dos seus anseios, defenderam a sua tese, com os seus objectivos políticos em relevo.

Mas o que sobressai e o que interessa não é se houve ou não afluência, se se levou à sério ou não ou se é legítimo ou não. O mais importante neste tipo de exercício é o despertar do sentido de cidadania que este tipo de exrecício representa.É o facto de se perceber uma força social capaz de desviar, nem que seja por dois tempos, a agenda do pensamento político, e da maneira de estar quase rotineira dos processos políticos.

Este tipo de exercício desperta a consciência de pertença na perspectiva de abrir espaço para a percepção de que afinal há capcapacidade de a juventude ser e estar na agenda política do país, não como mero instrumento, mas como um interlocutor válido e com ideias e com suporte próprio. Isso cria uma espécie de contraforça política, uma vez que, não representando nenhum partido político, sempre estará na mó de cima para a juventude como um segmento social interessado e afectado pelas decisões políticas, e sem se preocupar em agradar e ou em sabotar o poder do dia.

O brilhantismo da ideia reside na necessidade percebida de as instituições que regem a vida pública terem presente na mente que devem fazer a prestação de contas das suas acções nos afectados pelas suas decisões. Isso cria uma cultura de eficácia e de responsabilidade, desperta mais atenção aos decisores e mantém-os alertas no momento da implementação das decisões.

Alias, é assim que devia ser percebida a interacção entre os decisores e os beneficiários dessas decisões. A prestação de contas não pode ser entendida como uma subordinação ou como um controlo de tipo guarda costas, não. A prestação de contas é um estágio do desenvolvimento institucional de um país, e é também um caminho fácil para se atingir uma estabilidade a longo prazo. Também serve de despertador de consciências que se acham incapazes e ou excluidas da agenda nacional.

O facto de só a juventude ter dado esse passo é sinal de que Moçambique está a crescer, e a própria democracia está amadurecendo e tomando caminhos irreversíveis. Isso é bom e delicioso. O mais importante neste exercício não é a preocupação de se a ideia é levada a sério ou náo, o mais importante é o saber se este exercício será ou não repetitivo; porque se for algo sazonal, então a ideia não vingará por muito tempo, uma vez que no intervalo entre eleições, muita água passa debaixo da ponte, e não se sabe quantas e quais as pessoas que podem molhar. A sazonalidade do exercício da cidadania não permite avanços, mas cria rottinas, uma vez que o que se faz é a ritualização das acções dos actos, e não o desenvolvimento da consciência.

Isso pode se ver num exemplo vivo: os nossos partidos pequenos ou pequenos partidos. Eles fazem o mesmo de cinco em cinco anos, e o que se vê é a repetição dos mesmos mesmos resultados. Portanto se a ideia da juventude como um segmento social fortemente afectada pelas decisões políticas for de despertar para sempre para fazer uma pressão política às decisões que lhe afecta, então que seja isso. Mas se for apenas para a sazonalidade ou para agradar e ou para combater segmentos políticos, então tem duas opções: ou esquece-se o projecto ou então que fundem um pequeno partido ou pequeno partido.

X. Zacarias


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terça-feira, novembro 03, 2009

Quem efectivamente suporta a economia ?

OS 3 PILARES DA ECONOMIA

NUNCA UMA VERDADE FOI TÃO BEM DITA E EXPLICADA


 


 



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quinta-feira, outubro 01, 2009

O Apocalipse da democracia moçambicana




Nem sempre é fácil estabelecer comparações, no entanto, certas vezes em que tentamos fazer esse exercício somos interpelados pelos critérios que para tal nos apegamos. Como ponto de partida vou trazer o exemplo de um retrato feito pelo fotógrafo e o outro feito pelo artista plástico.

No primeiro caso um fotógrafo munido de uma camera digital de 12 megapixels tem a possibilidade de fazer mais do que 3 retratos por minuto com uma qualidade e nitidez de imagem invejável. No segundo caso, um artista plástico com ajuda do seu equipamento de trabalho – tinteiro, pincéis, tela, etc. - pode levar um par de horas para fazer um retrato. Porém no final de tudo existem os apreciadores quer de um quer do outro trabalho. Embora o retrato do artista plástico seja de admirar, a sua qualidade e precisão não será a mesma que a dos retratos feitos pelo fotógrafo pois estes levam vantagem a dobrar graças a ajuda da tecnologia. Nesta comparação fica meio embaraçoso atribuir mérito ao trabalho de um em detrimento do outro pois ambos fazem um trabalho semelhante – o de retratar a natureza através de imagens – usando meios diferentes. Naturalmente que um tem a vantagem de usar tecnologias que permitem a rapidez e precisão nos retratos enquanto que o outro tem a vantagem de fazê-lo de forma mais natural mostrando a habilidade humana de observar e retratar na tela.

Escusado seria que um destes se vangloriasse alegando fazer melhor trabalho, muito menos o fotógrafo pois este tem muita parte do seu trabalho facilitado pela tecnologia que usa em sua camera digital de 12 megapixels. Poderíamos no entanto fazer uma transposição deste exemplo para o cenário que se vive na campanha eleitoral de Moçambique (2009) em que perfilam intervenientes com perfis distintos.

