quinta-feira, janeiro 17, 2008

Não te pedimos nada, Teófilo ( a própósito da Ida dos mambas a Africa do Sul)

!Por SALVADOR NHANTUMBO, Jornalista do Noticias

ESTA é a única forma que encontrei para manifestar a minhainsatisfação face ao tratamento a que fomos submetidos, eu e algunscolegas, na deslocação dos “Mambas” a Durban, pelo senhor TeófiloNhangomela, chefe da delegação.

Maputo, Quinta-Feira, 17 de Janeiro de 2008: Notícias

A Federação Moçambicana de Futebol havia feito a promessa de integraralguns jornalistas na sua caravana, o que efectivamente aconteceu. Donosso lado, seguiram dois: o autor destas linhas e orepórter-fotográfico. Da TVM, o repórter Victor Manuel e o“câmara-man” Eugénio Benhe. O primeiro ficou inicialmente pelocaminho, devido a irregularidades no seu passaporte, porém, veiojuntar-se ao grupo no dia seguinte, depois de resolver o problema.

Chegados ao hotel, em Durban, recebemos de Teófilo a informação de queestavam assegurados dois quartos para nós, ou seja, mais um lugar doque havia sido prometido quando partimos de Maputo. Acto contínuo,entregou-nos as respectivas chaves. Eu e o Felisberto Laícepartilhámos a mesma cama, idem com os jornalistas da TVM. Ficámostranquilos, apesar do desconforto, por termos conseguido a hospedagem.A nossa preocupação, a partir de então, residia no local para asrefeições. Mais uma vez, Teófilo garantiu-nos que estava tudoresolvido. Aliás, sublinhou que “estamos a envidar esforços para quetenham quartos mais confortáveis”.

Com este cenário, tudo foi para nós às maravilhas até ao dia do jogo,no domingo.

A partida de regresso estava marcada para as 7.00 horas desegunda-feira. Saímos dos quartos meia hora antes e juntámo-nos nasala para o pequeno almoço, donde partimos para o autocarro, com asnossas bagagens.

Algo espantoso deixou preocupado “todo o mundo”: o chefe da delegaçãonão abandonou o quarto até quase 8.00 horas. Alguém saiu do autocarropara saber o que se passava com ele. A dado momento, Téofilo apareceue quando todos aguardávamos, finalmente, pelo arranque, ele retornouao hotel. Cabisbaixos, não sabíamos o que estava a acontecer. A seguir, foi a vez de Miguel Chau. Ficámos a olhar pelas janelas doautocarro e vimos que os dois estavam na recepção.

Passado algum tempo, Miguel regressou ao autocarro e à entrada, disseao “câmera-man” da TVM que estava a ser chamado. Partiu com ele para obalcão. De novo, voltou para o carro e disse: “todos os jornalistaspara o hotel”! Descemos, mesmo sem saber o que estava a acontecer.Chegados lá, Teófilo e Miguel ordenaram que devíamos pagar os quartos.Perguntámos as razões e a resposta foi de que a Federação Sul-Africana(SAFA) havia pago apenas 25 lugares, para os jogadores e a equipa técnica.

Bem, o que nos deixou interrogados nisso tudo é a razão desta informação, pois ninguém havia pedido hospedagem ao chefe dadelegação. Ele, por vontade própria, passou-nos as chaves, depois dedistribuir aos jogadores e ao resto do pessoal que integrava adelegação, sem que nos avisasse sobre o pagamento dos quartos. Aliás,foi ele que veio ao nosso encontro e disse que tudo estava resolvido epodíamos, igualmente, passar as refeições com o grupo. Prova disso éque nem sequer fomos chamado a preencher qualquer documento que noscomprometesse a pagar algo.

Houve uma certa discussão que forçou Teófilo a dizer que “vocês têm sorte porque eles retiram um quarto e vão pagar um”. Para nãoperdermos mais tempo, juntámos 60 dólares cada, totalizando 240, eentregámos ao balcão. Não preenchemos nenhum documento e tudo ficoupor aí. Dentro de nós, levantaram-se muitas dúvidas e suspeitas. Nãochegámos a saber o que estava a acontecer, mas algo cheirou a manobrasdo diabo, que só Teófilo e seus próximos sabem.

Porém, fica este lamento, pois nada lhe pedimos. A meia volta que deunas nossas caras, assumindo uma posição controversa daquilo que haviainicialmente nos assegurado, sem o pedirmos, só prova algo esquisitodaquilo que já nos habituamos a ver de alguns dos nossos dirigentesque defendem interesses pessoais em detrimento do colectivo.

Uma das questões que se colocam nesta viagem é: por que razão os“Mambas” viajaram via terrestre, pois a SAFA confirmou que tinhaassegurado o transporte aéreo, hospedagem e alimentação? Não sabemosse houve “cachet” para a selecção, pois tudo girou em segredo. Aliás,jogadores como Mane-Mane e Tico-Tico disseram, quando interpeladospela nossa Reportagem antes da partida para Durban, que não sabiam porque razão a selecção viajaria de autocarro e o que os “Mambas” iriamganhar com este convite, porque nada estava claro.

Como não somos surdos, ficámos a saber, já no terreno, que a SAFAhavia organizado uma conferência de Imprensa no Aeroporto de Durban,onde a selecção era esperada. A SAFA ficou sabendo, nas vésperas doencontro com os jornalistas, que os “Mambas” iam via terrestre e porrazões que não foram explicadas. A conferência acabou, por causadisso, sendo abortada. Aliás, os “Mambas” haviam, igualmente,manifestado a sua contestação em relação à viagem via terrestre (maisde sete horas), alegando o desgaste que isso iria criar à equipa, quetinha que treinar no sábado e jogar no domingo, depois de cumprir umasemana cheia de preparação sem pausa.

Comentários:

Ericinio de salema Escreveu:

Acho lamentavel o que aconteceu com os quatro colegas (dois da TVM e outros dois da TVM). Nada justifica que um ser humano seja humilhado por seja la o que for. Por outro lado, acho que o que sucedeu acabou sendo um mal necessario, isso porque, se as contas lhes tivessem sido bancadas por fosse quem fosse, o Salvador Nhantumbo dificilmente nos explicaria que i) era suposto os jogadores terem viajado de aviao, ii) que nada ficou claro sobre o cachet e por ai alem. Quando um jornalista paga as suas contas, ha mais probabilidades de o publico ter acesso aquilo que efectivamente aconteceu. Quando as fontes suportam, ficamos, nos os jornalistas, cumplices de muita coisa. Abracos

Ericino de Salema
Journalist & Media Researcher
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quarta-feira, janeiro 16, 2008

Carta aberta a Drª J Langa (Reacção de Edmundo Galiza Matos Jr.)


Compatriotas Manuel, Ericino, Canhenga, Tito Mota, Dalton e demais interessados!

Li atentamente todas as reacoes que se seguiram a minha intervencao relativamente a veiculacao da musica mocambicana nos canais de radiodifusao mocambicanos. Longe de discutir pessoas, perseguirei o debate de ideias, pois apenas isso move-me. Espero que acompanhem atentamente.

Entendo que qualquer canal que solicite um espaco nas ondas hertzianas para radiodiifundir seja la o que for, cumpre com o postulado na Lei de Imprensa, apresenta uma linha editorial ao Gabinfo e cumpre com os requisitos básicos de divulgacao de sons por via deste meio.

A minha abordagem continua no mesmo diapasao e mantenho firme a ideia de que: Nao se devem divulgar determinados temas musicais em determinadas horas e canais públicos que atentem a moral, suscitem violencia, apelem ao sexo, drogas, comportamentos anti-éticos, racicos ou étnicos.

Antes de debrucar-me profundamente sobre isso, importa dar algumas respostas as questoes que foram sendo colocadas directamente a mim, comecando pelo Manuel.

Eis a pergunta:

“A questao que pretendo colocar e simples. Se foste capaz de avaliar a musica pelo seu conteudo e achaste que nao deverias te-la difundido, entao porque e que precisamos de mais regulacao? O exemplo que citaste mostra que de facto nao precisamos de regulacao nesta area, pois os nossos radialistas tem competencia suficiente para separar o trigo do joio.” Manuel Araujo.


Abaixo a resposta:

Caro Manuel, pese embora o facto de eu tambem reconhecer que os nossos radialistas tem tamanha competencia para passar o que acham ser boa música, ainda acho que é necessario regulamentar-se, e digo-lhe porque: Questione aos etno-musiclogos de alguns paises quanto mal causaram aos jovens determinadas músicas veiculadas insistentemente por certos canais de rádio em sinal aberto apelando as drogas, ao sexo, a imoralidade, as armas, etc. Nos EUA artistas como Janeth Jackson, Nirvana, Justin Timberlake, Wu Tang Clan entre centenas de outros, viram as suas musicas com letras explicitamente atentadoras a moral, banidas de todos os canais de televisao e de rádio que emitem em sinal aberto para os mais de 200 milhoes de americanos. A Radio Hot 97 nos EUA transmite temas desta natureza no periodo diurno após serem remisturadas e retiradas todas as palavras obscenas ou “imorais”.
Quem regula isso, manda inclusive as editoras proibirem a venda a menores de 18 anos e solicita que as editoras gravem na capa do disco a palavra “Explicit content” e a entidade que se responsabiliza chama-se Recording Industry Association of America, uma especie de SOMAS la nas terras do Tio Sam.
Os temas com mais abordagens deste genero sao o heavy metal, dance pop, alternative rock, punk e especialmente albuns de Rap e Hip Hop.
Em paises como Inglaterra, Portugal, Dinamarca, Grécia, Finlandia, Brazil ou Canada os discos de artistas que tem deste tipo de letras sao vendidos em casas apropriadas e a Wal Mart, um grande consórcio de venda de produtos a retalho no mundo nao aceita vender estes cd’s sem que sejam “filtradas” as palavras obscenas.
Agora, acho e concordo que no caso do nosso país, as Editoras, as Rádios, os radialistas, os músicos, a SOMAS, as associacoes interessadas e demais entidades, e nao necessariamente o Estado é que devem encontrar mecanismos para a regulacao.

O Betuel Canhenga diz e passo a transcrever:

“…Eu acho sim, que ha musicas que devem ser passadas em alguns foruns especiais. Ha musicas que nao devem (podem) ser passadas em certos momentos pelos canais de comunicacao, e alias, o mesmo pressuposto é usado em relaccao aos filmes. Todos havemos de nos levantar a gritar se os canais de televisao passaram por exemplo um filme de Pornografia as 12h. Nao nos irremos aborecer (e se nos for aborecedor, sera com tom diferente) se mesmo filme for passado as 3horas da manha!!! Ou ainda se o filme for vendido e assistido por alguem em sua casa!!! .... Quanto a mim, está certo que é preciso que hajam esses restreio da musica, mas é importante que saiba-se fazer!!!”

Betuel Canhenga

Regulacao e necessaria! Censura nao!
Penso que o Betuel entra na minha linha de pensamento. De facto, e sobretudo canais de rádio e tv que emitem em sinal aberto (nao pagos pela maioria do povo como os da TV Cabo e DSTV) devem ter momentos apropriados para veicularem determinados temas musicais e filmes que só a Liberdade de Expressao, de criacao, de inspiracao, da nos o direito de dizermos o que nos vai na alma.

No prosseguimento do debate o meu grande amigo Ericino vai mais longe e relembra-nos um desses momentos de inspiracao do “embondeiro” da nossa música Xidiminguana dizendo:

“Ha musicos da "velha guarda" - com idade dos avos dos da "nova geracao" - que ja cantaram numeros que, em desabono da mentira, incitam ao tribalismo.” Ericino de Salema


Por ai eu penso que mesmo que sejam músicos da dimensao do referido, é bom que os canais abstenham-se de divulgar temas que atentem contra a Unidade de todo um povo!
O Oscar Rafael convida-me a reflectir sobre o que é boa música questionando nas entrelinhas do debate:

Conseguiria o senhor (Galiza Matos Jr) dizer nos o que é, e qual é a boa e má musica?

