Compatriotas Manuel, Ericino, Canhenga, Tito Mota, Dalton e demais interessados!
Li atentamente todas as reacoes que se seguiram a minha intervencao relativamente a veiculacao da musica mocambicana nos canais de radiodifusao mocambicanos. Longe de discutir pessoas, perseguirei o debate de ideias, pois apenas isso move-me. Espero que acompanhem atentamente.
Entendo que qualquer canal que solicite um espaco nas ondas hertzianas para radiodiifundir seja la o que for, cumpre com o postulado na Lei de Imprensa, apresenta uma linha editorial ao Gabinfo e cumpre com os requisitos básicos de divulgacao de sons por via deste meio.
A minha abordagem continua no mesmo diapasao e mantenho firme a ideia de que: Nao se devem divulgar determinados temas musicais em determinadas horas e canais públicos que atentem a moral, suscitem violencia, apelem ao sexo, drogas, comportamentos anti-éticos, racicos ou étnicos.
Antes de debrucar-me profundamente sobre isso, importa dar algumas respostas as questoes que foram sendo colocadas directamente a mim, comecando pelo Manuel.
Eis a pergunta:
“A questao que pretendo colocar e simples. Se foste capaz de avaliar a musica pelo seu conteudo e achaste que nao deverias te-la difundido, entao porque e que precisamos de mais regulacao? O exemplo que citaste mostra que de facto nao precisamos de regulacao nesta area, pois os nossos radialistas tem competencia suficiente para separar o trigo do joio.” Manuel Araujo.
Abaixo a resposta:
Caro Manuel, pese embora o facto de eu tambem reconhecer que os nossos radialistas tem tamanha competencia para passar o que acham ser boa música, ainda acho que é necessario regulamentar-se, e digo-lhe porque: Questione aos etno-musiclogos de alguns paises quanto mal causaram aos jovens determinadas músicas veiculadas insistentemente por certos canais de rádio em sinal aberto apelando as drogas, ao sexo, a imoralidade, as armas, etc. Nos EUA artistas como Janeth Jackson, Nirvana, Justin Timberlake, Wu Tang Clan entre centenas de outros, viram as suas musicas com letras explicitamente atentadoras a moral, banidas de todos os canais de televisao e de rádio que emitem em sinal aberto para os mais de 200 milhoes de americanos. A Radio Hot 97 nos EUA transmite temas desta natureza no periodo diurno após serem remisturadas e retiradas todas as palavras obscenas ou “imorais”.
Quem regula isso, manda inclusive as editoras proibirem a venda a menores de 18 anos e solicita que as editoras gravem na capa do disco a palavra “Explicit content” e a entidade que se responsabiliza chama-se Recording Industry Association of America, uma especie de SOMAS la nas terras do Tio Sam.
Os temas com mais abordagens deste genero sao o heavy metal, dance pop, alternative rock, punk e especialmente albuns de Rap e Hip Hop.
Em paises como Inglaterra, Portugal, Dinamarca, Grécia, Finlandia, Brazil ou Canada os discos de artistas que tem deste tipo de letras sao vendidos em casas apropriadas e a Wal Mart, um grande consórcio de venda de produtos a retalho no mundo nao aceita vender estes cd’s sem que sejam “filtradas” as palavras obscenas.
Agora, acho e concordo que no caso do nosso país, as Editoras, as Rádios, os radialistas, os músicos, a SOMAS, as associacoes interessadas e demais entidades, e nao necessariamente o Estado é que devem encontrar mecanismos para a regulacao.
O Betuel Canhenga diz e passo a transcrever:
“…Eu acho sim, que ha musicas que devem ser passadas em alguns foruns especiais. Ha musicas que nao devem (podem) ser passadas em certos momentos pelos canais de comunicacao, e alias, o mesmo pressuposto é usado em relaccao aos filmes. Todos havemos de nos levantar a gritar se os canais de televisao passaram por exemplo um filme de Pornografia as 12h. Nao nos irremos aborecer (e se nos for aborecedor, sera com tom diferente) se mesmo filme for passado as 3horas da manha!!! Ou ainda se o filme for vendido e assistido por alguem em sua casa!!! .... Quanto a mim, está certo que é preciso que hajam esses restreio da musica, mas é importante que saiba-se fazer!!!”