Por um lado temos os partidos da oposição e por outro o Partido Estado que vem governando Moçambique desde a sua independência (1975) e que sempre tem levado vantagem nos escrutínios que se vem realizando desde 1994 (1999; 2004). Trata-se portanto de um partido que em principio tem muito para ganhar as eleições comparativamente aos seus opositores. Talvez seja por isso que os partidos da oposição, vezes sem conta, proferiram acusações contra o partido no poder de usar a verba pública para financiar as suas campanhas eleitorais e até mesmo viciar os resultados. Verdade ou não isso não importa neste momento como talvez seria em relação ao discurso actual deste partido na corrida às eleições gerais de 2009. O seu slogan principal reza que a FRELIMO é que fez e quem faz, acrescentando-se à isso uma estação televisiva privada passou uma reportagem sobre a campanha eleitoral deste partido no estrangeiro frisando ser o único a fazê-lo na diáspora comparativamente a oposição.

Ora bem, está-se perante algo semelhante à uma comparação desleal pois o partido no poder tem todas as vantagens possíveis pelo facto de ter um Governo constituido quase que oficialmente pelos seus membros. Naturalmente que é difícil separar os feitos do governo aos do partido. Durante o mandato de 5 anos, o discurso oficial ostenta a bandeira Governamental e na altura da campanha eleitoral a ostentação vira para a bandeira partidária que reivindica para si todos os feitos do Governo. Tal facto seria talvez pouco provável se o Governo fosse inclusivo – incorporando em cargos de direcção alguns membros dos partidos opositores. Numa estrutura governativade miscigenação politico-partidária seria pouco provável a confusão entre as fronteiras do Governo e do partido político dominante. Isso não significa porém que o partido no poder não tenha expressão no seu governo, mas esta deve-se manifestar no sentido fiscalizador e tomada de decisão ao mais alto nível na composição da sua estrutura governativa, sendo o resto manifestado ao nível parlamentar.

Ao nível da Diáspora o Partido FRELIMO tem muitas oportunidades de fazer a campanha eleitoral pois tem os seus membros a trabalharem nas embaixadas e consulados, em que nenhum partido da oposição tem os seus elementos.

A comparação acima aludida seria feliz quiçá, se o partido no poder tivesse células a funcionarem fora das embaixadas com instalações requintadas de equipamento a sua altura, e acima de tudo adquiridas com as cotas mensais dos seus membros. A comparação entre os feitos da FRELIMO e os dos partidos opositores teria mérito se talvez o primeiro construisse escolas e infra-estruturas públicas, da dimensão da ponte que liga Chimuara e Caia, com receitas provenientes das cotas mensais dos seus membros. Se assim fosse e não-se visse o mesmo exercício por parte dos restantes partidos da oposição talvez poderíamos aceitar a superioridade de uns sobre os outros.

Conforme se disse no início nem sempre é fácil estabelecer comparações e principalmente quando isso ocorre numa altura em que nos encontramos movidos por emoções ou quaisquer laços de afinidades – religiosas, étnicas, politicas, entre outras. Comparações tendenciosas soam de forma ruidosa quando provenientes de órgãos de comunicação social que reivindicam imparcialidade politico-partidária. Propalando-se uma postura dessa natureza no seio da imprensa pode-se correr o risco de se cair naquilo que poderia chamar de Apocalipse da democracia moçambicana.

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domingo, setembro 27, 2009

Peço um Voto Contra a AK 47 ou a Kalashnikov



Arma que torna nossa bandeira a única no Mundo






A Kalashnikov, arma automática vulgarmente conhecida por AK 47 ou AKM, em russo Avtomat Kalashnikova com referência 47 dando indicação do ano do seu fabrico 1947, é uma das armas que mais matou no mundo e com certeza a que mais mata na actualidade.

Foi criada por Mikhail Kalashnikov, jovem, na altura com somente 28 anos de idade, e produzida na União Soviética, entretanto, o Israel e o Irão são hoje os seus maiores produtores. Os entendidos na matéria dizem que ela é uma arma de assalto e uma das armas de fogo mais baratas e muito fácil de encontrar a venda.

Esta arma é amada porque é fácil de usar, é barata e pode ser encontrada a venda em qualquer lugar. Mais do que isso, ela é uma arma bastante resistente e pode ser utilizada sem necessidade de cuidados espaciais relativamente a chuvas, água, arreia, lama entre outros.

Pesando em média 4 kg, a AKM é muito usada pelos rebeldes, terroristas e bandidos, dada a facilidade de aquisição, manuseio e limpeza. Esta arma tem um raio de acção útil acima de 1,5Km, embora com alcance eficaz de 600m e pode disparar cerca de 600 tiros por minuto. Esta, é uma arma devidamente reconhecida inclusive pelo Guiness Book, o livro dos recordes, que a qualifica superior em termos de uso, a sua rival americana M16.

Hoje com cerca de 62 anos, a AK-47 tem muitas histórias por contar. Já passou por mãos de poderosos e de fracos, já esteve na mesma batalha nos dois lados beligerantes, é conhecida em mais de metade dos países do mundo, seus mortos já passam os milhões e seu preço continua o mais barato do mercado.

Esta arma tem uma história muito bem cimentada em Moçambique, sendo este país o único no mundo que ostenta a AK-47 na sua bandeira. Tal história remota dos tempos da luta pela libertação da pátria. Sendo a União Soviética um dos grandes aliados do movimento, a AK-47 foi um dos maiores bens disponibilizados aos militares.

Memo depois que alcançada a independência, a AKM foi a principal arma de uso durante os 16 anos de guerra civil, deixe-me aqui sublinhar e repisar guerra civil, porque independentemente das suas motivações e causas, no seu conteúdo, a tal guerra não deixou de ser civil.

Finda a guerra civil moçambicana, a AKM passou a ser usada não só pelos militares, mas principalmente pela polícia de protecção, a tal Policia da República de Moçambique. Assim, cada esquina que os cidadãos passam em qualquer cidade deste país coberto pela PRM encontrará os agentes altamente armados com AKMs, podem também trazer pistolas, mas AKM não falta, é quase que sempre recomendada.