Caro Óscar, se estiver a falar sobre a música que deve ser veiculada na rádio ou televisao pública ou de direito privado com o sinal aberto, a minha afirmacao é categórica: Consigo e perfeitamente!
Eventualmente tenhamos gostos diferentes e isso é perfeitamente normal. A mim pode soar-me bem uma kwassa-kwaasa, rumba, um jazz, um zouk e a si um rap, um funk ou dzukuta ou tango, dai nao podemos fugir, muito bem. Agora, se lhe convido a ouvir ao lado dos seus melhores amigos, criancas, familiares, um kuduro ou qualquer outra música que tenho no conteúdo da sua letra palavras obscenas, violentas, mal ditas e por ai além, penso que juntos podemos caminhar a classifica-la de MÁ música. E repare que a mesma até pode ter uma perfeita execucao em termos de instrumentalizacao, mas o facto de ela “ferir” os ouvidos de quem a escuta e atentar a moral leva-lo a a classifica-la como sendo uma música má (suponho que tem sensibilidade para isso?) pela facto de pecar por ser uma música atentadora aos principios de toda uma sociedade que se pretende sa.

O Óscar convida-me a ao passado dizendo “Volte aos tempos do MATOLINHAS, tente re-escutar todas musicas por si passadas, com um tradutor ao lado, pois talvez a diferença linguistica o trai. Só passava tas musicas (hip-hop)por virem de fora?

Para aqueles que nao saberao o que o Óscar pretende dizer, tentarei clarificar. O Óscar pretende que eu regresse 12 anos atrás para reescutar as músicas que eu passava num programa radiofónico denominado MATOLINHAS, transmitido num canal de rádio em que eu trabalhava.
Caro Oscar, aqui parece haver uma contradicao no que pensa e no que fala. Pergunto-o eu, era ouvinte assiduo do Matolinhas?
Que músicas ouvia?
Acha que elas tinham conteúdos obscenos?
Refere-se a que músicas que passavamos no Matolinhas? As más ou as boas? Consegue recordar-me apenas uma?
Nessa ocasiao, embora nao conseguissemos rastreiar todos os temas de fora ou cá de dentro, e sem precisar de um tradutor, faziamos questao de separar o trigo do joio passando apenas as boas.

Tenho dito e muito obrigado!

Edmundo Galiza Matos Jr

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Ainda sobre o "banimento de certas músicas" nas radios Moçambicanas

Por: Tito Livio Mota

Caros amigos,

Não tenho por costume meter-me onde não sou chamado mas, em matéria dedemocracia todos somos chamados e implicados.Quando esta padece num canto do globo, no outro extremo, mais tarde oumais sedo esta acaba por padecer.Não, não é papel do estado decidir o que se deve ou não dizer,publicar, cantar, pintar o sete ou outra coisa.O dever do estado é o de garantir o livre acesso a todos à expressão.

O que não agrada a uns, agrada a outros.O que é ofensa ou palavrão para uns é piada ou crítica para outros.E se ofende este ou aquele ou a generalidade das pessoas, compete aocidadão e somente ao cidadão (individualmente ou colectivamenteatravés de associações ad-oc) o papel de protestar ou por bom termo aosucedido ou cantado.

Em caso nenhum este papel compete ao Estado, pura e simplesmente portal não é nem deve ser a sua função.Senão, onde acaba a censura e começa a obra civilizadora que algunspodem pretender encarnar?Quem lhes dá tal direito?O facto de terem obtido a maioria?E o direito das minorias?E o direito à subversão, ao protesto, à tomada de caminhos diferentesdos da maioria, que é a essência mesma da arte?Que paternalismo é esse o de um estado que se pretende superior àopinião pública ou, o que é pior, representante superior da mesma?

Mal vai um país que precisa de ministros para lhe dizer o que é bom ouo que é mau. Cuja população espere pelo Estado para policiar a livremanifestação de opinião ou da expressão de cada um.Já imaginaram o que seria da Europa ou da América do Norte se o Estadose metesse a impor a vontade da maioria branca sobre as expressões dedescontentamento (por vezes verbalmente violentas) das populações deorigem imigrante?E que seria feito de programas e jornais satíricos extremamenteousados como os que se vêm na Europa e que são o mais alto sintoma daliberdade de que se goza nesses países.

Claro que todos os governos tentaram proibir tais programas e jornais,mas, felizmente, existe uma opinião pública organizada que os impediu,pelo menos até agora.Muita da música RAP é extremamente sexista. As mulheres sãoapresentadas como inferiores, e até enxovalhadas em muitos videoclips.Mas tem havido debate e, se há quem continue a ouvir ou a aprovar talsituação, é com conhecimento de causa.

Ninguém pede para se proibir essa música, que, aliás, o mais das vezestem mais qualidade musical do que muitos RAP bem pensantes que sevendem por aí. Talvez estes últimos façam bem à condição feminina (eestou de acordo que o façam) mas, o mais das vezes fazem muito mal àmúsica.E é por isso que as pessoas continuam a ouvir os primeiros, e nãosomente por serem parvos.Num país com cidadãos adultos o Estado não deve meter o bedelho no querespeita à expressão pública.Senão é porque se consideram os cidadãos como menores mentais.E os menores e os atrasados mentais não têm direito de voto.

Tito Livio Santos Mota

Montpellier


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terça-feira, janeiro 15, 2008

A Questão das Línguas Nacionais na identidade africana

A Questão das Línguas Nacionais na identidade africana em Moçambique
por João Craveirinha

TYISO SHIKULU SHIÑWE (Uma grande verdade)

A musicalidade de qualquer língua baNto de Moçambique é verdadeiramente fantástica. Eis um paradigma da nossa riqueza desprezada durante décadas e décadas. O problema não estará na dita etnia (do grego Etnos-Nação) mas na política totalmente anti-cultural de qualquer regime que desvalorize a sua própria origem. E foi o que aconteceu em Moçambique no pós-independência. Do sistema colonial manteve-se esse desprezo anti-natura. Apesar do nosso S.M., gostar de cantar: "Não vamoos esqueceeer o tempoo que passooou"…

Esqueceram-se totalmente e rapidamente. A Frelimo perdeu a grande oportunidade histórica de fazer uma verdadeira e pacífica revolução cultural…o povo multicolor (arco-íris) de Moçambique estava receptivo às mudanças para uma afro-moçambicanização - moderna - mesmo usando a língua portuguesa como plataforma de união reforçada pela libertação das línguas nacionais…(como dizia o grande homem de cultura– Eduardo Mondlane nas nossas conversas e com os quadros em 1967/68) da necessidade de termos de valorizar as nossas línguas moçambicanas para também desenvolvermos a capacidade de pensar em "africanês" e ia ao extremo de apoiar o êMákhwa-padrão (Nampula cidade) como língua nacional em paralelo com o português (e inglês) sem esquecer as outras regionais…

Não se esqueçam que ele era Antropólogo e a Linguística ainda fazia parte da Antropologia naquele tempo.

Exempli gratia:
(No principado de Andorra nos Pirinéus aonde vivi (1983/85) as crianças são tetra-lingues …a 1ª língua oficial obrigatória é o catalão e depois o espanhol + o francês e depois no ciclo + o inglês…

Na Suázilandia fiquei maravilhado ao ver crianças inglesas a estudarem na primária o xiSuáti e a falarem…...nos acordos de Nkomati, em 1984 (salvo erro, cito de cor) , o ministro de negócios estrangeiro da RSA bóer Pik Botha corrigiu o changane de Samora Machel pois dominava melhor que o mesmo SM…este ficou profundamente admirado de um white/boer falar melhor a língua materna que ele próprio…é que mesmo com apartheid o ensino das línguas locais eram ensinadas em paralelo com o inglês e o afrikaans…chama-se a isso pragmatismo por cima do racismo... coisa que os portugueses em Moçambique não souberam fazer e a Frelimo continuou nessa cegueira político –cultural desta vez sem desculpas da "opressão colonialista"…houve oportunidade e deitou-se fora…
Hoje??
Uma tarefa que nem sei se será possível concretizar-se o sonho de Eduardo Mondlane…Em Moçambique a ambição pelo poder que o dinheiro dá materialmente cegou quase toda a gente.

A cultura? Nem fazem ideia que é muito mais que o folclore do batuque e da churrasqueira e da cerveja e da intriga… o desenvolvimento geral da cultura é que nos ajuda a reflectir os problemas políticos e sociais…de uma Nação…PENSAR é CULTURA…e somente com o desnvolvimento desta o país poderá ter um futuro melhor ...pois cultura é que nos faz mudar as mentalidades para melhor, coisa que sem ela nada a fazer...é o retrocesso total. O estômago egoísta falará sempre mais alto pisando os outros.

Todavia, a Samora Machel, foi-lhe incutido o medo do golpe de estado a partir de seus colegas moçambicanos baNto vindos com ele do maquis (mato da guerilha). Daí ter-se isolado… culturalmente desnorteou-se…e foi vítima fácil dos oportunistas recém chegados ao poder que o rodearam…Quando quis mudar o rumo das coisas...infelizmente já era tarde.

O medo do surgimento de um pseudo-tribalismo foi desculpa para não serem ensinadas as nossas línguas baNto em paralelo ao português e inglês. Não foram libertadas da repressão anterior colonial. Nessa altura (1974/1975/76), com uma planificação adequada do embrionário MEC e do MINFO (imprensa/media) poder-se-iam desenvolver a nível de cada região originária, com a obrigatoriedade desse ensino linguístico nas escolas primárias desde a aprendizagem da escrita, fala e leitura das tradições locais. Os portugueses poderiam ter ajudado com nova visão se houvesse vontade política e mais contenção da repressão do novo regime da Ponta Vermelha. Mas os ódios estavam todos na rua com os grupos dinamizadores (ou será dinamitadores?). As condições para o surgimento de uma MNR /Renamo estavam lançadas apoiados pelos vizinhos "brancos"também eles aterrorizados pela independência dos "negros" de Moçambique. Foi como um tiro dado no pé. De tanto quererem controlar (os da Frelimo) descontrolaram Moçanmbique de alto a baixo, afugentando quadros preciosos. Esses quadros, a única coisa que queriam era continuar suas vidas com segurança socioeconómica num país novo. Os "maus da fita" tinham fugido via África do Sul em 1974. Os queresistiram e ficaram foram vitimizados de 1975/76 em diante. Os que conseguiram sobreviver tiveram também de procurar melhor vida fora da terra que os viu nascer ou por ela adoptados.

A partir de 1964 a 1974, no Moçambique colonial, mesmo entre os ditos jovens brancos, crescia o interesse geral pela cultura africana em Moçambique; nas artes, na dança, no teatro e nos espectáculos ao vivo, nas letras, incluindo pelas línguas maternas extensiva ao uso de expressões idiomáticas baNto nos jornais e revistas sobretudo nas capitais: LM, Beira, Queliamne, Nampula e mesmo Tete. No Moçambique independente, e em relação ao ensino das línguas maternas estas deveriam serem ministradas independentemente de serem ou não da origem étnica dos alunos. Até um europeu ou asiático com filhos a estudarem em Moçambique numa escola moçambicana privada ou pública teriam de aprender as línguas locais onde se encontrassem.

A diacronia (evolução da língua na história) ajudaria na definiçãodos idiomas "matrix" de Moçambique.

Nota: cito as regiões da terra sem mapa defronte de mim. Daí poder haver um lapso meu nas fronteiras actuais geográficas...das línguas e formas dialectais derivadas das línguas mãe.