Betuel Canhenga
Regulacao e necessaria! Censura nao!
Penso que o Betuel entra na minha linha de pensamento. De facto, e sobretudo canais de rádio e tv que emitem em sinal aberto (nao pagos pela maioria do povo como os da TV Cabo e DSTV) devem ter momentos apropriados para veicularem determinados temas musicais e filmes que só a Liberdade de Expressao, de criacao, de inspiracao, da nos o direito de dizermos o que nos vai na alma.
No prosseguimento do debate o meu grande amigo Ericino vai mais longe e relembra-nos um desses momentos de inspiracao do “embondeiro” da nossa música Xidiminguana dizendo:
“Ha musicos da "velha guarda" - com idade dos avos dos da "nova geracao" - que ja cantaram numeros que, em desabono da mentira, incitam ao tribalismo.” Ericino de Salema
Por ai eu penso que mesmo que sejam músicos da dimensao do referido, é bom que os canais abstenham-se de divulgar temas que atentem contra a Unidade de todo um povo!
O Oscar Rafael convida-me a reflectir sobre o que é boa música questionando nas entrelinhas do debate:
Conseguiria o senhor (Galiza Matos Jr) dizer nos o que é, e qual é a boa e má musica?
Caro Óscar, se estiver a falar sobre a música que deve ser veiculada na rádio ou televisao pública ou de direito privado com o sinal aberto, a minha afirmacao é categórica: Consigo e perfeitamente!
Eventualmente tenhamos gostos diferentes e isso é perfeitamente normal. A mim pode soar-me bem uma kwassa-kwaasa, rumba, um jazz, um zouk e a si um rap, um funk ou dzukuta ou tango, dai nao podemos fugir, muito bem. Agora, se lhe convido a ouvir ao lado dos seus melhores amigos, criancas, familiares, um kuduro ou qualquer outra música que tenho no conteúdo da sua letra palavras obscenas, violentas, mal ditas e por ai além, penso que juntos podemos caminhar a classifica-la de MÁ música. E repare que a mesma até pode ter uma perfeita execucao em termos de instrumentalizacao, mas o facto de ela “ferir” os ouvidos de quem a escuta e atentar a moral leva-lo a a classifica-la como sendo uma música má (suponho que tem sensibilidade para isso?) pela facto de pecar por ser uma música atentadora aos principios de toda uma sociedade que se pretende sa.
O Óscar convida-me a ao passado dizendo “Volte aos tempos do MATOLINHAS, tente re-escutar todas musicas por si passadas, com um tradutor ao lado, pois talvez a diferença linguistica o trai. Só passava tas musicas (hip-hop)por virem de fora?
Para aqueles que nao saberao o que o Óscar pretende dizer, tentarei clarificar. O Óscar pretende que eu regresse 12 anos atrás para reescutar as músicas que eu passava num programa radiofónico denominado MATOLINHAS, transmitido num canal de rádio em que eu trabalhava.
Caro Oscar, aqui parece haver uma contradicao no que pensa e no que fala. Pergunto-o eu, era ouvinte assiduo do Matolinhas?
Que músicas ouvia?
Acha que elas tinham conteúdos obscenos?
Refere-se a que músicas que passavamos no Matolinhas? As más ou as boas? Consegue recordar-me apenas uma?
Nessa ocasiao, embora nao conseguissemos rastreiar todos os temas de fora ou cá de dentro, e sem precisar de um tradutor, faziamos questao de separar o trigo do joio passando apenas as boas.
Tenho dito e muito obrigado!
Edmundo Galiza Matos Jr
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