Para eficácia nas suas operações, os criminosos usam também as AKMs. Não são poucas as vezes em que a polícia aparece na TV mostrando unidades e dezenas de AKMs recuperadas das mãos dos criminosos. E aqui é preciso também sublinhar recuperadas porque com o crime organizado e com a promiscuidade entre meliantes e a polícia as armas usadas são as mesmas, tirando aquelas que foram roubadas ou adquiridas no mercado clandestino onde a AKM chega a custar cerca de 50 USD, ou somente 1.500.00Mt.

Esta arma de assalto, anda a solta nas nossas cidades, com maior destaque para a cidade de Maputo e Matola. A maior parte das execuções sumárias aqui acontecidas são realizadas com recurso a AK-47. em vários locais desses crimes, cápsulas e projécteis da Kalanishnikov são encontradas ao redor.

Uma das maiores trocas de tiros de que me lembro foi na sequência da operação que neutralizou o Mandonga. No local, a polícia altamente armada com AKMs, Mandonga também manuseava algumas estrategicamente posicionadas em algumas janelas e buracos da casa, (dizem que era o único a disparar da residência).

Cuvilas, o grande talento das artes em Moçambique, foi morto pela polícia com recurso a essa arma. Carlos Cardoso, se a memoria na me atraiçoa, também foi morto através de uma AKM, só para citar alguns nomes de entre tantos que poderia mencionar.

Ok, acima de tudo que coloquei, tenho somente duas questões: o porque do uso dessa arma na nossa bandeira e porque a polícia insiste a usar esta metralhadora para lidar com cidadãos indefesos e desarmados? Não encontro respostas coerentes, racionais e convincentes. Na verdade não há necessidade de continuarmos a usar essa arma para lidar com pessoas indefesas e desarmadas.

Se for para lidar com criminosos, que a polícia especial continue a usar a Kalanishkov, mas não a polícia de protecção. Na nossa bandeira o que a AK-47 quer simbolizar? Somos os únicos a render homenagem a essa arma? Até o Bin Laden que em várias fotos aparece com AKM na mão, não a usa como bandeira. Os russos não a usam como bandeira, nem os israelitas, nem os iranianos e muito menos a Cuba e outros países que a utilizaram em guerras pesadas, como Angola, Congo, etc.

Esta a razão do meu pedido de voto. Vamos retirar essa arma das nossas ruas e da nossa bandeira. Chega de intimidações e de mortes. Chega de símbolos terroristas e chega de medo. Vamos votar contra a AKM, contra a AK-47, contra a arma automática Kalanishkov.

Embora tudo que a arma fez, para bem ou para o mal da sociedade, 62 anos são suficientes para passarmos para outra fase da nossa historia. Uma história que não é escrita com sangue derramado por uma AK-47, mas uma história que é escrita com diálogo, canetas, arte, danças e outros.

Peço um voto contra o uso da AKM na rua e na bandeira!

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segunda-feira, setembro 21, 2009

Viciação Artificial de um Processo Eleitoral: O Papel Indecoroso de Algumas Chancelarias

Do meu amigo Obed L. Khan recebi, por email, o texto que, com a devida vênia ao seu autor, publico aqui neste espaço.

Viciação Artificial de um Processo Eleitoral

O Papel Indecoroso de Algumas Chancelarias


Obed L. Khan

Introdução

Que factores determinam o actual cenário de ruído e gritaria prevalecente em alguns sectores políticos, da comunicação social e da blogosfera? Que factores determinam o protagonismo excessivo de algumas representações diplomáticas, algumas vezes eivado de autêntica grosseria e visível ingerência em assuntos internos, em violação das convenções que regem as relações diplomáticas entre Estados soberano, como aquele que nos tem dado a assistir por Todd Chapman, que nem sequer Embaixador é, um simples Encarregado de Negócios dos Estados Unidos da América? Haverá ou não, por parte de alguns sectores externos, tentativas evidentes de, logo de início, desacreditar o processo eleitoral em curso e destabilizar Moçambique? Existem algumas evidências que apontam para um esforço concertado de desacreditação para depois se lançar a destabilização? Este artigo pretende responder a algumas destas interrogações e contribuir para que o nosso país venha a ter eleições livres que, mais do que a interesses de potências estrangeiras, responda aos mais genuínos anseios do povo moçambicano. Mais, que Moçambique seja um país em paz.

Antecedentes

Há antecedentes para esta gritaria e ruído protagonizado por alguns sectores externos que, agora se esforçam para moçambicanizar um problema que é seu. O primeiro deles é a exclusão, com base na Lei, de alguns candidatos que se haviam proposto concorrer às eleições presidenciais. Um grande número de concorrentes, alguns deles veteranos nestas lides, foram impedidos de concorrer às eleições presidenciais por manifesta agressão aos procedimentos legais. Relatam-se casos de alguns desses candidatos que, fraudulentamente, pegaram mapas de eleitores publicados pelos órgãos eleitorais e, sem consulta com os visados, forjaram assinaturas e impressões digitais e submeteram-nos ao Conselho Constitucional. Foram, logicamente, chumbados e, esperamos, responsabilizados criminalmente. No geral, a decisão do Conselho Constitucional foi aceite sem muito ruído, pese embora o espanto e a admiração que causou. Era a primeira vez que se passava um pente fino aos processos apresentados pelos candidatos.