Exemplo: em...
Niassa – shiNyanja, Yaho e Mêdho do êMakhuwa (dependeria da região) …
Cabo Delgado: Swahili: Quionga, Palma ; Plateau: ki Makonde; Mocímboa, Ibo, Quirimbas: kiMuani (wa Ibo) – Montepuez, Pemba e Nampula Mêtho (êMakhuwha e seus derivados)…
Zambézia: Lomwe (derivado do êMakhuwa) no Alto Molocué; Quelimane: Tchuabo (influenciado pelo êMakhuwa), Milange –Marendje (com influência do Chichewa / Nyanja e Lômwe e Yao: Luabo; Podzo (variante de shinSena)…etc…
Beira (nome real Aruângua kuSena) : língua shinSena e em outras bolsas de Sofala como Murraça (maGagade).
Manica –Chimoio- shiNdao…derivado do Shona, etc…
Tete: shiNyungwe; senga; nguni… etc…
Inhambane: shiNdao (Mambone); shitswa(Vilanculos, Massinga);
cidade de Inhambane Cêu: guitonga:
Zavala, shiLengue (vulgo chope)…etc…
Gaza: shi-tShangane e shiLengue (vulgo chope – Mandlakazi, Chongoene, Quissico, Nyantumbo, Xai-Xai) …aliás a capital provém do nome do chefe muLengue (chope) iNtchai - iNtchai em 1895 avassalado ao Império de Gaza de Soshangane e depois Muzila.
Cidade de Maputo (nome errado) nunca existiu Maputo – foi inventado para rimar com o slogan do Rovuma ao Maputo…caMpfumo é o nome histórico conhecido desde o século XV /XVI (1500)1502/1544 - Bahia dos Fumos...registado em Mapas na Sociedade de Geografia de Lisboa) conhecido por caMpfumo – terra dos reis e dos chefes…
Curioso que da Biblioteca do Congresso dos EUA em 1975 enviavam correspondência para a então cidade de Lourenço Marques desta forma: "To ka Mpfumo (ex Lourenzo Marquez)" …mais ou menos assim…tive dois desses envelopes na mão em meados de 1976 ainda antes da infeliz mudança do nome para Maputo (derivado do nome da bebida do Uputso -nome "rronga" dos Tembes (caTembe) numa região que ficaria conhecida por maPutso (Matutuíne) nas cerimónias tradicionais em Mandjóló (Bela Vista) que o grande compositor moçambicano da diáspora – CostaNeto - imortalizou na sua música recente...

"Mandjóló…Ndya kaMandjolo kembaku …hantlisa mupfana…uta ndy kuma ndlelene"…

é o dialecto shin–din-din-din da matrix idomática do shi-ronga da caTembe…E por isso pelo balanço a ver se consigo escrever em shi-ronga como tentei outras do centro – norte e sul de Moçambique…(eheheheehh tenho os meus truques…mas dá cá um trabalho de consulta e cruzamento de dados, memória e composição …mas vale sempre a pena …é um desafio em prol da cultura moçambicana tão maltratada).

Eis então, a ver se está conforme a minha tentativa em shiRonga clássico (outra altura tento noutras línguas de Moçambique como o Nyungwe por exemplo ou êMakhuwa dos Mmakhuwani:

"Namuhla na dyingisa ku tsala ni shironga sha khale ya kaMpfumo (hoje tento escrever em shi-ronga antigo de caMpfumo)…
A ku sungula kwanga i ku losa: ndyi li shawani ba makweru (banakulori) ya mousambike online... (para começar na saudação: digo olá aos irmãos (colegas) do moçambique online)...
Ndye he ni psa ku mi byela (tenho ainda a dizer-vos)-
Karingana wa Karingana (sem tradução):
Karingana (coro);
shihitana sha shicuembo sha nambu…(conto dos espíritos do rio)…
A hina kambe eh: (Era uma vez:)
- Yi NYOKA NI DYI BIMBI-NDYILO SHA KU PHATIMA (a cobra e o pirilampo brilhante)TYISO SHIKULU SHIÑWEUMA GRANDE VERDADE!!
Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo. Ele fugia com medo da feroz predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:- Posso fazer três perguntas?
- Podes. Não costumo abrir esse precedente, mas já que te vou comer, podes perguntar.- Pertenço à tua cadeia alimentar?
- Não.- Fiz-te alguma coisa?
- Não.- Então porque é que me queres comer?
- PORQUE NÃO SUPORTO VER-TE BRILHAR!!!
E é assim...Diariamente, tropeçamos em cobras!
HI BYONE BUGAMU (eis o fim)
Mutsale: Zoao ñwa kaMpfumo (mecunha orripa)
(João Craveirinha)
Janeiro 2007
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sábado, janeiro 12, 2008

Re: Carta aberta a Drª J Langa (Betuel canhanga)


Por: Betuel Canhanga


Sem tirar nem dar razao a ninguem (quem sou eu para julgar), apresento meu ponto de vista.

O grande problema deste belo Pais, desta pátria que dizemos ama-la é que as pessoas nao sao sérias. A Dra langa apresentou um bom pressuposto no meu entender. Eu acho sim, que ha musicas que devem ser passadas em alguns foruns especiais. Ha musicas que nao devem (podem) ser passadas em certos momentos pelos canais de comunicacao, e alias, o mesmo pressuposto é usado em relaccao aos filmes.

Todos havemos de nos levantar a gritar se os canais de televisao passaram por exemplo um filme de Pornografia as 12h.

Nao nos irremos aborecer (e se nos for aborecedor, sera com tom diferente) se mesmo filme for passado as 3horas da manha!!! Ou ainda se o filme for vendido e assistido por alguem em sua casa!!!

Quanto a mim, podemos (Devemos) fazer uma análise identica em relacao a musica. Mas... ha um outro pressuposto:

Em Mocambique, a Poltitica se infliltrou demas no sistema de gestao da vida social (ha quem dizia que nao ha viver social discossiado da politica), ate que nao sou muito entendido de "ciencias sociais"... mas "too much is never good", nós as vezes exageramos.

Quando aparece alguem séptico em relaccao as afirmacoes da Presidente do CSCS eu entendo. Bem ou mal, mas tenho minha percepcao.

É que, se o tal instrumento for criado e se o CSCS tiver ferramentas legais para impedir a radiodifusao de certos temas, voces podem crer que tudo aquilo que for musica que critique Renamo, Pamomo, PDD, Pademo, Pimo, Monamo "será que esqueci alguem... hehehe" (para nao particularizar) nao sera radio difundida. Podem crer que musicos criticos nao terao hipoteses de prosperar... e de certa forma estaremos a cortar a lingua do povo. Se voces se recordam, Craveirinha era um poeta crítico, um poeta com vontade da verdade e que asperava a liberdade, espressava sentires do Povo com base nos seus escritos, na altura, persona nao grata ao regime e Hoje é Heroi de todos nós!...

Defendo a ideia de que é preciso ouvir as massas para sabermos oque elas querem, para sabermos o que elas sentem. E isso nao fazemos só no periodo de presidencia e ou governacao aberta, alias, governacao aberta tem que ser um exercicio continuo, um exercicio de dia pos dia, atraves de várias formas de expressao popular (a musica, o teatro,...).

Quanto a mim, está certo que é preciso que hajam esses restreio da musica, mas é importante que saiba-se fazer!!!

Claro, muitos entendedores na matéria aparecerao com argumentos filosóficos definindo oque é (saber restrear a qualidade de musica Mocambicana), mas se nao mudarmos a nossa filosofia de accao vamos continuar a enrolar o povo! Vamos continuar a ser como os Norte Americanos que usam o discurso do combate ao terrorismo para fazer e satisfazer seus caprichos!...

Camaradas, enquanto nao nos libertarmos, continuaremos sempre com limitacoes nas nossas accoes!

Mais nao disse.

Se erro aprendo! e Se Penso, Existo!

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Re: Carta aberta a Drª J Langa (por Manuel Araujo)

Por: Manuel Araujo


Caro Galiza e demais compatriotas,

Boas entradas. Achei a sua intervencao no forum interessante, e a experiencia de radialista com que nos brinda ainda muito mais fascinante.

A questao que pretendo colocar e simples. Se foste capaz de avaliar a musica pelo seu conteudo e achaste que nao deverias te-la difundido, entao porque e que precisamos de mais regulacao?

O exemplo que citaste mostra que de facto nao precisamos de regulacao nesta area, pois os nossos radialistas tem competencia suficiente para separar o trigo do joio.

Irmao, o que preocupa a muita gente e o facto de alguns pronunciamentos nao estarem a ser feitos no vazio. Existe um contexto social e politico no pais, que leva a que certas pessoas nao julguem a 'face value' os pronunciamenos de quem quer que seja. Portanto a meu ver, se a Dra Julieta tivesse dito o que disse ou o que se diz que ela disse a quatro cinco anos provavelmente nao houvsse tanta discordancia, mas nos dias de hoje e tendo em conta o contexto social em que vivemos, todo o cuidado e pouco!

Irmao, nao se esqueca nunca que ate Hitler foi eleito democraticamente e quase todas as leis que impos na sociedade alema e depois quis impor ao mundo foram aprovadas 'democraticamente'!

Portanto, entre o conhecido que ate funciona e o desconhecido com ares de censura, e que nao sabemos como funcionara, o bom senso manda dizer que o melhor e ficar com o conhecido que funciona!

E mais, porque nao convidar a minha querida amiga, Dra Julieta Langa a explicar-se, ao inves de andarmos aqui a tentar advinhar ou interpretar o que ela quis dizer? A fonte foi sempre considerada como melhor interpretadora dos pronunciamenos, ou nao?

Certamente que ela tem um email e de certeza que um dos membros deste forum tem o email dela. Entao, a minha proposta e simples: convidemos a Dra Julieta Langa a explicar-nos o que de facto quis dizer. Assim evitamos julga-la por coisas que nao disse e tambem eixamos de ser advinhos ou porta-vozes de quem quer que seja.

E mais nao disse,

Um abraco e sucessos em 2008! Manuel de Araujo

www.manueldearaujo.blogspot.com
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Re: Carta aberta a Drª J Langa

Por: Edmundo Galiza Matos Jr.

Caro Dalton, tive algum receio em escrever, mas aqui estou! Nao necessariamente em defesa da Drª Langa mas no puro interesse de um tema que me apaixona: A BOA musica mocambicana! Do artigo da Agencia de Informacao de Mocambique em que a Presidente do Conselho Superior de Comunicacao Social da o seu ponto de vista sobre a musica mocambicana, ressalta-me a intencao dela de ver determinados temas fora dos canais de radio e eu concordo plenamente.

Neste ponto, e precisamente sobre os temas musicais que pode estar a acontecer algum equivoco. Ao chamar para a sua reacao todo o postulado na lei mae, a CR da Republica de Mocambique, da-me a entender que o Dalton percebera das palavras da Dra Julieta Langa que certos temas que, eventualmente abordem aspectos de confrontacao politica e que podem entrar em choque com o factor radiodifusao publica versus liberdade de expressao/estado de direito e por ai alem. Ora, conto-lhe apenas um episodio da minha vida como radialista.

Apresentava eu um programa radiofonico no estudio de um canal de radio que nao importa divulgar e um musico apressadamente trouxe-me um tema, convidando-me a escutar para posteriormente divulgar. Ouvi a musica ate ao meio, e ate era um tema interessante que abordava desavencas entre jovens casais. Nao escutei a musica ate ao fim. Recuei e pus no ponto para colocar no ar. Coloquei-a e a meio da musica (parte que nao tinha escutado), o verso da letra dizia qualquer coisa como filha da p... vai t .... (cenas puramente obscenas). Fiquei demasiado nervoso, tirei a musica imediatamente do ar, pedi desculpas aos ouvintes, devolvi o Cd ao musico e solicitei-o a nunca mais voltar com temas que tivessem no seu conteudo palavras tao fortes quanto aquelas que milhares de ouvintes acabavam de ouvir. Recebi telefonemas a repudiarem aquela situacao, perdi ouvintes, ofendi criancas e idosos, enfim, causei PANICO!!!!! Caro Dalton, vivo quase que parte significativa do meu dia-a-dia a escutar todo o tipo de radios em Maputo, no pais e mundo e deste tipo de musicas que lhe falei tenho ouvido em alguns canais ca da nossa patria. Suponho que a DrªLanga, entre outros queira referir-se a estes temas. Musicas desta natureza nao so nao devem passar na RM e nos seus canais em todo o pais, como em todas outras radios por, de facto atentarem contra a moral do nosso povo. A bem de uma veiculacao da BOA musica mocambicana, termino por aqui!

Mais nao disse e muito obrigado!