O segundo antecedente surgiu duma percepção pública deturpada da decisão da Comissão Nacional de Eleições. Circulou em alguns meios, incluindo na blogosfera, a notícia de que apenas três Partidos haviam sido aprovados para concorrerem nas eleições legislativas e provinciais. Esses Partidos seriam a FRELIMO, a Renamo e o MDM. Este entendimento errado caiu bem na opinião pública. Circularam inclusivamente comentários de que este filtro permitiria uma escolha menos dispersa dos eleitores. Partidos como o PIMO, o Partido Trabalhista, o PDD e outros foram ridicularizados nesses sectores, devido à sua falta de capacidade e de organização.

Factores Determinantes da Gritaria e do Ruido

A mudança de atitude, por parte de alguns sectores internos e externos dá-se quando se percebe que o rigor dos órgãos eleitorais havia atingido um Partido que é percebido como um virtual sucedâneo da Renamo no espectro político moçambicano ou como dizia um cidadão “a metamorfose da perdiz que se traduziu em galo como resultado dos 17 anos de domesticação”. A indignação que a exclusão desse Partido suscitou cegou e retirou objectividade política aos nossos diplomatas estrangeiros que, alertados de que estavam a ingerir grosseiramente em assuntos internos de um Estado soberano, trataram de recrutar altifalantes nacionais, aqueles que não se envergonham em vender a sua dignidade e o pais a troco de algumas palmadinhas e uns trocos em apoio de seus projectos insustentáveis. Não vi até agora um esforço para entender com rigor analítico os factos que originaram o furor e a zanga dos nossos diplomatas.

Organizar processos eleitorais não é uma empreitada fácil. Requer estrutura, disciplina e organização.

Os dados em presença indicam que alguns desses requisitos não estiveram presentes, particularmente no MDM. Este Partido surgiu em finais do ano passado. Embora tenha conseguido capturar alguns delegados e algumas sedes da Renamo, o MDM não se apoderou da estrutura da Renamo. Pode ter alguns delegados provinciais e, até, distritais, mas não possui ainda uma máquina com capacidade e vocação de seleccionar candidatos em todas as províncias e em todos os distritos para as eleições legislativas e provinciais. Uma máquina para recolher, verificar e arquivar devidamente processos individuais relevantes para qualificar candidaturas. Muitos quadros ainda estão relutantes em abraçar este novo Partido.

O Presidente pode telefonar hoje e convidar alguém para Candidato. Esta pessoa aceita. É inscrita nas listas. Mas, algumas semanas depois, quando é procurada para entregar a documentação requerida, essa pessoa pode não ser encontrada. Por conveniência própria. E é preciso telefonar para outros. E o ciclo se repete. Não existe uma delegação do Partido eficiente e eficaz para monitorar estes processos.

O que se descreveu acima reflecte as deficiências de estrutura deste novo Partido. As informações que circulam com insistência revelam que este Partido não esteve organizado também. Por exemplo, um dos mais dinâmicos activistas, depois de haver entregue os processos na CNE, mandou o seu empregado lavar o carro. Este encontra dentro do carro caixas que se veio a descobrir serem os documentos que validavam as listas entregues.

As caixas são encontradas fora do prazo em que deveriam ter dado entrada na CNE. A carta enviada pelo MDM à CNE, a solicitar que se autorizasse o mandatário a digitar as listas nos computadores daquele órgão deve resultar deste facto. Ou seja, tudo parece indicar que o MDM apresentou listas incompletas, desorganizadas e sem condições para qualificar candidaturas nos círculos eleitorais em que foi desqualificado. E organizar devidamente as listas não é tudo. É necessário que as mesmas sejam finalmente eleitas. O que não estava garantido, com alguns círculos a revelarem grandes debilidades.

Há inclusivamente suspeitas já publicadas de que o MDM estava consciente das suas fragilidades. E que, por isso, esmerou-se na organização das listas das províncias onde entende ter melhor implantação (Sofala, Zambézia, Cidade de Maputo e Niassa) e que, propositadamente, desorganizou os processos das outras províncias para serem chumbados. O objectivo seria capitalizar na reprovação, projectar uma imagem de vítima e, deste modo, elevar o seu perfil nacional e internacionalmente. Esta percepção não é de todo descabida sabendo que a vitimização foi a estratégia intuitivamente adoptada por Daviz Simango nas eleições autárquicas na Beira.

Pressão Indecorosa de Embaixadores Estrangeiros

Tenho a impressão de que a posição da CNE é, na substância, inatacável do ponto de vista legal. Só esta suposição é que pode justificar as posições camaleónicas dos nossos amigos diplomatas. Com efeito, nas suas grosseiras pressões, falam de tudo, menos do respeito pela legalidade. E isto é estranho vindo dos nossos amigos europeus e americanos. Estes países insistem em que fundaram as suas instituições políticas na base do respeito escrupuloso da lei. E que o seu desenvolvimento, prosperidade e bem estar social provêm desta perfeita simbiose entre as instituições políticas e a legalidade. Nos últimos vinte anos vêm pregando este novo evangelho com inspirado vigor. Subitamente percebemos uma dramática mudança nas suas práticas.

As declarações de Kari Alanko, Embaixador Finlandês em Moçambique, embora menos grosseiras e menos mal educadas que as de Todd Chapman, fotocópia do Dennis Jett, seu conterrâneo, são sintomáticas neste aspecto. Ele fala dos princípios gerais de democracia que, segundo ele, são a liberdade, a justiça e a transparência. Não há nenhuma alusão ao respeito pela legalidade. Mesmo procedimento havia sido seguido pelo Diplomata americano quando introduziu o conceito da “inclusão” no dicionário político moçambicano sem, porém, sobre ele elaborar no mais mínimo.