Edmundo Galiza Matos Jr
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sexta-feira, janeiro 11, 2008

Carta aberta a Drª Julieta Langa

Por: Dalton Santos" maputo_86@hotmail.com

Espero muito bem que depois dos seus comentários com relação a musica, vista por si sem valor, dado o cargo por vossa excelência ocupado, já esteja no mínimo com a cara tapada pela vergonha trazida pelas suas palavras que não deviam ter ecoado tão alto quão ecoaram; Drª! Perdeu a oportunidade de estar calada, que é uma virtude de gente nobre.

Drª as suas palavras começam por demonstrar o quão esta perdida no cargo, pois com elas já feriu o próprio preambulo da constituição da republica o qual transcrevo, se vossa excelência ainda não cometera o cumulo de o apagar, onde lê-se.

(…) as camadas patrióticas da sociedade moçambicana num mesmo ideal de liberdade,(…) no pluralismo, lançando os parâmetros estruturais da modernização, contribuindo de forma decisiva para a instauração de um clima democrático (…) baseado no pluralismo de expressão (…) e no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.

Drª , acredito eu, o legislador constitucional não estava consciente das suas faculdade e capacidades culturais nem dos direitos que outrora atribuía aos seus legitimadores com este excerto, razão clara do seu silencio face as suas palavras.
Mas, dando seguimento a analise do seu grito de ignorância, intolerável aos ouvidos de quem valoriza a cultura, de quem respeita as liberdades individuais, de quem acredita na existência de variadas formas de expressão, deixe-me fazer um scroll a Constituição da república, por forma a implicitamente convida-la a voltar atrás e clamar por perdão a todo povo, do Rovuma a Maputo, com a mesma força que gritara antes.

Lê-se no artigo 2º/ 4. As normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico. O que não deixa margem nenhuma a que seu apelo tenha aplicação pratica, legal. Se não milagrosamente, recuar aos tempos da pura censura, em que apenas a cultura do bello e lindo em detrimento da verdade era exaltado.

E no seu artigo 3º, A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no pluralismo de expressão, na organização política democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem. No artigo 11º, f) o reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social e individual; i) a afirmação da identidade moçambicana, das suas tradições e demais valores sócio- culturais;

Portanto, Drª , a constituição claramente valoriza a critica social que é modo de expressão e ao falar de cultura, num simples scroll pela constituição, temos sempre subjacente, a liberdade de expressão, esta, abrange qualquer exteriorização da vida própria das pessoas, segundo as suas crenças, convicções, ideias, ideologias, opiniões, sentimentos, emoções, actos de vontade o que pressupõe autonomia do individuo na determinação do objecto, da forma, do tempo e do modo de qualquer obra artística, literária e cientifica, sem interferência de qualquer poder publico ou privado. E pode revestir quaisquer formas, a palavra oral ou escrita, a imagem, o gesto, o silêncio. No entanto, em sentido amplo ela revela-se indissociável das mais diversas liberdades, não constituindo excepção a liberdade de criação cultural, intelectual e científica, que são uma clara manifestação do desenvolvimento da personalidade e da pessoa humana bem como do social.
"QUANTO MAIS NOS ELEVAMOS, MENORES PARECEMOS AOS OLHOS DAQUELES QUE NÃO SABEM VOAR" NIETZCHE
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quinta-feira, janeiro 10, 2008

Direito do consumidor: resposta e responsabilidade

Em primeiro lugar quero agradecer a Vossa Ex. por ceder este espaço para expor uma das minhas preocupações que é "o direito do consumidor em Moçambique". Este tema é muito problemático por isso, serei cauteloso nas minhas argumentações de formas a não ofender a ninguém.

O objectivo fundamentalmente é contribuir no bem-estar da nossa sociedade que é mencionado estar no bom caminho.........NO COMENTS
E oportuno como qualificado em estudos de desenvolvimento contribuir para o desenvolvimento da nossa sociedade Moçambicana e não só lamentar. Realçar que através de publicações dos nossos escritos estamos aptos em influenciar alguns políticos e dirigentes a tomarem decisões adequadas em prol de desenvolvimento de Moçambique, por isso vejam a minha iniciativa de bons olhos.
Antes, irei definir alguns termos que facultara a percepção do intento da minha precipitação e coragem em escrever o assunto que carece muita atenção pois causa "misinterpretation" e quiçá alcunhas queira da esquerda ou direita. Refiro de alguns argumentarem que estou errado ou certo. As criticas são sempre validas, não ficarei lesado pelos comentários. A questão será analisada com visão de garantir o bem-estar na nossa sociedade. Assim se segue: "Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final e Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem actividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços". "Dinheiro é o elo de ligação entre o fornecedor e o consumidor", e deve de certa medida existir "respeito" entre ambas partes, mas irei debruçar me especificamente sobre o direito do consumidor, e quiçá numa outra oportunidade falarei profundamente sobre os direitos dos fornecedores.

Em qualquer negócio o consumidor é chave do negócio, mas alguns negociantes por serem monopolista abusam e perdem respeito ao consumidor principalmente na quadra festiva.

Existem instituições no nosso Pais que devem garantir que as leis sejam respeitados por todos, e que os transgressores devem ser educados ou punidos, mas sou da opinião que algumas instituições são ineficientes pelas seguintes razões: (1) não seguimento de padrões de higiene nos estabelecimentos comerciais; (2) Falta de controlo de qualidade de produtos exposto a venda no nosso mercado, (3) falta de controlo de preços praticados por alguns oportunista principalmente nas quadras festivas e (4) CORRUPÇÃO

Devido a ineficiência dessas instituições só da opinião que os consumidores devem participar activamente para GOZAREM os seus direitos.

Das varias estratégias para mudar atetude dos comerciantes seria (1)o abandono total de compra nos estabelecimento que não compre com os direitos do consumidores, porque é a nossa saúde que esta em causa. (2) as instituições competentes devem garantir a saúde e a segurança do consumidor, assegurar informações correctas, claras, precisas, ostensivas e em língua da comunidade (se possível) e apresentar informações sobre características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde. O governo deve impor regras lícitas ao "vendedores" de bens e serviços ( Corrupacao causa principal da fuga das regras)

Só para citar um exemplo que ilustra que as instituições responsáveis não exercem suas funções é: não é justificável que os vendedores "espetem" nas parede dizeres tais como: "Não há divulsão". Isso é exemplo claro que os vendedores não respeitam os direitos dos consumidores. Alem disso há casos da venda de produtos fora de prazos em grandes supermercados da praça e vários consumidores já fizeram chegar as instancias competentes sem sucessos. E verdade que nos últimos anos foram criada instituições independente que vela pelo direito do consumidores mas ainda estão incapazes de resolver o problema que concerne os direitos pois essa, me parece que é vista como obstáculos para alguns negociantes por isso ate optam na eliminação de tais instituições. Outro exemplo é a fala de higiene em alguns restaurantes do nosso Pais, muita sujidade nas cozinhas (parece uma oficina de retificacao de cambotas) e cozinheiros pode se confundir com um mecânico das garagens do alto-Maé, as "Toilets" complemente sujas. Onde anda o Ministério da Saúde e MIC? Será que não é importante? Ou por seremos um pais pobre? SER POBRE E ANDAR SUJO?

Durante um debate televisivo um interveniente afirmou licitamente que a sociedade civil não esta contribuindo para fazer fase a situação de varias irregularidades cometidas por alguns vendedores oportunista ou desonesto. A pobreza é de facto cúmplice da vulnerabilidade dos consumidores. "O pobre tem pouca oportunidade de escolha", mas temos que ter consciência de respeitar a nossa saúde, sendo assim podemos optar em comprar produtos nutritivos nacionais em vez de comprar um yogurt fora de pazo que pode causar problemas de saude nas nossas crianças. Porque não comprar ananás do Muchungué, fruta do chokwé, batata de popa alaranjada de Niassa e Quelimane? e FAZER SUMOS e ogurt? Se a nossa populacao nao conhece a receita entao porque nao introduzir na escola primaria e de alfabetizacao licoes sobre boa alimentacao. O nosso posso morre nao porque nao tem alimentos, porque nao sabem preparar e fazer deverso tipos de alimentos. QUEM E CULPADO?

A subida de preços nas quadras festivas também é um problema de "barbas brancas". De certeza o governo tem pouca culpa tomando em consideração a disvantagens da Economia do Mercado. Fraca influencia do governo em tomar medidas ou regularizar preços para todos os vendedores. E verdade que existe uma percentagem mínima e máxima na atribuição de presos aos produtos exposto ao mercado nacional. Será que essas modalidades são de alguma forma implementadas e respeitadas pelos vendedores e revendedores da praça? Portanto de formas a superar problemas de preços, pode-se deixar de comprar tais produtos que possuem preços elevados, "ninguém vai morrer por consumir verdura na quadra festiva"

Deve ser obrigatório providenciar aos consumidores informações relacionados com riscos associados com produtos. Garantir a informação específica relacionado com produtos de consumo. São direitos básicos do consumidor: protecção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.
Há urgência de Introdução nas escolas sobre o direito do consumidor; disseminação de programas educativo sobre direito do consumidor para consumidores com baixa rentabilidade; governo deve organizar programas educativos sobre direito do consumidor; sector privado deve participar na disseminação de informação dos consumidores sobre os direitos; direito a boa saúde e meio ambiente.
Isso significa que o governo e negociantes devem: Adoptar procedimentos relacionados com o uso, produção e armazenagem de produtos químicos e incluindo informações sobre a embalagem e selagem dos produtos químicos.
Todos tipos de negócios devem ser registados; vendedores de produtos alimentares devem registar seus locais de actividades e essa devem ser aprovada pelas autoridades locais incluindo tipos de produtos a ser vendidos.
O staff dos estabelecimentos que vedem produtos alimentares deve receber treinos apropriados e ser instruindo sobre higiene alimentar, e conhecimento sobre o stock dos produtos (onde colocar produtos alimentares e produtos químicos), e devem obedecer todos princípios estabelecidos pelo ministério da saúde, Ministério de Industria e Comercio e Regras internacionais. Guardar "records" dos produtos vendidos. Em Moçambique nada se faz sentir sobre esses procedimentos de formas a garantir higiene, e verdade que muita coisa anda no papel mas na prática nada existe a titulo de exemplo é fabrico de bebidas alcoólicas.
Os consumidores Moçambicanos devem ser protegidos contra todos produtos sem qualidade, não refiro somente a produtos alimentar como também electrodomésticos importados para nosso Pais, é pior sem garantia, venho apelar as entidades competentes a tomar medidas, porque também é umas das formas para o combate a pobreza absoluta, porque perdesse tanto dinheiro em coisa sem qualidade.
Sem mais, vamos todos "combater" para o desenvolvimento do pais protegendo os nossos direitos — Direito do consumidor.

Observei e nao calei!!!
Rui Sabia in MoçambiqueOnline
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quarta-feira, janeiro 09, 2008

Algumas músicas merecem banimento

Maputo, Quarta-Feira, 9 de Janeiro de 2008:: Notícias

A PRESIDENTE do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), órgão com a missão de regular as mensagens transmitidas pela imprensa nacional, Julieta Langa, é de opinião que algumas músicas emitidas na “media”, particularmente na rádio e televisão públicas, deviam simplesmente ser eliminadas por colocarem em questão aspectos morais de certos sectores da sociedade.
“Há músicas que simplesmente não deviam passar. Aqui não há grande diferença como quando tu escreves um artigo (jornalístico) que incita a violência ou ao tribalismo, actos com consequências muito nefastas. Não pode ir ao público” , disse a fonte, falando à AIM sobre os conteúdos das músicas emitidas pelas rádios e televisões do país nos últimos dias.
Langa reconhece, porém, a importância da contribuição dos músicos jovens moçambicanos no enriquecimento da cultura local e no resgate de valores culturais há muito esquecidos. “Com a produção desses jovens, é possível preencher emissões de rádio ou de televisão durante 24 horas, realizar festas ou outro tipo de eventos, com recurso a música exclusivamente nacional de qualidade e de todos os ritmos”.
Mas afirma que nem todos esses números musicais deviam ser tocados nos espaços da programação da rádio e televisão públicas. Igualmente - acrescentou - existem aquelas músicas e vídeos que só merecem ser difundidas em circuito fechado.
“Como por exemplo, aquelas músicas veiculando mensagens com conteúdos que mexem com a sensibilidade sociocultural, pondo em causa os valores e princípios da ideologia educativa da maior parte das comunidades do país. É necessário que os “media” comecem a classificar o seu repertório de entretenimento distinguindo, claramente, o que é meramente pornográfico, erótico, romântico interventivo ou humorístico”, disse ela.
Em entrevista a revista moçambicana mensal “Prestígio”, o músico moçambicano José Guimarães, concorda sobre a necessidade de criação de uma instituição de censura para lidar com as músicas entoadas pelos jovens.
“Temos que fazer coisas com responsabilidade. Nada de andar a vulgarizar coisas sérias”, defendeu Guimarães, um músico com 39 anos de experiência, sugerindo que algumas dessas músicas devem ser tocadas apenas em discotecas.
Para Julieta Langa, o necessário não é exactamente uma instituição de censura, mas a (re)definição de parâmetros estabelecendo o que deve ser tocado e o momento apropriado da programação para o efeito, considerando a visão de todos os sectores da sociedade.
“As rádios e televisões devem guiar-se pelos princípios de pluralismo e da diversidade do público para quem servem, justificou a presidente do CNCS, vincando que maior responsabilidade recai sobre os órgãos públicos, Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique, por estes emitirem os seus programas para todos os grupos sociais de quase todo o país.
Segundo ela, a Rádio Moçambique, por exemplo, já teve parâmetros do género no passado, sendo necessário uma simples questão de os recuperar e actualizá-los. Esta aposta seria fácil para a emissora pública nacional porque ainda existem os profissionais que implementaram estes parâmetros no passado.
A fonte avança a hipótese de os profissionais terem abandonado esses parâmetros por recearem ser considerados antidemocráticos e ultrapassados, caindo, porém, no erro crasso de permitir tocar todo o tipo de músicas sem olhar para o impacto que isso pode causar na formatação de comportamentos sociais e culturais da sociedade.
Mas a solução desse problema não depende apenas da ‘boa vontade’ das rádios e televisões. A Lei de Imprensa estabelece que o CSCS tem como algumas das atribuições, agir na defesa do interesse público e velar pelo respeito da ética social comum.
O CSCS é competente para abordar aspectos musicais, como parte das emissões, quando sejam difundidas nos media. Apesar de reconhecer que na generalidade a lei prevê estas competência, Langa afirma não haver regulamentos aprovados pelo Governo para orientar actividade do CSCS e permitir-lhe uma actuação sistemática e proactiva.
Igualmente, ela diz não existir capacidade técnica (em termos de equipamento especializado para captação de emissões) para realizar este trabalho, bem como é preciso haver coordenação com outros sectores de actividade, como é o caso de organismo ligados à área cultural.
“Vamos intervir quando houver meios para a instalação efectiva da capacidade necessária para o cumprimento da nossa missão constitucional. Desde a sua criação, o Conselho ainda não beneficiou da necessária atenção do Governo, como, por exemplo, para a sua profissionalização, definição do perfil dos seus membros”, referiu Langa.
Segundo ela, actualmente, os membros do CSCS encontram-se numa situação de conflitos de interesse, porque muitos deles continuam sendo jornalistas no activo.
“´É preciso uma harmonização regional da legislação que deve governar o Conselho. Há muita coisa que precisa de ser vista com atenção, por exemplo a definição de políticas a serem adoptadas para que o CSCS seja de facto uma instituição socialmente relevante”, desabafou a fonte.
Mas, com esses mesmos problemas, o CSCS já teve intervenções de vulto no passado, tendo tomado várias decisões, dentre as quais a paralisação da emissão de alguns itens publicitários considerados impróprios para o consumo do público. “No mandato anterior, do qual também fui presidente, houve um volume assinalável de intervenções do que a actual produção…”
“De facto durante esse tempo o CSCS foi visível e unido. Os seus membros eram activos e tinham uma vontade enorme de trabalhar. As pessoas dedicavam-se e tiveram muita paciência e esperança na resolução dos problemas que desde lá até dificultam de forma dramática o nosso trabalho”, referiu ela.
MUHAMUD MATSINHE, da AIM
Ver: http://www.jornalnoticias.co.mz
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segunda-feira, julho 24, 2006

QUE BANCO DE DESENVOLVIMENTO PARA MOCAMBIQUE

QUE BANCO DE DESENVOLVIMENTO?

Primeiro uma nota de apreciação aos Dr. Prakash Ratilal, Carvalho Neves,António Souto e outros, pela persistência notável na discussão deste tema,ao ponto de ser hoje objecto de um debate nacional.Em seguida recordar que o desenvolvimento económico e social é um processocomplexo que depende de vários factores e que, no essencial, não é mais doque um aumento constante de produtividade, isto é, um aumento constante deeficiência e de eficácia na utilização de recursos escassos.

Num ambiente de estabilidade macro-económica e política, contribuem paraeste aumento de produtividade, os seguintes factores:- capital humano, incluindo os conhecimentos científicos e técnicostransmitidos de geração em geração, ética de trabalho, “entrepreneurship”,disponibilidade para partilhar informação e trabalhar em equipe;- investimento produtivo público e privado (em equipamento einfra-estruturas económicas e sociais);- inovação tecnológica, tanto ao nível do sector público como privado eincluindo a introdução sistemática de processos produtivos mais eficientese eficazes;- ambiente institucional positivo – redução de “custos de transacções”,simplificação burocrática.Cada um desses factores, por sua vez, depende de outros, por exemplo, oinvestimento em infra-estruturas e em equipamento tecnológico depende daspoupanças nacionais, entendidas como poupanças dos sectores privados epúblico, bem como de particulares. E, no caso particular de Moçambique,devido ao nível limitado de poupanças nacionais, os investimentos,sobretudo em infra-estruturas mas também em grandes projectos, sãofinanciados do exterior.O sistema financeiro nacional tem, obviamente, um papel importante nofinanciamento da economia nacional captando, para o efeito, poupançasnacionais e por vezes recorrendo a financiamentos e apoios externos.
Norecente estudo sobre o sistema financeiro “Financial Sector Development inSADCC” financiado pelo Canadá, apontava as fraquezas dos sistemasfinanceiros de países como os de Moçambique (“O sector financeiro édominado pelo sector bancário; O mercado de capitais é pouco desenvolvido,por isso, o sector privado não pode recorrer a outro tipo de produtosfinanceiros para além dos empréstimos; os bancos optam por investir emBilhetes de Tesouro, por isso, em certa medida o financiamento ao Estado prejudica o sector privado”) reconhecendo, no entanto, que são fracas elimitadas as poupanças rurais . Por isso, a captação de poupanças rurais“per se” não justifica a criação de serviços bancários rurais mas, anecessidade de disponibilizar recursos às famílias camponesas paraestimular o consumo e sobretudo para permitir a aquisição de tecnologia etambém para prestar outros serviços bancários são argumentos que não podemser ignorados.
Registe-se, que o campo será um tomador significativo derecursos e não uma fonte considerável de poupanças, pelo menos numaprimeira fase.Ao sistema financeiro nacional falta-lhe a sofisticação que tem, porexemplo, o da África de Sul que, para além de um mercado de capitaisdinâmico e sofisticado, tem muitos instrumentos financeiros desenvolvidos(por exemplo, diariamente transaccionam-se centenas de biliões de rands emoperações de “swaps” e de derivados).
A seu tempo, Moçambique terá tambémeste tipo de operações para servir as necessidades de um sector privadoquando esta tiver a necessidade deste tipo de produtos. A África do Sultem também instituições especializadas como:- DBSA – Development Bank of Southern Africa- IDC - Industrial Development Corporation- Land BankO mandato do DBSA e do IDC inicialmente limitado a países que durante oapartheid estavam na esfera política e económica da África do Sul foiestendido para África Austral e qualquer dessas instituições têm já umconjunto de operações em Moçambique em associação ou não com os bancoslocais. De igual modo, outras instituições internacionais como o AFD, BEI,DEG, FMO, IFC, KFW, NORSAD, etc.... financiam projectos viáveis tanto dosector privado como do público desde que tenham uma certa dimensão. As agências de desenvolvimento como a USAID, Cooperação Italiana, Holandesa eoutras estão activas no desenvolvimento de instrumentos de apoio ao sectorprivado.
A banca moçambicana também tem vindo a financiar as empresas privadas epúblicas moçambicanas, aumentando constantemente a taxa de conversão dedepósitos em empréstimos e, em certos casos, os financiamentos são demontantes elevados como é o caso do financiamento a importadores edistribuidoras nacionais de combustíveis e, para o efeito, os bancoslocais têm de obter garantias externas.

Então pergunta-se, porquê um Banco de Desenvolvimento? E, em casoafirmativo, que tipo de Banco de Desenvolvimento se pretende paraMoçambique?

Obviamente, a justificação para a criação de um Banco de Desenvolvimentonão pode ser a de que os outros países também o têm, pois pode-secontra-argumentar que existem muitos países que não o têm. Além disso,muitos dos bancos referidos são de países desenvolvidos e têm porobjectivo canalizar a ajuda externa, que não é o caso de Moçambique, eoutros reflectem as circunstâncias históricas do momento pelo que nãopodem ser pura e simplesmente copiados.Por isso, vejamos as necessidades específicas de Moçambique e, em funçãodas mesmas tentar identificar a instituição ou as instituiçõesindispensáveis para o processo de desenvolvimento moçambicano.


BANCO DE DESENVOLVIMENTO COMO PANACEIA PARA OS PROBLEMAS DEDESENVOLVIMENTO DE MOÇAMBIQUE

Para alguns, o Banco de Desenvolvimento poderá ser a solução para muitosproblemas críticos do nosso processo de desenvolvimento, na convicção deque a ausência de créditos “facilitados” constitui “per se” maiorobstáculo ao desenvolvimento acelerado e sustentado.A ausência de instrumentos especiais que facilitem o acesso a recursosfinanceiros, como veremos mais a frente é, de facto, um dos problemas queurge resolver, mas não é único e, se calhar, nem é o mais estratégicopois, mesmo resolvendo este (o de crédito), os outros ficarão porresolver.Se um banco for criado com estas expectativas – o de panaceia para outrosproblemas críticos de desenvolvimento, então a sua criação é certamente umerro, pois os outros factores críticos não serão tratados atempadamente,exacerbando entretanto os problemas da pobreza rural, de desigualdaderegional, de ausência de um empresariado nacional, etc.. cuja solução, nofuturo, se tornará mais difícil e complexa. A criação da Bolsa de Valoresde Moçambique e do mercado de capitais, que no futuro certamente uminstrumento valioso para a mobilização de capitais para o sector privadoem alternativa aos empréstimos da banca, foi procedida de uma grandeexpectativa cuja materialização da solução de outros constrangimentos maisurgentes.Dentro de alguns anos concluir-se-á que um Banco de Desenvolvimento afinalnão era a solução mágica. (Mas isso não retira a necessidade deinstrumentos financeiros especializados em função de necessidadesespecíficas e prioritárias não cobertas adequadamente por instrumentosexistentes).

UM BANCO PARA FINANCIAR AS INFRA-ESTRUTURAS?