É caso para considerar que estes nossos amigos devem acreditar que existe uma democracia para europeus e norte-americanos, que se funda no respeito pela lei e uma democracia para pretos que seria gerida na base de um confuso, subjectivo e curioso conceito de “inclusão”.

Desta vez os nossos amigos diplomatas não falaram da alternância como um dos princípios gerais da democracia, sem a qual as eleições não podem ser percebidas como livres e justas. Ainda não começaram a falar do GUN. Mas tudo leva a crer que lá chegaremos como aconteceu nos tempos de Dennis Jett. A FRELIMO, juntamente com o MPLA, o Chama Cha Mapinduzi, o ANC, a SWAPO e a ZANU, tem a sua génese no movimento libertador que ousou desafiar a supremacia branca na região.

No seu conjunto, estes Partidos estão imbuídos de um espírito fortemente nacionalista orientado para uma dignificação cada vez mais crescente dos africanos. Estes Partidos olham para os recursos da região, nomeadamente a terra, os recursos minerais, os recursos marinhos e outros como devendo beneficiar, em primeiro lugar os nossos povos.

A permanência no poder destes Partidos é uma afronta às estratégias hegemónicas de poderes estrangeiros. Daí a aposta na sua demonização e consequente derrube e pulverização.

Assim foi na Zambia com a UNIP. Processo similar está em marcha no Zimbabwe com o desejado enfraquecimento da ZANU-FP. Portanto, quando poderes externos não se coíbem de desafiar, desacreditar e vilipendiar as decisões de um órgão independente como a CNE só podemos nos perguntar o que estará atrás dessas atitudes.

Quando embaixadores estrangeiros pedem ao Presidente da República para, fora dos parâmetros da lei, intervir e declarar nulas as decisões de um órgão independente como a CNE só podemos nos perguntar que interesses se perseguem. Quando no âmbito do diálogo político com o Governo os mesmos embaixadores chantageiam o país com eventuais cortes de ajuda, para forçar uma intervenção irregular deste sobre a CNE e sobre o Conselho Constitucional só podemos dizer que se perdeu a vergonha, o decoro e o respeito pelas regras diplomáticas.

Quando embaixadores de países estrangeiros emitem declarações regulares para pressionar e intimidar o Conselho Constitucional só podemos concluir que o rei vai nu. E, finalmente, perguntar: o que faz correr a “comunidade internacional”?

Sinais de que se Pretende Descredibilizar o Processo

Há indícios de que se pretende forçar uma situação de crise política e de caos e finalmente destabilização. O primeiro sinal pode ser obtido do esforço sistemático de demonização da CNE, quer nela própria como instituição, quer nas pessoas dos seus componentes, em especial o seu Presidente. O segundo sinal pode ser obtido da pressão indecorosa sobre o Conselho Constitucional e dos apelos para que não seja acatada qualquer decisão que não vá de encontro às pretensões dessas chancelarias. Um terceiro sinal pode ser encontrado na forma como um processo eleitoral geralmente pacífico está a ser relatado por alguns sectores da imprensa nacional e internacional, a mando destes diplomatas zangados. Quem não está no terreno é levado a pensar que sempre que um militante do MDM sai à rua é agredido. Que a campanha eleitoral está a ser condicionada por uma violência institucional semelhante àquela que nos foi relatada sobre o Zimbabwe. Pretende-se, em minha opinião, criar todas as condições para a rejeição dos resultados cujo vencedor qualquer pessoa minimamente informada conhece antecipadamente por virtude de um trabalho de grande mérito que realizou ao longo de todo este quinquénio. Neste sentido, o trabalho jornalístico de um semanário local que sai às sextas-feiras é um manual completo de como se constrói artificialmente o caos e a destabilização.


PS. Os nossos parceiros zangados devem recordar-se que o que nos dão não é almoço grátis. Teremos que pagar de forma directa como divida ou nos meios diplomáticos votando a favor da sua candidatura em organismos internacionais...

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sexta-feira, setembro 18, 2009

A teoria da vitimização do Deviz

Serei eu adepto da teoria de conspiração? Não sei, mas, algo me diz que a história da exclusão de algumas listas da MDM é obra da própria MDM.

Sim, é que, não se pode conceber que em alguns círculos eleitorais as listas tenham sido bem organizadas e por conseguinte aprovadas e em outros tão desorganizadas ao ponto de ditarem o resultado que hoje se contexta.

O mais engraçado, é que as listas da MDM não foram excluidas nos círculos onde a MDM é no mínimo conhecida, Maputo Cidade, Sofala, (Niassa e Inhambane), sendo que, nas zonas onde pouco ou nada se sabe sobre este partido e seu candidato teve problemas.

E ai nasce o meu questionamento: problema ou suposto problema?

Ao meu ver, há aqui um suposto problema, inventado pela MDM e com auxílio de alguma contrainteligência que hoje o auxilia, de buscar na vitimização deste movimento, os trunfos e/ou estratégias da sua penetração.

A gênese deste movimento já explica em parte, esta estratégia de vitimização, pois, quando o seu líder foi expulso do partido onde militava, a opinião pública, não quis saber das razões de fundo que ditaram o seu afastamento, senão, tomar as suas dores.

Penso que a estratégia hoje se repete, só que, com um dado novo: para além do povo e alguma imprensa a MDM, tem a comunidade internacional e doadores a engrossarem a lista dos que olham para ele e seu candidato num único ângulo:
como injustiçados.

Se o resultado do CC. ditasse a repescagem do MDM, este, mesmo sem estar a fazer a campanha ia com alguma vantagem em relação a alguns em campanha efectiva, isto, por toda esta campanha gratuíta que está sendo feita.

É que hoje, até para quem como eu que nunca olhou para a MDM com olhos de ver, passa a prestar alguma atenção, isto, pela visibilidade que é dispensado por todos e principalmente pelos embaixadores acreditados no nosso pais, e alguma imprensa que frustrada a sua tentativa de empoderar RENAMO, vê no MDM, hoje, parte da solução dos seus problemas e das suas incofessáveis agendas.

O que hoje está a acontecer, (o estranho protesto dos embaixadores e doadores e se levarmos em conta que outros partidos e candidatos já antes tinham sido excluídos), não é estranho se recuarmos por pouco tempo ao périplo que este movimento, logo após o seu acto constitutvo fez por alguns paises a começar de Portugal, contra todas as expectativas, que esperavam que este, se embrenhasse pelos distritos, explicando o seu propósito político.

São este amigos(?) do MDM, que hoje deitam abaixo o espírito da lei ao qual tanto martelaram nas nossas cabeças para que aprendéssemos em nome da inclusão, isto porque lhes interessa ter um guardião dos seus interesses a concorrer.

Este filme, já passou algures (penso que em Zimbabwe), e o que está a acontecer, é uma tentativa de reeditá-lo com outras nuances.

É assim fácil prever que, se as coisas, se assim se manterem (decisão do CC), o que os doadores e a comunidade internacional dirão, é que o processo já está viciado logo ao nascimento e seguir-se-ão depois das eleições, as já famosas propostas de Governo de Unidade Nacional e queijando.

Moçambicanos, onde anda o nosso sentido de patriotismo? Não somos capazes de olhar para este processo com as nossas próprias lentes? Ainda que dependentes da ajuda destes paises, devemos aceitar que em nome desta ajuda hipotequemos a nossa soberania? Devemos fingir não ver esta interferéncia? Não será esta violação do princípio do direito internacional público de não ingeréncia nos assuntos internos de um Estado?

Para todos os efeitos, fico a torcer para que a decisão do Constitucional, seja no sentido de inclusão, não porque sugeriram os embaixadores, mas, como prova, de que nem com todo este apoio, a RENAMO, digo MDM, terá a visibilidade que se pretende, para provar, que nem com este golpe de marketing, se pode mudar a direcção do voto.
O povo não é cego.

Um abraço ao bom senso P.S. qualquer que seja a decisão do C.C. esta, deve ter como suporte o primado da lei

Jalaludino Ossufo

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terça-feira, setembro 01, 2009

Uma Implosão De Vídeo

Pede-se me estas duas linhas para falar do trabalho de MC Roger. Escrevo, apenas para colocar os meus ponto de vista acerca do que é o seu novo video clip gravado no Brasil, cujo título se não me egano é “superstar”.

Repito, escrevo para falar do trabalho de MC Roger, apenas (desculpem, mas talvez um dia percebam a necessidade desta repetição)

O MC, sabe fazer marketing não haja dúvidas. Marketing agressivo até. Pois, foi com o seu marketing, que soube que ia ao Brasil gravar o seu mais recente video clip.

Conhecendo a marca dos vídeos deste “entreteiner” feitos no solo pátrio, o toque de qualidade que está habituado a cunhar-lhes, o gosto pela exloração de paisagens e de cores vivas, pensei comigo: vem aí uma bomba de vídeo.

Mesma bomba que encontrei um dia no vídeo “patrão” e nos demais que caracterizam o MC.

Esperava e honestamente, um MC a começar o vídeo com uma caminhada no calçadão moçambicano, exibindo a não menos bela praia de Costa de Sol, mostrando as nossas lindas mulheres, nossas belas paisagens que sempre irradiam a nossa vontade de viver e nosso estilo próprio, e que, essa caminhada, terminasse no calçadão brasileiro.

Esperava que o MC caminhasse num à vontade no morro, que cumprimentasse as “mamanas baianas” e linkasse essas imagens com as das “mamanas do mercado de peixe” e/ou do mercado da baixa.

Mas não, MC Roger anunciou uma viagem a Brasil e mais, fez estreia do video com Ministros a mistura, para fazer e mostrar um clip a volta de uma piscina!

Até os miúdos cá da praça que gravam com as suas próprias economias, para as próprias namoradas, para ficarem conhecidos no seu quarteirão, já evoluiram deste tipo de cenário.

Que se diga, casas com piscinas, existem aos pontapés na Cidade de Maputo e em qualquer Bairro, daí, não perceber o que tenha levado o MC ao Brasil para gravar um clip exclusivamente numa piscina.

Não me quero substituir ao realizador e/ou produtor deste vídeo (lembrar que o MC, diz ele e não duvido, participar activamente na produção dos seus clips), mas, analisando o ângulo que se aponta a câmara a piscina e as meninas (que se diga ao bom jeitinho brasileiro), podia até pôr em causa, se este clip, foi ou não gravado no Brasil.

É que, caras brasileiras (como as que aparecem no vídeo clip), pode-se achar em Moçambique, mas um calçadão, ou um Cristo Redentor, o Morro, não se acham em qualquer parte senão no Brasil e se, o sonho de MC (e sei que é esse), é explodir para além do Moçambique, um clip com imagens ilsutrativas do Brasil só o ajudaria e muito.

E que se diga, mesmo que o MC fosse péssimo artista, encontraria a atenção primeiro dos brasileiros que veriam o seu pais reflectido no estrangeiro, e segundo, dos demais, que admirariam um facto de alguém de uma país tão longíquo e em vias de desenvolvimento, ter tido um orçamento que o permitisse gravar fora.

Penso que nem o dono da psicina que se fez o clip, se não o dissessem saberia que aquela piscina era dele!