Habitualmente os bancos de desenvolvimentos estão associados aosfinanciamentos concessionais para infraestruturas públicas ou privadas oupara grandes projectos. No caso particular de Moçambique, alguns dosdefensores de um banco de desenvolvimento estão conscientes que o bancopretendido não é desse tipo. Vejamos porquê!Indiscutivelmente, Moçambique tem grande carência de infra-estruturaseconómicas e sociais – de barragens, regadios, estradas, escolas,hospitais, rede electrificada etc., quer geridas pública ou pelo sectorprivadoAs nossas taxas de crescimento económico dos últimos anos só forampossíveis porque a formação bruta de capital fixo atingiu em média os 25%do PIB , representando o investimento público cerca de metade desse valor.Isto é, o Estado tem vindo a investir cerca de 12.5% do PIB em média nosúltimos anos, ou seja, um montante situado entre 400 a 500 milhões deUSD/ano.Sendo o investimento público, na sua quase totalidade, financiado pela“ajuda externa”, poderá um Banco de Desenvolvimento substituir-se ao apoioda comunidade internacional ou, numa versão minimalista, complementar oesforço actual, acelerando assim o processo de construção deinfra-estruturas?Ignorando para já a problemática sobre a capacidade de absorção, de gestãoe sobretudo da manutenção de mais infra-estruturas, concentremos naquestão simples mas importante sobre a origem de fundos, dos 400 a 500milhões de USD/ano.Poderão os fundos necessários resultar de poupanças nacionais ou doOrçamento do Estado, ou de uma combinação destas duas fontes?
Nos últimosdois anos, a captação de poupanças (aumento de depósitos mais emissão detítulos de dívida pública e de particulares com excepção dos subscritospelos bancos) pelo sistema financeiro, terá sido em média da ordem dos 250Milhões de USD/ano, portanto, muito longe dos 400 a 500 milhões de USD deinvestimento público anual. Além disso, o Banco de Desenvolvimento teriade competir com a banca privada na mobilização destas poupanças limitadase, para o efeito, teria de remunerar as mesmas a taxas muito próximas dasdo mercado. Em consequência, as taxas de juros a praticar na concessão deempréstimos seriam ligeiramente inferiores às dos bancos comerciais,tornando-as incomportáveis para o financiamento de infra-estruturas.Para além disso:- mesmo numa situação extrema de os juros serem assumidos total ouparcialmente pelo Orçamento do Estado, será necessário amortizar o capitalmutuado para garantir a integridade das poupanças e são poucos osinvestimentos em infra-estruturas que podem assegurar a amortização docapital mutuado;- o uso de poupanças nacionais para financiar as infra-estruturas pela viado Banco de Desenvolvimento, reduziria substancialmente os fundosdisponíveis para a concessão de empréstimos pelos bancos comerciais aosector privado, tornando o processo de atribuição de crédito ainda maisselectivo e elevando significativamente as taxas de juro, pois a oferta decrédito reduzir-se-ia dramaticamente ;- o financiamento de infra-estruturas por poupanças internas aumentaria apressão sobre o metical pois, uma parte dos investimentos eminfra-estruturas são em divisas e, sem o financiamento externo, o deficitda balança de pagamentos seria agravado, quase que forçando o país avoltar ao regime antigo de decidir a afectação das escassas divisas pelavia administrativa;- finalmente, o Orçamento do Estado não tem capacidade para financiar umBanco de Desenvolvimento na dimensão referida, isto é, como provedor demeios financeiros nem mesmo para assumir o serviço da dívida, pois aindatem muitas necessidades por satisfazer, como é o caso, por exemplo, damanutenção das infraestruturas.Por outro lado, parece pouco realista a opção de a comunidade doadora,incluindo as instituições financeiras, colocarem os seus fundos nadimensão referida num Banco de Desenvolvimento nacional, delegando nosórgãos sociais deste o poder de decisão e de escolha das infra-estruturasa financiar.
Mesmo sob ponto de vista político, seria insustentável ofacto de o poder de decisão ser deslocado de um governo eleito paratecnocratas de um Banco de Desenvolvimento que, num cenário destes,passaria a ser o interlocutor privilegiado dos doadores e das instituiçõesinternacionais.O Estado pode sempre decidir que vai, na medida do possível, financiarinfra-estruturas que considere politicamente importantes, mesmo quando nãotem o apoio de doadores como é o caso da ponte sobre Rovuma, ou decidirintervir no mercado de habitações aumentando a oferta de casas e, para oefeito, subsidiar as taxas de juro de crédito à habitação mas, para issonão necessita de um Banco de Desenvolvimento pois pode fazer directamenteatravés do Tesouro, utilizando a banca comercial. Portanto mesmo nocenário em que a intervenção do Estado visa complementar o actual esforçode investimentos em infraestrutura não justifica a criação de uma novainstituição.Mesmo para o financiamento do projecto privado de certa dimensão não sejustifica a criação de um banco de desenvolvimento, pois se os projectosforem viáveis não faltará o financiamento da banca comercial associado ounão a instituições internacionais e em condições adequadas.

NECESSIDADES ESPECÍFICAS E PRIORITÁRIAS QUE REQUEREM NOVOS INSTRUMENTOSFINANCEIROS

Os economistas estão mais ou menos de acordo que a estabilidade macroeconómica, embora necessária, não é suficiente para assegurar ocrescimento dinâmico do sector privado nacional, em particular das PME’s.Por outro lado, o actual modelo de desenvolvimento baseado em grandesprojectos, não cria muitos empregos formais e, na ausência de investimentode pequena e média dimensão (uma grande percentagem de investimentoestrangeiro está associado aos grandes projectos), é grande o risco de umdesenvolvimento atrofiado.Além disso, a realidade de algumas províncias e o estádio actual de algunsprojectos mesmo os realizados depois da Independência Nacional (porexemplo, os regadios de Umbelúzi e de Sabié Incomati), revelam que asinfra-estruturas económicas e sociais, embora absolutamente necessárias,também não asseguram o surgimento exponencial de PME’s nem odesenvolvimento de forças produtivas. A realidade de uma província grandecomo a Zambézia revela que, não obstante os investimentos em estradas,linhas de alta tensão, telefone fixo, telefone celular, etc..., (para alémdo projecto de aquaculturas de camarão em Quelimane) os únicosinvestimentos produtivos de vulto realizados até agora no interior daProvíncia são os de: uma fábrica de algodão em Morrumbala, reabilitaçãodas plantações e fábricas de chá, uma fábrica de processamento de feijãoboer em Gurué, uma ou duas fábricas de processamento de castanha de caju epouco mais, não obstante os elevados investimentos públicos.Embora se afirme constantemente que a agricultura é a base dodesenvolvimento, ou, numa perspectiva diferente, de que o distrito é abase de planificação de desenvolvimento, nota-se, por um lado, um fracoaumento da produtividade dos camponeses do sector familiar e, por outrolado, são insignificantes os investimentos em agro-indústria paraprocessar a matéria-prima nacional, excluindo os realizados na indústriade açúcar. Aliás, a reabilitação desta indústria só foi possível por causada protecção e o apoio especial que lhe está concedido, que agora sereclama para os outros sectores. Infelizmente, investe-se mais emagro-indústria para o processamento de matéria-prima importada do que noprocessamento de matéria-prima nacional.As forças do mercado “per se” não asseguraram a criação de umaagro-indústria nacional potente nem o aumento automático de produtividade.A experiência de muitos países revela que o desenvolvimento rural e acriação da agro-indústria nacional requer uma intervenção e programasespecíficos. Por exemplo, na Índia, o aumento de produtividade foiconseguido através de um programa gigantesco - Revolução Verde e do usogeneralizado de fertilizantes vendidos a preços subsidiados, para além daprotecção aduaneira à indústria indiana. O governo indiano participa aindaa fundo perdido no investimento em indústria nas zonas rurais.Os enormes subsídios à agricultura nos países da OCDE não só distorcem ospreços dos mercados internacionais, como advogam a necessidade de apoiospúblicos (sob a forma de financiamento concessionais e mesmo de subsídiosou de preços diferenciados) na transformação de uma agricultura pobre numaagricultura moderna. Os agentes económicos moçambicanos, para além decompetir em condições de desigualdade tem de enfrentar um conjunto deconstrangimentos específicos de Moçambique (por exemplo, o frete de umcontentor frigorífico de Moçambique para a Europa custa quase que o dobrodo frete de Madagáscar ou das Ilhas Reunião para a Europa. Em muitospaíses, o preço da energia eléctrica para as indústrias nas zonas rurais ésignificativamente reduzido, etc..).

MEDIDAS FINANCEIRAS A IMPLEMENTAR

Para transformar esta realidade e materializar o grande objectivoconsensual do desenvolvimento, ou seja, o da redução da pobreza, énecessário desenvolver um conjunto de novos instrumentos financeiros queassegurem:- o acesso a capital, sob forma como co-participação a fundo perdido noinvestimento na agro industria ou uma participação directa no capital daempresa investidora através de um “Equity Fund” ou de uma entidadepública investidora (rever talvez a missão do IGEP para que se assemelhemais a um IDC) de forma a estimular os investimentos (por exemplo, o“equity fund” poderá apoiar a renovação da indústria de cajú dainstalação de novas fábricas de arroz);- o acesso fácilitado a financiamento (empréstimos) junto da bancacomercial, assumindo a entidade promotora parte do risco comercial (comosucede com apoio da USAID na recriação da indústria do caju) e/ou partedos juros, devendo a banca comercial capacitar-se para avaliar e monitoraro risco.- compensação a empresas exportadoras pelo facto de suportarem custosanormais – de transportes marítimos, por exemplo;- acesso a preços especiais a alguns factores de produção – energia (comojá acontece com o diesel), fertilizantes, (ainda que a distribuição sejafeita pelo sector privado) etc., como forma de contribuição do Estado paraa promoção da agro-indústria;- apoio a pequenos empresários agrícolas famílias camponesas que empregamtrabalhadores assalariados, para aquisição de tecnologia (sementesmelhoradas, instrumentos de trabalho modernos, juntas de boi, materiais deconstrução, adubos, etc..) enquadrando-os de preferência nas empresas e/ouem programas específicos;- apoio através de linhas de crédito a empresas não agrícolas cujosserviços são indispensáveis para o bom desenvolvimento agrário (porexemplo: transporte, estocagem/armazenagem de insumos ou de produtos,laboratórios de análise, serviços fitosanitários, etc).- criação de centro de máquinas gerido por privados e de centros públicospara a difusão de tecnologias adequadas;- finalmente, rever as funções de algumas estruturas do Estado ao nível dodistrito, das províncias e Centrais, para que a inovação tecnológica e oaumento da produtividade seja de facto uma prioridade nacional.A outra área onde será necessário elaborar um programa específico de apoiofinanceiro é a de construção, sobretudo de habitação. Para o efeito, serãotambém necessários instrumentos financeiros adequados, por um lado, para odesenvolvimento da indústria de materiais de construção e por outro para aconstrução de casas de baixo custo. Um simples mecanismo de subsidiar astaxas de juro de empréstimos concedidos aos compradores pode desencadearum desenvolvimento notável do sector de construção.

INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Os apoios para um programa deste envergadura podem ser feitos através deinstrumentos directos - “Equity Fund”, “Fundos de Garantia”, Fundos deCompensação, etc… ou indirectos, por exemplo, permitindo aos bancoscomerciais que, parte das suas reservas obrigatórias no Banco Central,sejam constituídas por empréstimos à agricultura ou à compra de habitação.Promover e estimular a banca comercial para criar agências bancárias nosdistritos associadas ou não a instituições de micro-crédito, eeventualmente criar uma instituição especializada de crédito rural.Algumas das medidas sugeridas estão a ser implementadas mas, de uma formadispersa. É desejável que este esforço seja exponenciado e coordenadoatravés de instituições especializadas. Os títulos das mesmas sãoirrelevantes desde que a missão e os estatutos estejam claros e oscritérios definidos objectivamente.A dimensão deste esforço dependerá da capacidade do Estado e dadisponibilidade da comunidade internacional, que começa a “aceitar” ofacto de que o combate à pobreza só é possível se a classe empresarialmoçambicana tiver as mesmas oportunidades que a dos de paísesdesenvolvidos, isto é, de que não é justo pedir à classe empresarialmoçambicana milagres que não foram realizados nos respectivos países, poiso desenvolvimento agrícola e a soulução do problema de habitação contoucom grandes apoios públicos (domésticos e internacionais).