O MC, cometeu neste clip erros primários de marketing, reduziu com este clip, o seu trabalho de anos, não soube se igualar a ele, resumindo, foi seu próprio adversário, num jogo em que tinha tudo para ganhar ou melhor “calar a boca” dos seus detractores (como sabe fazer e bem).

Este clip, foi ao meu ver uma verdadeira implosão, uma decepção de clip, cujo alento, encontrei no clip de Lisa James (que ainda não vi por inteiro, mas só das partes que se exibem da publicidade, o cenário é bem diferente), creio gravado nos States, aliás, não creio porque as imagens falam de per si.

Um tiro certeiro no seu próprio pé e na autoridade que diz ter no marketing.

Mas este é o meu ponto de vista.

Gonçalves M.


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quarta-feira, agosto 26, 2009

Indagações (1)

Hino Nacional

Com emoção, entoamos o nosso Hino quando a Menina de Ouro, hoje Heroína do Trabalho, Maria de Lurdes Mutola, elevou para o patamar mais alto, do mundo desportivo, o nome do nosso país. Também, entoamos o nosso Hino quando os nossos (?) Mambas (?) se fazem ao palco de jogos de competições internacionais.

Geralmente, se entoa o hino antes do inicio das actividades em escolas, jardins infantis/creches, alguns eventos nacionais (Conselhos Consultivos e/ou Coordenadores, Assembléias, Seminários) e/ou eventos partidários, em particular do partido no Poder, e no fim das sessões televisivas e radiofónicas, das redes públicas.

No fim de semana passado, assistiu-se, em momentos diferentes, ao entoar do Hino Nacional, sendo de salientar a postura tomada pelos "cantadores". No primeiro evento, relativo a um programa juvenil, os protagonistas levavam a mão esquerda ao lado direito do peito. Na assistência, ainda que em pé alguns cruzavam os braços com manifesta indiferença.

Num outro evento, de cariz politico e partidário, os intervenientes, pessoas adultas e maduras, na entoação do Hino, alinhavam-se ao estilo militar, fazendo-no em sentido e com os semblantes compenetrados e carregados de respeito(?).

Estes dois acontecimentos trouxeram-me a memória os meus tempos de colegial onde todos os dias, sem excepção, seguindo um ritual quasi militar, entoava o Hino. Hoje, nas escolas, o Hino é cantado em escalas. Por exemplo, hoje entoa a 8ªA, 9ªA e 10ªA, amanhã é a vez da 8ªB, 9ªB e 10ªB, assim seguindo.

Que significado tem um Hino Nacional? Que postura se deve tomar no momento da entoação do hino Nacional? Em que ocasiões deve o hino de uma Nação ser entoado? Que valores estão subjacentes ao Hino Nacional? Será o Hino um símbolo nacional? É bastante e dignificante ter a letra do Hino Nacional na contracapa de alguns cadernos?

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quarta-feira, agosto 19, 2009