Abdul Magide Osman
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terça-feira, março 14, 2006

OS SETE SAPATOS SUJOS

Hoje recebemos o texto de Mia Couto intitulado "OS SETE SAPATOS SUJOS", que achamos por bem compartilhar neste espaço.
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OS SETE SAPATOS SUJOS


Há, entre todas as pobrezas, uma que escapa às estatísticas e aos indicadores numéricos: é a penúria da nossa reflexão sobre nós mesmos como sujeitos históricos. Generalizou-se entre nós a descrença na possibilidade de mudarmos os destinos do nosso continente. Vale a pena perguntarmo-nos: o que está acontecer? O que é preciso mudar dentro e fora de África? Estas perguntas são sérias. Não podemos iludir as respostas, nem continuar a atirar poeira para ocultar responsabilidades. Não podemos aceitar que elas sejam apenas preocupação dos governos.

Felizmente, estamos vivendo em Moçambique uma situação particular, com diferenças bem sensíveis. Temos que reconhecer e ter orgulho que o nosso percurso foi bem distinto de outros. Contudo, as conquistas da liberdade e da democracia que hoje usufruímos só serão definitivas quando se converterem em cultura de cada um de nós. E esse é ainda um caminho de gerações. Ter futuro custa muito dinheiro. Mas é muito mais caro só ter passado.

A pergunta crucial é esta: o que é que nos separa desse futuro que todos queremos? Alguns acreditam que o que falta são mais quadros, mais escolas, mais hospitais. Outros acreditam que precisamos de mais investidores, mais projectos económicos. Tudo isso é necessário, tudo isso é imprescindível. Mas, para mim, há outra coisa que é ainda mais importante. Essa coisa tem um nome: é uma nova atitude. Poderemos ter mais técnicos, mais hospitais, mais escolas, mas, se não mudarmos de atitude, não seremos construtores de futuro.

Estamos todos nós estreando um combate interno para domesticar os nossos antigos fantasmas. Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos. À porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei sete sapatos sujos que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos. Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico.

Primeiro sapato: a ideia que os culpados são sempre os outros. Nós conhecemos este discurso. A culpa já foi da guerra, do colonialismo, do imperialismo, do «apartheid», enfim, de tudo e de todos. Menos nossa. É verdade que os outros tiveram a sua dose de culpa no nosso sofrimento. Mas parte da responsabilidade sempre morou dentro de casa. Estamos sendo vítimas de um longo processo de desresponsabilização. Esta lavagem de mãos tem sido estimulada por algumas elites africanas que querem permanecer na impunidade. Os culpados estão à partida encontrados: são os outros, os da outra etnia, os da outra raça, os da outra geografia.

Queremos que outros nos olhem com dignidade e sem paternalismo. Mas ao mesmo tempo continuamos olhando para nós mesmos com benevolência complacente. Somos peritos na criação do discurso desculpabilizante. A desresponsabilização é um dos estigmas mais graves que pesa sobre nós, africanos de Norte a Sul. Há os que dizem que se trata de uma herança da escravatura, desse tempo em que não se era dono de si mesmo. O patrão, muitas vezes longínquo e invisível, era responsável pelo nosso destino. Hoje, nem sequer simbolicamente, matámos o antigo patrão. Uma das formas de tratamento que mais rapidamente emergiu de há uns dez anos para cá foi a palavra «patrão». Foi como se nunca tivesse realmente morrido, como se espreitasse uma oportunidade histórica para se relançar no nosso quotidiano.

Pode-se culpar alguém desse ressurgimento? Não. Mas nós estamos criando uma sociedade que produz desigualdades e que reproduz relações de poder que acreditávamos estarem já enterradas.

Segundo sapato: a ideia de que o sucesso não nasce do trabalho. O que explica a desgraça mora junto do que justifica a bem-aventurança.

A equipa desportiva ganha, a obra de arte é premiada, a empresa tem lucros, o funcionário foi promovido? Tudo isso se deve a quê? Deve-se à boa sorte. E a palavra “boa sorte” quer dizer duas coisas: a protecção dos antepassados mortos e a protecção dos padrinhos vivos. Nunca ou quase nunca se vê o êxito como resultado do esforço, do trabalho como um investimento a longo prazo. As causas do que nos sucede (de bom ou mau) são atribuídas a forças invisíveis que comandam o destino. Para alguns esta visão causal é tida como tão intrinsecamente «africana» que perderíamos «identidade» se dela abdicássemos.
Os debates sobre as «autênticas» identidades são sempre escorregadios. Vale a pena debatermos, sim, se não poderemos reforçar uma visão mais produtiva e que aponte para uma atitude mais activa e interventiva sobre o curso da História.

Infelizmente olhamo-nos mais como consumidores do que produtores. A ideia de que África pode produzir arte, ciência e pensamento é estranha mesmo para muitos africanos. Até aqui o continente produziu recursos naturais e força laboral. Produziu futebolistas, dançarinos, escultores. Tudo isso se aceita, tudo isso reside no domínio daquilo que se entende como «natureza». Mas já poucos aceitarão que os africanos possam ser produtores de ideias, de ética e de modernidade. Não é preciso que os outros desacreditem. Nós próprios nos encarregamos dessa descrença.

Terceiro sapato- O preconceito de quem critica é um inimigo. Muitas pessoas acreditaram que, com o fim do monopartidarismo, terminaria a intolerância para com os que pensavam diferente. Mas a intolerância não é apenas fruto de regimes. É fruto de culturas, é o resultado da História. Herdámos da sociedade rural uma noção de lealdade que é demasiado paroquial. Esse desencorajar do espírito crítico é ainda mais grave quando se trata da juventude. O universo rural é fundado na autoridade da idade. Aquele que é jovem, aquele que não casou nem teve filhos, esse não tem direitos, não tem voz nem visibilidade. A mesma marginalização pesa sobre a mulher.

Moçambique nasceu da luta de guerrilha. Essa herança deu-nos um sentido épico da história e um profundo orgulho no modo como a independência foi conquistada.

Mas a luta armada de libertação nacional também cedeu, por inércia, a ideia de que o povo era uma espécie de exército e podia ser comandado por via de disciplina militar. Essa herança não ajudou a que nascesse uma capacidade de insubordinação positiva, uma cultura de discussão frontal e aberta. Muito do debate de ideias é, assim, substituído pela agressão pessoal. Basta diabolizar quem pensa de modo diverso. Existe uma variedade de demónios à disposição: uma cor política, uma cor de alma, uma cor de pele, uma origem social ou religiosa diversa.

Quarto sapato: a ideia de que mudar as palavras muda a realidade. Uma vez em Nova Iorque um compatriota nosso fazia uma exposição sobre a situação da nossa economia e, a certo momento, falou de mercado negro. Foi o fim do mundo. Vozes indignadas de protesto se ergueram e o meu pobre amigo teve que interromper sem entender bem o que se estava a passar. No dia seguinte recebíamos uma espécie de pequeno dicionário dos termos politicamente incorrectos. Estavam banidos da língua termos como cego, surdo, gordo, magro, etc… Há toda uma geração que está aprendendo uma língua – a língua dos workshops. Na realidade, não é uma língua mas um vocabulário de pacotilha. Basta saber agitar umas tantas palavras da moda para falarmos como os outros, isto é, para não dizermos nada. Recomendo-vos fortemente uns tantos termos. Por exemplo:
desenvolvimento sustentável, awarenesses ou accountability, boa governação, capacity building, comunidades locais. Estes ingredientes devem ser usados de preferência num formato “powerpoint”.
Nós fomos a reboque destas preocupações de ordem cosmética. Estamos reproduzindo um discurso que privilegia o superficial e que sugere que, mudando a cobertura, o bolo passa a ser comestível. Hoje assistimos, por exemplo, a hesitações sobre se devemos dizer «negro» ou «preto». Como se o problema estivesse nas palavras, em si mesmas. O curioso é que, enquanto nos entretemos com essa escolha, vamos mantendo designações que são realmente pejorativas como as de mulato e de monhé.
Muitas das instituições que deviam produzir ideias estão hoje produzindo papéis, atafulhando prateleiras de relatórios condenados a serem arquivo morto. Em lugar de soluções encontram-se problemas. Em lugar de acções sugerem-se novos estudos.

Quinto sapato - A vergonha de ser pobre e o culto das aparências. A pressa em mostrar que não se é pobre é, em si mesma, um atestado de pobreza. A nossa pobreza não pode ser motivo de ocultação. Quem deve sentir vergonha não é o pobre mas quem cria pobreza.
Vivemos hoje uma atabalhoada preocupação em exibirmos falsos sinais de riqueza. Criou-se a ideia de que o estatuto do cidadão nasce dos sinais que o diferenciam dos mais pobres.
Estamos vivendo num palco de teatro e de representações: uma viatura já não é um objecto funcional. É um passaporte para um estatuto de importância, uma fonte de vaidades. Esta doença, esta religião que se podia chamar «viaturolatria» atacou desde o dirigente do Estado ao menino da rua. É triste que o horizonte de ambições seja tão vazio e se reduza ao brilho de uma marca de automóvel. É urgente que as nossas escolas exaltem a humildade e a simplicidade como valores positivos. A arrogância e o exibicionismo não são, como se pretende, emanações de alguma essência da cultura africana do poder. São emanações de quem toma a embalagem pelo conteúdo.
Sexto Sapato- A passividade perante a injustiça . Estarmos dispostos a denunciar injustiças quando são cometidas contra a nossa pessoa, o nosso grupo, a nossa etnia, a nossa religião. Estamos menos dispostos quando a injustiça é praticada contra os «outros». Persistem em Moçambique zonas silenciosas de injustiça, áreas onde o crime permanece invisível. Ainda há dias ficamos escandalizados com o recente anúncio de jornal que privilegiava candidatos de raça branca. Tomaram-se medidas imediatas e isso foi absolutamente correcto.
Contudo, existem convites à discriminação que são tão ou mais graves e que aceitamos como sendo naturais e inquestionáveis.
Tomemos esse anúncio do jornal e imaginemos que ele tinha sido redigido de forma correcta e não racial. Será que tudo estava bem? A tiragem do jornal Notícias é de 13 mil exemplares. Mesmo se aceitarmos que cada jornal é lido por cinco pessoas, o número de leitores é menor do que a população de um bairro de Maputo. É dentro deste universo que circulam convites para promoções e os acessos a oportunidades.
Um outro exemplo. Estamos administrando anti-retro-virais a cerca de 30 mil doentes com sida. Isso significa que cerca de um milhão quatrocentos e cinquenta mil doentes ficam excluídos de tratamento. Trata-se de uma decisão com implicações éticas terríveis. Como e quem decide quem fica de fora? É aceitável, pergunto, que a vida de um milhão e meio de cidadãos esteja nas mãos de um pequeno grupo técnico?
Sétimo sapato - A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros.
Todos os dias recebemos estranhas visitas em nossa casa. Entram por uma caixa mágica chamada televisão. Criam uma relação de virtual familiaridade. Aos poucos passamos a ser nós quem acredita estar vivendo fora, dançando nos braços de Janet Jackson. O que os vídeos e toda a sub-indústria televisiva nos vêm dizer não é apenas: «comprem». Há todo um outro convite que é este: «sejam como nós».
O resultado é que a nossa produção cultural se está convertendo na reprodução macaqueada da cultura dos outros. O futuro da nossa música poderá ser uma espécie de «hip-hop» tropical, o destino da nossa culinária poderá ser o Mac Donald’s.

Falamos da erosão dos solos, da desflorestação, mas a erosão das nossas culturas é ainda mais preocupante. A secundarização das línguas moçambicanas (incluindo da língua portuguesa) e a ideia que só temos identidade naquilo que é folclórico são modos de nos soprarem ao ouvido a seguinte mensagem: só somos modernos se formos americanos. Eu olho a nossa sociedade urbana e pergunto-me: será que queremos realmente ser diferentes? Porque eu vejo que esses rituais de passagem se reproduzem como fotocópia fiel daquilo que eu sempre conheci na sociedade colonial. Estamos dançando a valsa, com vestidos compridos, num baile de finalistas que é decalcado daquele do meu tempo. Estamos copiando as cerimónias de final do curso a partir de modelos europeus de Inglaterra medieval. Casamo-nos de véus e grinaldas e atiramos para longe da Julius Nyerere tudo aquilo que possa sugerir uma cerimónia mais enraizada na terra e na tradição moçambicanas.

Falei da carga de que nos devemos desembaraçar para entrarmos a corpo inteiro na modernidade. Mas a modernidade não é uma porta apenas feita pelos outros. Nós somos também carpinteiros dessa construção e só nos interessa entrar numa modernidade de que sejamos também construtores. A minha mensagem é simples: mais do que uma geração tecnicamente capaz, nós necessitamos de uma geração capaz de questionar a técnica. Uma juventude capaz de repensar o país e o mundo. Mais do que gente preparada para dar respostas, necessitamos de capacidade para fazer perguntas.
Moçambique não precisa apenas de caminhar. Necessita de descobrir o seu próprio caminho num tempo enevoado e num mundo sem rumo. A bússola dos outros não serve, o mapa dos outros não ajuda. Necessitamos de inventar os nossos próprios pontos cardeais. Interessa-nos um passado que não esteja carregado de preconceitos, interessa-nos um futuro que não nos venha desenhado como uma receita financeira.
A Universidade deve ser um centro de debate, uma fábrica de cidadania activa, uma forja de inquietações solidárias e de rebeldia construtiva. Não podemos treinar jovens profissionais de sucesso num oceano de miséria. A Universidade não pode aceitar ser reprodutora da injustiça e da desigualdade.
Numa sessão pública decorrida no ano passado em Maputo um já idoso nacionalista disse, com verdade e com coragem, o que já muitos sabíamos. Confessou que ele mesmo e muitos dos que, nos anos 60, fugiam para a Frelimo não eram apenas motivados por dedicação a uma causa independentista. Eles arriscaram-se e saltaram a fronteira do medo para terem possibilidade de estudar. O fascínio pela educação como um passaporte para uma vida melhor estava presente um universo em que quase ninguém podia estudar. Essa restrição era comum a toda a África. Hoje, a situação melhorou. O continente investiu na criação de novas capacidades.
Aos poucos se torna claro, porém, que mais quadros técnicos não resolvem, só por si, a miséria de uma nação. Se um país não possuir estratégias viradas para a produção de soluções profundas então todo esse investimento não produzirá a desejada diferença. Se as capacidades de uma nação estiverem viradas para o enriquecimento rápido de uma pequena elite então de pouco valerá termos mais quadros técnicos.
A escola é um meio para querermos o que não temos. A vida, depois, nos ensina a termos aquilo que não queremos. Entre a escola e a vida resta-nos ser verdadeiros e confessar aos mais jovens que nós também não sabemos e que, nós, professores e pais, também estamos à procura de respostas.
Com o novo governo ressurgiu o combate pela auto-estima. Isso é correcto e é oportuno. Temos que gostar de nós mesmos, temos que acreditar nas nossas capacidades. Mas esse apelo ao amor-próprio não pode ser fundado numa vaidade vazia, numa espécie de narcisismo fútil e sem fundamento. Alguns acreditam que vamos resgatar esse orgulho na visitação do passado. É verdade que é preciso sentir que temos raízes e que essas raízes nos honram. Mas a auto-estima não pode ser construída apenas de materiais do passado.
Na realidade, só existe um modo de nos valorizar: é pelo trabalho, pela obra que formos capazes de fazer. É preciso que saibamos aceitar esta condição sem complexos e sem vergonha: somos pobres. Mas a força de superarmos a nossa condição histórica também reside dentro de nós. Saberemos, como já soubemos antes, conquistar certezas de que somos produtores do nosso destino.
Teremos mais e mais orgulho em sermos quem somos: moçambicanos construtores de um tempo e de um lugar onde nascemos todos os dias. É por isso que vale a pena aceitarmos descalçar não só estes sete sapatos, mas todos os que atrasam a nossa marcha colectiva. Porque a verdade é uma: antes vale andar descalço do que tropeçar com os sapatos dos outros.
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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Sismo em Mocambique

Sismo em Moçambique

Pouco passava da hora zero do dia 23 de Fevereiro corrente quando vários Moçambicanos foram afectados por uma preturbação sísmica. A terra tremeu por uns instantes pondo em pánico vários cidadãos.
Na cidade de Maputo as reacções não se fizeram esperar. Até a 1 hora da madrugada as ruas de Maputo estavam repletas de citadinos que abandonaram os prédios e as casas para se salvarem. Mesmo depois do abalo há ums resistencia por parte de alguns cidadãos para regressarem às casas.

Ainda não há informações de vítimas mortais, mas a ocorrencia de sismos é algo raro em Moçambique. Testemunhas contam que Namaacha já registrou um sismo há 10 anos atrás. Desta vez foram várias as províncias do país onde se fez sentir o sismo.

Numa breve ronda pela cidade pôde-se ver a apreensão, a preocupação, o medo, enfim as pessoas ficaram chocadas com o sucedido. Nos prédios uns saíram de casa com as malas prontas, outros apenas com a roupa de dormir, também vimos gente vestida como se fosse a uma festa a sair de casa...hehehehe...coisas de Maputo.
Mas o que há a reter é que aconteceu um sismo em Moçambique e até agora não há informação de vítimas mortais.

Espero que este sismo não tenhas danificado nada e que as pessoas estejam bem de saúde.

Moçambique Online
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Caros compatriotas,

As cidades de maputo, beira, e tete, alguns dizem tambem que chimoio registaram nos principios da manha de hoje, quinta feira cerca das oo.30. Pessoalmente dirigi-me aos servicos de meteorologia mas estes encontravam-se fechados. Portanto ninguem sabe ate ao momento a escala do sismo (richter)! O director do instituto nacional de meteorologia aformou a rm que desde 1989 a gestao dos sismos passou a direccao nacional de geologia, que presumivelmente funciona das 07.30 as 15.00 hrs.

Viam-se nas ruas de maputo senhoras com roupa interior ou de dormir, criancas e jovens semi-vestidas ou sem roupas!

Ha relatorios de pequenos danos materias como consequencia da quebra de vidros, na maior parte dos casos em predios com mais de dez andares.

Oxala que este alerta acorde as autoridades competentes para a necessidade para a criacao de uma instituicao que vele por estas situacoes 24 horas por dia!
Um abraco patriotico,

Manuel de araujo
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Agora é q sera o nosso fim cheias,secas,HIV,malaria etc agora sismos para aumentar a nossa desgraça ainda bem q foi de pequena escala pois nâo sei se o nosso pais esta preparado para esse tipo de situaçoes pelo q ouvi pela RM não existe nenhuma instancia em funcionamento para tratar destes casos agora é estamos mesmo lixados
God Bless Moçambique

Para mais detalhes confiram o site

http://earthquake.usgs.gov/eqcenter/eqinthenews/2006/usjlca/

Chartony Bobo
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Terrivel pensar-se no acompanhar desta ocorrencia para quem se encontra longe de casa, tal como eu. Felizmente a tecnologia permite-nos acalmar alguns "temores". Infelizmente, nao nos permite acalmar o tremer da terra. Queira Deus que vidas nao tenham sido levadas... Para os que possam ter sofrido perdas humanas ou materias O MEU ABRACO SENTIDO. Para os que se encontram longe de casa ou fora do pais, desejar que cedo tenham noticias. Sem espirito para mais...

Os melhores cumprimentos

Nelson Maximiano
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Alo moderacao do moz online (Basilio????)

Thanks pela informacao atempada sobre este fenomeno raro que aconteceu na nossa terra. Para mim o Moz online nao é apenas uma janela para debate e expressao de opiniao, mas tambem uma fonte de noticias sobre as coisas que acontecem na minha patria amada. Ja contactei alguns parentes e amigos ai em Moz e aparentemente nao houve danos severos da parte deles (espero que seja geral).

Um grande abracao a toda comunidade deste forum e espero que o infortunio nao tenha batido a porta de ninguem.

Estamos sismicamente juntos

Banze
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E' isso minha gente. So que e de lamentar o que vi na TVM, lgo demanha aparecer a Governadora de Mpt dizer que nao temos equipamento para prever ou registar este tipo de situcao. Se nao estamos dentro da materia e' melhor sermos francos em dizer "nao sei, vou me informar" pois1hora depois de ele ter saido vi um debate aberto entre servico de viacao e um tecnico desta areia a responder que temos tanto equipamento quase em topo Pais para este efeito. Acompanhei na radio no programa de Emilio Manheque e gostei de intervicao dos ouvintes, em um deles dizia que esta na hora de anteder o aviso de Deus, para este tipo de situcao, pois com esta escala muito coisa pode acontacer e ja acontecu em certo paises por exemplo abrir-se uma carratera apartir do mar ecomo sabemos a situacao actual que e' pessima, vejamos o que fazer..... de louvar o trabalho dos bombeiros que protalmente, apesar de ser humanos, consiguiram trazer a calma nas pessoas que estavam nas ruas.
para terminar, agradecia que os servicos de previcao destes e outros fenomenos, trouxecem informacao antecipada, masmo nao tatalmente precisa, de horas e dias que se preve isto. Nao esperemos que acontece a mesma coisa que o tsunane fiz, onde o governo olhou para entrada de dinheiro e ingnorou os avisos feitos e deu no que deu......

Caetano Chicane
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Caros amigos,

Tivemos uma madrugada turbulenta hoje, com o cismo que se diz ter chegado a escala 7.5 graus. Ficamos sem informação de quem de direito, ficamos ao Deus dará.

Foi uma situação desoladora pois ficamos sem informação pontual. Gostava de ter certeza se os nossos predios na capital estão preparados para estes abalos senão, peço que as estruturas ficaram afectadas.

Salvo a STV que se prontificou desde as primeiras horas a dar informações uteis sobre o abalo.

Moçambicanos, este foi o primeiro cismo de grande invergadura, esperemos que não venham mais cismos como estes.

Egidio Mastinhe
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caros moz para akeles que tao fora ou mesmo ca dentro a informãção que circula vem mais abaixo, para alem do abalo das 00:30 houve mais um por volta das 3 e qualquer coisa, que foi sentido pelo pessoal que vive na baixa.
de informação de amigos na Beira onde a entensidade segundo a descrição foi mais forte eles sentiram os dois e dizem que o primeiro foi que nem abananço em barco, algumas roturas em tubagem de canalização e falta de energia.

( O sismo que quarta-feira à noite se sentiu na capital de Moçambique atingiu uma magnitude de 7,5 na escala aberta de Richter, anunciou o centro de estudos geológicos norte-americano (USGS). Segundo o USGS, o sismo ocorreu às 22:19 TMG (mesma hora em Lisboa), a cerca de 530 quilómetros a norte de Maputo e a 225 quilómetros a sudoeste da Beira.O hipocentro do sismo foi situado a 10 quilómetros de profundidade sob a superfície terrestre, acrescentou o USGG. De acordo com o porta-voz do USGS, Clarice Ransom, o epicentro do sismo localizou-se a 140 milhas a sudoeste da Beira, na costa moçambicana no Oceano Índico.Inicialmente, o USGS anunciara que o sismo tinha atingido a magnitude de 6,9, mas pouco depois corrigiu esse número para 7,5.O sismo levou centenas de habitantes de Maputo para as ruas da cidade. Segundo constatou a agência Lusa no local, logo após o abalo, residentes nas principais artérias da cidade, onde se situam os edifícios mais elevados, fugiram para a rua, com receio de novas réplicas.Uma hora depois do abalo, nas ruas continuavam centenas de pessoas, comentando um fenómeno que não é vulgar no país. A rede telefónica ficou congestionada, tornando difíceis as comunicações com a polícia e serviços de meteorologia. O sismo não provocou derrocadas de edifícios nem danos visíveis nas principais ruas da cidade de Maputo.Além de Maputo e da Beira, o abalo foi sentido em zonas tão diversas como a cidade de Durban, na África do Sul, e em Harare, capital do Zimbabué. De acordo com o USGS, este sismo, que perece "o mais forte" a atingir até hoje esta região, pode ter causado danos devido à sua força e às suas coordenadas geográficas. Por sua vez, o centro norte-americano de alerta aos tsunamis, excluiu a hipótese do sismo poder provocar um tsunami no Oceano Índico.

Lusa
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