A situação medica no meu Moçambique

por: Dino Foi
Amigos,

Hoje não falo de economia, tecnologia e muito menos política. Hoje vou estar na pele daquele Moçambicano, trabalhador que pode pagar as suas despesas médicas com o suor do seu trabalho mas que se sente frustrado. Frustrado porque mesmo podendo aceder a algum conforto social fruto de suor e trabalho digno, não consegue ter um tratamento médico condigno. Frustrado porque mesmo com dinheiro no bolso não consegue comprar medicamento básico como uma aspirina, frustrado porque alguém no Ministerio da Saúde decidiu consertar algo que não estava quebrado e como resultado as farmacias nao conseguem ter os medicamentos importados a tempo e, finalmente muito frustrado porque este mesmo Ministério, mesmo com os avisos de há muito tempo sobre a Gripe A, ainda não procurou meios de se preparar para esta pandemia e, agora a Gripe chegou.
Há cerca de 2 meses tive amigos estrangeiros a visitarem Moçambique pela primeira vez, quando os fui buscar na sala de desembarque a primeira reclamação foi de que não tinhamos nenhum equipamento para monitorar a gripe. E eu, inocentemente e quase que automaticamente respondi: temos sim, só que o check é feito no aeroporto de Johannesburg, então tudo o que vem a Moçambique está checado. Não sei de onde tirei isso mas foi o que me veio na cabeça naquele momento e pronto já me tinha justificado.Algumas semanas mais tarde tive de viajar à Ásia e, foi impressionante ver o que se passava em Hong Kong, não só uma boa parte dos passageiros tinha máscaras mas do outro lado TODO aquele que entrava para o território, passava por uma medição não intrusiva de temperatura e, todo aquele que tivesse temperatura acima do normal ia para um teste médico.Eu que estava de passagem não me dei a maçada. Chegado ao meu destino, Taiwan, o mesmo exercício se passava e desta vez tive de passar pelo processo, mas felizmente nada eu tinha. Dez dias depois regresso à Moçambique, lembrei me da "mentira" que eu acidentalmente havia dito aos meus amigos e, como só para confirmar decidi ficar uma noite em Johannesburgo, não vi aparelho nenhum. No dia seguinte passo a segurança e me vejo na sala de embarque e... nenhum aparelho estava ao meu alcance. Tremi um pouco e subi o nosso 737-200 que nos levou ao Maputo.
Chegados aqui vejo uma fila grande: havia um pessoal da saúde a perguntar aos passageiros se tinham sintomas de febre e, se as sentissem deviam-se dirigir ao posto de saúde mais próximo. Tremi um pouco mais.Duas semanas mais tarde a minha esposa começa a tossir que não parava, como está na fase gestacional temos evitado os médicos se não apenas o ginecologista. Desta era impossível evitar e lá fomos à clínica do Hospital Central. Lá 1,650 meticais fomos cobrados pela consulta de urgência e fim de semana, depois de uma seca de cerca de uma hora fomos atendidos. A médica fez este e aquele teste (verbal), usou o seu estetoscópio, mesmo a minha mulher tendo dito que sofria de febres não nos foi medida a temperatura. Fomos informados que deveriamos fazer o teste de malária e um hemograma completo. Chegados ao sítio de colher a amostra de sangue é que foi um inferno: a enfermeira que parecia estar de estágio não conseguia localizar a veia da minha esposa. Lá foi ela puxa aqui e puxa acolá, conseguiu localizar uma veia mesmo no pulso, lança a seringa como quem faz uma tacada de basebol, a minha mulher grita, ela puxa a seringa toda como que estando a usar uma bomba de ar manual e, obviamente o sangue veio às gotas, ela bombeia a seringa para dentro, retornando ar e sangue e depois puxou outra vez, aqui então a minha esposa deu um grito de afujentar um leão e lá tinhamos o sangue. A dor era terrível, o pulso ficou completamente verde por 48 horas e com uma dôr que a pobre da mulher se torcia toda. Amaldiçoei o oficial da minha empresa que inscreveu o meu seguro médico naquela clínica.
Uma hora passou e fomos ver a médica com os resutados, desta vez não era aquela que estivera. As perguntas foram as mesmas como a anterior, o que é estranho porque pensei que a primeira estivesse a rabiscar no processo da minha esposa. Eu então, o tradutor (o Português da minha esposa ainda é de Meu Mãe, Minha Pai) a deitar fumo pelas ventas, como se diz, mas lá eu me acalmei. A médica nos receita mel, limão e beber muita água (como se fosse necessário fazer medicina para saber esta fórmula) e, um xarope Benitussin que não existe em nenhuma fármacia no Maputo, não que tenha ido a todas mas depois de entrar em 8 delas vi que era um pesadelo.Gostava de falar do senhor Benitussin que não se encontra na praça. Tendo eu batido com a cabeça nas primeiras 4 farmácias, decidi perguntar o que de especial tinha este Benitussin que não se encontrava em nenhum sítio. Foi me dito que era um xarope tão bom tão bom (ainda não encontrei em nenhum sítio registado este xarope, o que se aproxima a ele é Robitussin da Wyeth Consumer Healthcare) que até uma criança poderia tomar, mas a nova ,metodologia de registo de medicamentos implementada pelo Ministério da Saúde faz com que medicamento como este leve pelo menos 6 meses só para registar mais o tempo do processo de importação. Felizmente as novas tecnologias não nos deixam mal e, comprei na internet Robitussin na internet e entregue na minha porta, alguém que vá queixar ao MISAU, mas não registei coisinha nenhuma.Como um mal não vem sozinho, peguei a gripe no domingo, sem querer culpar a coitada da minha esposa, tenho de reconhecer que a passagem foi automática. Lá estava eu naquela clínica.
Primeiro, o meu processo não é encontrado no sistema deles, depois é o primeiro médico que me haviam indicado que não estava. Sinceramente, para mim qualquer médico servia e, depois de uma "seca" de cerca de 45 minutos lá estava eu em frente do médico. Importa frisar que enquanto esperava pelo médico a minha mulher liga-me e, eu que não a tinha avisado que estava na clínica digo onde estava, ela diz me para regressar à casa porque ela tinha todos os medicamentos para uma possível gripe. Neguei porque queria um resultado médico, eu via a preocupação da mulher-contas, ela é muito aversa a contas desnecessárias e, naquela minha ida ela já estava a prever gastos desnecessários no médico (e foram), enquanto que podia-me medicar pessoalmente.Não vacilei, fui atendido pelo médico e as perguntas foram:Tosse?!SimTem febres?Um pouco, pelo menos na noite passada.Doi lhe a cabeça?Sim Ai fui receitado amoxicilina, vitamina C e aspirina, estas dua últimas soube logo que não existiam na farmácia da clínica! Parece um filme, né?

A odisseia não acaba aqui, no dia seguinte de tanto a minha esposa tossir ,decidimos que teríamos de ver qualquer ginecologista (não era o nosso médico porque não haviámos programado, queriamos alguém apenas), tendo dito que (não fez a sonda)o bebé estava em óptimas condições (como tenho saudades da sonda de 4D em Taiwan!), então tinha que tomar amoxiciclina e benacyclina, coisas que a coitada da minha mulher quase que jogou fora (a última vez que foi receitada medicamentos numa das clínicas paramos na sala de emergência da clínica da sommerschield das 2 de madrugada às 7 horas!). A questão não era da tosse como tal, mas sim o que o tossir poderia fazer ao feto, o que queríamos ver era via sonda a situação da herdeira. Lá chegamos às 16 horas (às 13:00 quando paguei a consulta não encontraram o processo da minha esposa e penso que até agora ela tem 4 processos e eu 6), a médica só nos atendeu às 18:25. Esta e aquela pergunta e lá fomos para o outro lado do consultório e, quando nós pensávamos que iamos ver o bebé a médica trouxe um outro aparelho para escutar o bater do coração do bebé. Lá estávamos nós frustrados e, o nosso pobre metical havia sido engolido, sem recebermos o serviço que precisavámos. Moral da história: não estamos preparados para gripe A nenhuma, se ela entrou mesmo em Moçambique, vamos morrer como galinhas. Não quero ser o mensageiro do mal mas com tanta falta de medicamentos que se verifica e falta de profissionalismo nas nossas instituições hospitalares o caminho é abismo.
Mais não disse

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